Equipamento já foi
patenteado nos EUA e encontra-se em análise no INPI no Brasil
A
primeira cama terapêutica de imersão a seco é uma invenção pensada, planejada e
construída pelo médico piauiense José Fortes Napoleão do Rego Filho, o Dr Ziga
Napoleão. O equipamento já foi patenteado nos Estados Unidos e encontra-se em
processo de análise para patente brasileira no Instituto Nacional de
Propriedade Industrial – INPI.
“Ao
que tudo indica esta deve ser a primeira patente originalmente piauiense a ser
registrada pelo United States Patent, dos Estados Unidos da América”, ressaltou
José Napoleão.
O que é a invenção?
Trata-se
de uma cama a ser utilizada em Unidades de Terapia Intensiva hospitalar para o
tratamento de pacientes com alto grau de inchaço, o chamado edema generalizado,
na maioria das vezes provocado por infecção grave, chamada de SEPSE. Nestes
casos um paciente pode reter 10, 15, 20 ou mais litros de líquido. Isso
compromete o funcionamento de vários órgãos e dependendo do caso a pessoa não
só pode perder a capacidade de eliminação do líquido como até vir a óbito.
A
hidroterapia é utilizada no tratamento de doenças desde 2.440 aC. Na Grécia
antiga, Homero mencionou o uso da água para tratamento da fadiga, como cura de
doenças e combate da melancolia. Na Inglaterra as águas de Bath foram usadas
800 aC com propostas curativas.
Na
Rússia, foi aperfeiçoada na medicina aeroespacial. Mas o que tem de novo no
projeto do médico piauiense?
A
cama terapêutica idealizada pelo Dr José Napoleão Filho, é o primeiro
equipamento médico hospitalar a reunir uma série de utilidades a partir da
hidroterapia.
O
equipamento consiste numa cama de UTI especialmente desenvolvida para ser
utilizada dentro de uma estrutura (uma espécie de aquário) que permite ser o
paciente submerso em água. Mesmo assim a terapia é chamada a seco, pois o
paciente fica “envelopado” dos pés até o tórax, num lençol de plástico
transparente e confortável.
“Mas
a água consegue manter contato com o paciente através do plástico (imersão sem
molhar o corpo) e exercer a pressão hidrostática necessária ao tratamento. E
como a cama possui mecanismos de elevação para cima e para os lados, o médico
terá total controle na terapia”, explica o criador José Napoleão.
Porque Dr José
Napoleão desenvolveu o projeto?
Tudo
começou em 2012 quando o médico precisou tratar um paciente já desenganado pela
medicina em função de edema generalizado. Era um paciente que se recuperava de
cirurgia para correção de um aneurisma na aorta abdominal.
“Foi
aí que passei a pesquisar sobre a hidroterapia no tratamento de pacientes com
alto grau de encharcamento, grande retenção de líquido”, disse.
Esse
paciente foi submetido a essa terapia com uma estrutura tipo artesanal, mas com
resultados satisfatórios.
“Ele
mal conseguia expelir 350 ml de urina ao dia e no primeiro dia da hidroterapia
urinou seis litros. Foi um tratamento tão exitoso que o paciente conseguiu se
recuperar totalmente em poucos dias. Além de tudo com a cama terapêutica de
imersão a seco que criamos podemos oferecer um tratamento muito mais eficiente
e humanizado”, declarou Dr Napoleão.
Patente nos EUA
Em
março último a invenção do médico piauiense recebeu patente nos Estados Unidos.
Aqui no Brasil o processo é lento e encontra-se sob análise no Instituto
Nacional de Propriedade Industrial.
“Estamos
aguardando pelo registro da patente pelo INPI, embora já seja possível sua
industrialização nos Estados Unidos,” explica.
Mês
passado, um intermediador de negócios entre inovadores e indústria, após
contatos com grandes fabricantes internacionais camas de UTI, como a Stryker,
Hill Room e outros, fez uma avaliação da invenção em torno de 10 milhões de
dólares, como ela se encontra hoje.
“Ainda
estamos analisando a proposta, mas nosso interesse é em industrializar aqui
mesmo no Brasil, de preferência no Piauí”, disse Dr Napoleão.
Nos
dez anos de estudos e experimentos o médico já investiu no projeto mais de 1
milhão e 800 mil reais. Está cama tem a potencialidade de possibilitar, quando
associada aos tratamentos atuais para a SEPSE, uma redução na mortalidade em
torno de 100.000 mortes/ano por esse tipo de infecção.
(Por: Douglas Ferreira/Portal Move Notícia)