Por Edson Vidigal, advogado, professor e
ex-ministro do STJ
No principio,
depois que Deus criou o céu e a terra, os mares e os rios, as florestas e os
desertos, as trevas e a luz, os bichos e o homem e sua mulher, um pouco depois
do principio das coisas e havendo mais gente, mais gente e mais gente, enfim, a
população, criou-se essa coisa chamada Estado para cuidar da população e para
cuidar do Estado inventou-se essa coisa chamada Governo.
Problema é que o
Estado tem encarecido muito o seu custo e o Governo, cada vez mais confuso, não
consegue domar a sua engrenagem, cada vez mais ineficiente, restando sempre
para a população a maior soma das deficiências e dos prejuízos.
Acima da
população, é visível, estão as castas predominantes do poder econômico e do
poder politico.
A população,
embora aparentemente organizada em sociedade, mantida na ignorância pela
manipulação das informações, nem percebe que a maioria que decide, dentre os
eleitos em seu nome, simplesmente a ignora nos seus afazeres e se omite nos
seus deveres.
Para acalanto
geral há uma Constituição da Republica esbanjando os direitos, ilusões e
promessas.
O primeiro direito
é o direito à vida, que está vinculado ao direito à saúde e como estamos numa
democracia, queremos crer, vem em paralelo o direito à liberdade, o qual se
vincula ao direito à segurança para garantia da liberdade de ir e vir sem que
ninguém seja molestado na sua integridade física ou no seu patrimônio.
Na mesma escala de
prioridades, vem a educação, base da civilidade e do desenvolvimento econômico
e social.
Governam o Estado três
Poderes, independentes e harmônicos entre si. O Legislativo para fazer as leis
e a fiscalizar o seu cumprimento, incluindo a execução da lei orçamentária. O
Judiciário para realizar a Justiça, dando a cada um, na medida justa, o que é
seu. O Executivo para viabilizar e garantir à população as condições para o
exercício intangível de todos os seus direitos.
Só que isso tudo,
afora as montanhas de impostos que se paga, custa muito dinheiro, muito mesmo.
Quanto custa
eleger um Presidente da República e como isso acontece? Quanto custa a um
Presidente nomear para, em tese, ajuda-lo a administrar, um Ministro de Estado?
A Constituição diz que é de livre escolha do Presidente, mas na prática não a
é.
Nessa escala dos
entes federados, quanto custa eleger entre aspas um Governador e um Prefeito?
A população
desinformada pela manipulação das informações não sabe que os
Senadores, os Deputados e os Vereadores declarados eleitos são, na maioria,
representantes de outros interesses, de outras plataformas, de outros projetos,
envolvidos com outras transações, missionários de outras transformações, a
serviço das castas do poder econômico e das oligarquias do poder politico.
Esta minha
indignação aqui, mais uma vez, quer chamar a atenção do Brasil para as
insuportáveis condições de vida no Maranhão, onde a Republica para a população
continua sendo uma miríade e o Estado de Direito Democrático uma ofensa e uma
ameaça para os opressores de longas décadas.
A hora da grande
virada está próxima. (“Arruma a mala, arruma a mala, arruma a mala... ). E
desta vez pra valer.
Ai de quem ao
menos pense em tirar por vias costumeiras, leia-se tramoias judiciais, o
mandato de Governador do Maranhão que as urnas, se mantidas livres, traduzindo
a maioria absoluta dos votos, outorgarão ao doutor Flávio Dino.