Parece que o Brasil inteiro já sabe da
existência de um poeta nascido há 65 anos em Caxias do Maranhão.
Salgado Maranhão, Juliana Linhares, Mihay e Hélio Moulin — Foto: Elena Moccagatta/Divulgação |
Parece
que o Brasil inteiro já sabe da existência de um poeta nascido há 65 anos em
Caxias do Maranhão, carioca há quase meio século, herdeiro dos cantadores que
conheceu menino em Canabrava das Moças, apaixonado por música, por gente e pela
vida, com quatro livros já traduzidos para o inglês e editados nos Estados
Unidos. Seu nome, José Salgado dos Santos. Pen-name, Salgado Maranhão.
A
matéria publicada pelo “Globo” no Dia de São Jorge foi, ao mesmo tempo,
surpreendente e reveladora. Mas não para quem já teve o prazer de ouvir o poeta
falar da visibilidade que seus livros lhe deram, apesar dos ventos contrários.
Salgado nasceu pobre e negro, tornou-se mais um nordestino a aventurar-se ao
Sul, dedica-se a um ramo da literatura meio desacreditado (“Poesia não vende”,
dizem os livreiros) e tem motivos para se achar uma exceção: vive de seus
versos.
“O
trabalho na terra – diz ele em entrevista em que lembra seus dias de menino, –
sabemos todos como é: a gente planta, planta, e depois depende de Deus mandar
chuva. A poesia é também uma lavoura razoavelmente ingrata... mas não sem
prazer.”
Sua
carreira inclui prêmios, título de doutor honoris causa, palestras em mais de
80 universidades americanas, sucesso. Sempre traduzido, nos livros e nas falas,
por Alexis Levitin, escritor americano especializado em autores de língua
portuguesa, Salgado Maranhão acaba de voltar do Texas, onde já esteve em sete
ocasiões, uma delas participando de um festival de poesia.
Com
tanta coisa boa para se falar do poeta quase não sobra espaço para o versejador
que me encanta: o letrista de canções que embelezaram a lírica brasileira em
vozes tão caras como as de Zizi Possi e Paulinho da Viola.
Certo
dia, Salgado recebeu telefonema do compositor Herman Torres chamando-o para ir
correndo à sua casa. Queria letra para a melodia que fizera para reconquistar a
mulher que o abandonara. Em menos de meia hora, os primeiros versos:
"Sem
você a vida pode parecer um porto além de mim
Coração
sangrando, caminhos de sol no fim..."
Os
objetivos foram alcançados: mulher reconquistada e “Caminho de Sol”, na voz de
Zizi, virando tema de novela.
Para um
samba Paulinho da Viola, outra preciosidade:
"Por
onde a maldade mora, eu quero ser como a luz
Entra na
noite e não mancha, entra no lago e não molha...
Com um
fecho tão bom o melhor:
Acho que
na minha vida, de tanto me amarem errado
Quando
me amam bonito, eu já nem sei ser amado."
Já era
tempo de se reconhecer em Salgado Maranhão não só o poeta, mas também letrista.
Bissexto, mas ótimo.
Fonte: blog do João Máximo
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