Procedimento foi garantido na Justiça após decisão proferida no dia
11 de julho; até agora, Estado não cumpriu decisão enquanto paciente aguarda em
UPA
De
O Estado
A família de Kevilin Sofia, de um ano e três
meses, exige que o Governo do Maranhão cumpra com decisão judicial, expedida
pela 4ª Vara da Fazenda Pública no dia 11 de julho de 2017, que garante que o
Estado custeie a cirurgia da jovem, que sofre de cardiopatia rara. A jovem
segue internada desde o dia 21 de abril deste ano na Unidade de Pronto
Atendimento (UPA) do Araçagi esperando por um posicionamento do poder público.
Procurada por O Estado, até o fechamento desta edição, o Governo não
emitiu parecer.
Ainda segundo a família da jovem (que reside
em um povoado na cidade maranhense de Viana), Kevilin descobriu que tinha o
problema de saúde após suspeita do pai da mesma. “Eu sempre reparei que a minha
filha tinha os dedos roxos, mas eu e a mãe dela nunca procuramos saber o que
era. Quando a mãe precisou vir para São Luís para uns exames, descobrimos o
problema da nossa filha e bateu o desespero”, disse o pai de Kevilin,
Erilson Carlos Ferreira, que ganha a vida em Viana como lavrador.
Ao saberem da gravidade do caso, funcionários
da própria UPA – cujas identidades foram preservadas a pedido dos mesmos –
entraram em contato com o advogado Maurício Miguel, que tem experiência neste
tipo de causa. Ele, sem cobrar honorários, requereu judicialmente o pagamento
do tratamento da jovem pelo Estado, que somente pode ser feito na rede privada
da capital maranhense ou em outros estados, como São Paulo. “Fiquei
sensibilizado com a situação da família e decidi tomar esta medida. É um
absurdo o que o Governo [do Estado] está fazendo nesta situação, ou seja,
deixando a família sem qualquer assistência”, disse o advogado.
No dia 11 de julho deste ano, em decisão do
juiz Cícero Dias de Sousa Filho, a família finalmente conquistou o direito de
ter o atendimento pelo Governo do Maranhão que, por sua vez, ainda não cumpriu
com o acordo. Segundo o pai da jovem e com base no que tem ouvido diariamente
dos médicos, a cada minuto sem tratamento, diminuem as chances de sobrevivência
da criança. “Eu sinceramente não sei mais o que fazer. Somente Deus pode nos
ajudar, já que as autoridades não fazem nada”, desabafou.
Laudo
No dia 13 de junho deste ano, após 22 dias de
internação na UPA, um laudo médico que está sob posse da família e expedida
pelo corpo médico da unidade hospitalar confirmou o problema cardíaco da jovem.
De acordo com o documento, Kevilin “necessita de transferência urgente para
serviço especializado com cirurgia cardíaca infantil”. O laudo se baseou em
ecodoppler feito na jovem, dias antes, que concluiu que Kevilin tinha “canal
arterial com sinais de fechamento”.
Sopro
Segundo a família da jovem, Kevilin apresenta
o chamado “sopro no coração”, quando uma válvula cardíaca apresenta orifício de
passagem sanguínea reduzido. De acordo com os cardiologistas, o sopro pode ser
congênito ou aparecer devido à idade avançada.
Outro lado
A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informa
que existe uma decisão na justiça federal condenando a União a realizar a
cirurgia de Kevilin Sofia. A SES esclarece que o procedimento para tratar a
cardiopatia congênita não é realizado nem pelo Hospital Universitário da
Universidade Federal do Maranhão (HU-UFMA) nem na rede particular de São Luís.
A Secretaria comunica que, no mês de julho, a justiça estadual condenou o
Estado. Mesmo havendo a primeira decisão proferida apenas contra a União, a SES
informa que adota todas as medidas para garantir a assistência médica à criança
em outro estado. Deste modo, inseriu a paciente na Central Nacional de
Regulação de Alta Complexidade (CNRAC), além de realizar contato direto com
Estados da federação para garantir agilidade na transferência, e, agora,
aguarda resposta de Pernambuco sobre a disponibilidade de leito. Por fim, a
Secretaria acrescenta que, caso haja indisponibilidade, buscará leito em
hospital da rede privada.
0 comentários:
Postar um comentário