Por Edson Vidigal, advogado, foi presidente do
Superior Tribunal de Justiça e do Conselho da Justiça e Ministro Corregedor do
Tribunal Superior Eleitoral.
Quem passando ali defronte ao Palácio do Planalto,
onde os grandões da República cuidam dos seus afazeres tem a atenção voltada
para aqueles rapazes perfilados em duas fileiras na imensa rampa a lembrarem
pelo fardamento à moda antiga que seguimos sendo perante Portugal um Brasil
independente.
Chova ou faça sol eles se alternam compondo a mesma
paisagem. Quem estando em Brasília pela primeira vez resiste à ideia de um
selfie com eles, os Dragões da Independência, ao fundo?
Quando os ventos escasseiam e a secura se impõe ao
clima do planalto há, em cada rodizio entre os Dragões, um deles desmaiando.
Fazem um trabalho difícil, quase de estátua. E como é difícil ser estatua...
Embora vistos de longe até pareçam estátuas, mas
são gente em carne e osso e neurônios. Noventa bilhões de neurônios se entendem
ou não uns com os outros em cada cérebro daqueles.
Li que as conexões entre os neurônios, chamadas de
sinapses – e elas somariam mais de cem trilhões – podem determinar ao
nosso cérebro reações de êxtase ou de inibição.
O ponto de equilíbrio é controle emocional, também
chamado de freio por ser o que nos impede de num impulso transpor fronteiras
como as da razão, da ética, da moral, da tolerância.
Não nos tem passado despercebidas no cenário
nacional desta atual Pátria Educadora situações no mínimo inusitadas a nos
levarem a uma busca obrigatória para entendermos o que realmente está
acontecendo, até mesmo para nos imantarmos de alguma certeza de que não somos
nós os menos certos.
No campo da psicologia há quem afirme que o maior
ou menor numero de sinapses nos cérebros das pessoas tem a ver com o exercício
profissional de determinados afazeres.
A pesquisa de James E. Black, porem, não assegura
se o trabalho extra, aquele que se faz fora do campo estritamente profissional,
desencadeia novas sinapses ou se os que as tem em maior quantidade são os que
se sentem mais atraídos a ações mais desafiadoras.
O soldado do Batalhão da Guarda Presidencial,
também conhecido como Dragões da Independência, disse que nunca havia pensado
nisso antes, mas que pela primeira vez sentiu uma vontade irresistível de
roubar alguém. Daí planejou o assalto.
Pegou um revolver de brinquedo e sem pensar mais em
nada, movido apenas pelo piloto automático do cérebro, escolheu a vitima.
Anunciou o assalto e o assaltado se anunciou como Delegado da Policia Federal e
lhe deu voz prisão, entregando-o à Delegacia mais próxima.
O soldado tem 21 anos de idade. Está preso agora no
batalhão da Guarda Presidencial e após o inquérito administrativo que concluirá
por sua expulsão, o que será de sua vida?
Com a breve biografia manchada por um antecedente
desse jaez precisará, com certeza, de tratamento psiquiátrico adequado que o
restituirá à sociedade devidamente ressocializado.
O erro do jovem Dragão foi, talvez, acreditar que
de tanto ler e ouvir falar em traficâncias dos grandes ele também, embora sendo
um menor na hierarquia do poder, também poderia inventar sua própria
contribuição ao atual momento.
A propósito, sabes como reagiu o ultimo diretor da
Petrobrás a ser preso?
- Que País é este?
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