Por Chico Leitoa
Mesmo
doente, mesmo distante, mesmo sem dar notícia, mesmo calado, mesmo apático,
mesmo remoendo a angústia dos últimos acontecimentos que anteciparam sua
partida, ele dava o tom e simbolizava a existência do nosso Partido. De
repente, a âncora cedeu e ficamos à deriva, sem rumo, tontos e momentaneamente
sem saber o que fazer. Tínhamos que tentar recompor a âncora, pois não seria
possível substituí-la. A recuperação da âncora seria possível com outros
materiais, e eles não podiam ter fadiga e muito menos falsa resistência. Eles teriam
que ter alto ponto de fusão e capacidade de elasticidade e não podiam ter a
característica do cameleão.
Manter
o legado passou a ser um exercício permanente de doação e desprendimento.
Depois da fase das homenagens, tudo começaria com a reorganização do Partido
que ele ajudou a criar. Partido que o levou três vezes a ser eleito Prefeito da
Capital. A velha São Luis, que lhe abraçou ao longo da vida e na última eleição
se deixou envolver pelas ações nefastas impostas ao velho Jackson, que dela se
orgulhava e lhe preparava uma grandiosa surpresa, pois havia assegurado mais de
trezentos milhões para, nos dois últimos anos investir em viadutos, grandes
avenidas, grandes intervenções no trânsito e no transporte, na modernização das
escolas e das unidades de saúde, enquanto tocava o maior projeto social da
América latina, o PAC rio anil, onde foi obrigado a assumir meio a meio do
custo, por imposição do governo federal. Era o grande sonho de Jackson concluir
o que estava programado até o final do seu primeiro mandato e continuar onde
sempre esteve, nos braços da população. Tomaram-lhe o mandato e roubaram seus
sonhos...
Cabe a
cada um de nós, resgatar essa história. Não é justo prevalecer mentiras
plantadas, e insistentemente repetidas, terem poder de macular a imagem de quem
se doou para promover justiça.
Cabe
aos verdadeiros amigos manter viva sua verdadeira história.
Na
última vez que conversamos por telefone, foi para informa-lhe que com o meu
empenho aprovamos suas contas de 2007 e 2008 no plenário da Assembleia. Jackson
estava sem entusiasmo. Percebi no tom de suas abordagens, que ali se
manifestava um homem que ainda sofria os efeitos das ações desencadeadas, com o
uso do aparelho judicial, para cassar-lhe o mandato. E o que é pior, tentar
destruir sua honra, trucidá-lo perante a opinião pública mundo a fora. Era a
maneira de justificar o crime anunciado. E cometido. Não bastava apenas cassar,
tinha que desmoralizar, pisotear, esmagar e finalmente destruir e de
preferência cremar...E tentar deixar na mente das pessoas, a imagem fruto do
doutrinamento meticulosamente operacionalizado por quem, por ser blindado na
terra, não têm medo dos castigos que podem vir depois.
Não
vamos usar as armas que abateram Jackson, pois não as temos e se tivéssemos,
não iríamos saber usar, vamos usar aquelas que nos permitem fazer prevalecer as
verdades, e sobre tudo nos manter na luta que ele travou, no limite de sua
capacidade de militante social e além de sua capacidade física. Sempre fiel aos
seus princípios, simbolizados no PDT, e Deus, ao chamá-lo, o fez, como se
estivesse eternizando sua passagem aqui na terra, em data, ( observado por alguém
) que traz uma curiosidade: 04.04.2011, 0+4+0+4+2+0+1+1=12. Para quem nasceu em
01.11...
O
recado ficou para que o Partido, através dos verdadeiros militantes se
encarreguem de levar em frente a luta travada por ele com determinação e
coragem, e cada um , ao seu modo e consciência, faça sua parte. Que a bandeira
de luta de cada um, seja a do Partido, enquanto vida tivermos, somando-se a
outros partidos, que por outros caminhos buscam os mesmos ideais. Assim,
preservaremos seu grande legado. Assim, permaneceremos em busca de um Maranhão
livre, como ele insistentemente pregava.
04 de
abril de 2019, oito anos sem sua presença física , e depois de mais de três
décadas, as duas últimas eleições para a sucessão estadual não tiveram sua
participação, mas uma simbologia.
A
partir de seu legado, a oposição venceu novamente nas urnas, reparando um pouco
da injusta cassação, tirando no voto quem o tirou no tapetão!
Chico Leitoa é engenheiro e militante
do PDT a 35 anos
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