Caso o prefeito Léo
Coutinho ficasse doente e o médico lhe receitasse 10 doses de um medicamento
para curar seu mal, certamente ele iria cumprir a risca o receituário do profissional.
Para continuar recebendo mensalmente R$ 1.000.000 (hum milhão de reais) para
atender doentes hepáticos na sua unidade de hemodiálise, o ex-prefeito Humberto
teve que contratar, com salários de R$ 20.000 (vinte mil reais) 6 médicos
nefrologistas, haja vista que o Ministério da Saúde já havia multado a Casa de
Saúde porque lá não tinha o número necessário de especialistas em nefrologia
para atender a contento os pacientes. Certamente não por medo de deixar de receber
mais de 1 milhão de reais por mês, mas sim com receio de não poder mais tratar
da saúde dos doentes renais, HC contratou os médicos conforme determinou o
MS. Essa história de casa de ferreiro, espeto de pau não funciona com Humberto
Coutinho, não é mesmo? Vamos ao que interessa.

Com 750 contratados
em 2012, e precisando de pelo menos mais 150, o déficit do quadro efetivo da
educação é de pelo menos 900 professores. Isso sem contar com aqueles que se
aposentaram entre um ano e outro, podendo a conta chegar a 1.000. Mas se o
prefeito sabe dessa necessidade na área, por que é que ele anuncia concurso
público para apenas 350 mestres? Será que ele não fez essa conta?
Fazendo um governo
impopular e aparentemente sem rumo, o prefeito Léo Coutinho (PSB) faz um
concurso público, como se diz na linguagem popular, “de migué”.
Anunciado com
pompas, o concurso veio para dar ao seu governo ares de inovador. “Uau! O prefeito está fazendo concurso
público, coisa que a gente há muito tempo não via na cidade. Que legal”,
diz o mais incauto dos correligionários.
Com salários
relativamente altos, entre R$ 2.125,00 e R$ 4.332,00 para professores, o
concurso é vendido como “um algo a mais” na região. Lorota!
Com uma carga
horária de 40 horas semanais, o professor que conseguir passar nesse concurso vai
ter que se virar nos 30 para cumprir
essa longa e penosa jornada de trabalho.
Planejamento
escolar? Corrigir provas? Curso de capacitação? Treinamento? Calma! Chega em
casa, prepara o jantar, coloca as crianças para dormir e se lança numa noite e
madrugada ‘daquelas’ para conseguir cumprir suas tarefas do trabalho. Mas e se
o professor for lotado na zona rural? Aí, caro internauta, a vida dele vai se
transformar num verdadeiro calvário.
A Lei 11.738/2008
prevê a redução da carga horária dos professores, onde 1/3 do período deve ser
destinado para planejamento. Em Caxias, essa Lei não é cumprida e um professor
de 40 horas/aulas trabalha no mínimo 30 horas, quando o normal seria entre 24 e
26.
O governo do Estado
do Maranhão, que o grupo Coutinho tanto condena e combate, já está cumprindo a
Lei 11.738/2008.
Ainda analisando o
edital do concurso público, os dirigentes do Sintrap preparam uma reunião para tomar
uma posição diante do assunto. “Já acionamos o MP várias vezes cobrando medidas
para que o município realizasse o concurso público”, diz Silvana Moura que
também achou pouco o número de vagas oferecidas diante da necessidade da
categoria.
Defensor de concurso
público, onde ele mesmo já passou em 11 deles, Léo Coutinho faz uma jogada de
mestre com a medida. A ideia, difundida entre os partidários, é mostrar um
prefeito dinâmico e compromissado com a legalidade, pois a contratação de
professores, quase na sua totalidade obedecendo ao critério de indicação
política, é muito mal vista na cidade.
Teremos pela frente
pelo menos 3 meses de mídia da Prefeitura exaltando a ação do prefeito pela
realização do dito concurso público. Será o suficiente para reverter sua
impopularidade?
E não esquecendo das
100 vagas para secretários escolares, onde os ‘felizardos’ irão receber um
salário mínimo e terão que trabalhar 2 turnos. Sendo na cidade ou na zona
rural, os vencimentos serão os mesmos.
Armadilha? –
Aprovados na prova teórica, os professores terão que se submeter a uma prova
prática, onde serão avaliados por uma banca examinadora. É uma brecha para que
exista manipulação no resultado, pois caso um candidato que tenha um padrinho
político forte, poderá ser beneficiado com uma avaliação maior que aquele que
não recorrer a nenhum pistolão.
Será que o grupo
Coutinho é capaz de uma coisa desse tipo?