Do blog do Roberto Kenard
Como prometido, após publicar a “defesa” de Edivaldo Holanda
Júnior (PTC) feita por Flávio Dino (PCdoB), no post logo abaixo, vou analisar o
que realmente há por trás dessa “defesa”.
Flávio Dino começa a “defesa” com o seguinte:
“Apoiei a candidatura de Edivaldo Holanda
Junior a prefeito de São Luís desde o primeiro momento. Conquistamos uma bela
vitória em 2012.”
Como a administração de Edivaldo Holanda Júnior é um fiasco
pior que a encomenda, aos incautos poderá parecer que Dino é um destemido, um
herói da política, que não teme dizer que o poste Edivaldo Júnior recebeu seu
apoio.
Nada disso. Primeiro, não há como Flávio Dino diga que não
apoiou o desastre Edivaldo Holanda Júnior. Júnior é um Frankenstein criado pelo
aprendiz de feiticeiro Flávio Dino. Negá-lo agora seria pior do que tê-lo
criado.
Mas não é só. Flávio Dino precisa manter a hegemonia na
Prefeitura de São Luís, com o que conta para obter vantagens financeiras de
campanha. Chutar Edivaldo Holanda Júnior antes da eleição de 2014 seria
suicídio.
No segundo parágrafo Flávio Dino diz:
“Em um cenário inicial de dificuldades, há quem
cogite que estou arrependido. Ao contrário. Edivaldo tem sido leal, correto,
dedicado aos interesses da nossa capital. Ele não roubou dinheiro público, não
abriu contas bancárias em paraísos fiscais, não curvou a espinha à prepotência
dos poderosos, não se seduziu pelo “canto da sereia” das facilidades do poder.”
Reparem bem. Dino e Edivaldo, em campanha, diziam que
administrar São Luís seria moleza, tratava-se apenas de compromisso com a
população. Tanto que Edivaldo Júnior tratou de mentir que em três meses São
Luís seria outra. Não sou eu a dizer, não é a “oligarquia” a dizer. Os vídeos de campanha eu os tenho todos.
Quero crer que os leitores também lembram.
Mas há um detalhe, pelo menos para quem trabalha com a
palavra como eu, que não pode passar em branco. Ao enumerar os motivos por que
não está arrependido de ter sido o fiador da candidatura de Júnior, Flávio Dino
começa pelo seguinte:
- Edivaldo tem sido leal, correto…
Ou seja, Dino não elogia primeiro as qualidades
administrativas de seu dileto poste. Nada disso. Flávio Dino defende Júnior por
ser “leal, correto” com ele, Flávio Dino. Ou vão agora querer dizer que um
prefeito é “leal, correto” com a população?
Para só depois dizer que Júnior é “dedicado aos
interesses da nossa capital”.
Isso quer dizer o seguinte: Dino não está nem aí se a administração
é um desastre, preocupa-o é o risco de não contar com o apoio luxuoso da
máquina da Prefeitura de São Luís na disputa de 2014.
Então, no parágrafo seguinte vem o que alguns poderiam
chamar de piada, mas que na verdade é escárnio com a população de São Luís:
“Edivaldo trabalha muito e tem procurado
acertar. Por isso mesmo, é vítima de uma campanha impiedosa. A mídia da
oligarquia não dá descanso. Todos os dias fazem agressões pessoais e cobram que
ele resolva, em menos de 1 ano, problemas acumulados em décadas.”
Quem será o energúmeno a acreditar que Edivaldo Holanda
Júnior é perseguido por trabalhar demais? Desde quando “a mídia” (gente do PT e do PCdoB adora usar de forma ignorante
essa palavra) “da oligarquia” faz “agressões pessoais”?
Flávio Dino, como bom oposicionista maranhense, esquece que
o que ele chama de mídia da oligarquia teve papel decisivo na vitória de
Edivaldo Holanda Júnior. Se o poderoso jornal O Estado do Maranhão e a poderosa
TV Mirante tivessem mostrado quem é Edivaldo Holanda Júnior, bom, ele não teria
chegado ao segundo turno da eleição.
Acontece que “a mídia
da oligarquia” fez um pacto com Edivaldo Holanda, o pai, que, como está nos
arquivos do blog, esteve reunido com Fernando Sarney, quando tudo foi acertado.
E a resposta do acordo há muito está funcionando, quero dizer, a Prefeitura de
São Luís tem contrato gordo de divulgação com a TV Mirante.
Mais importante: Flávio Dino mentiu no horário eleitoral
quando disse que o grupo Sarney apoiava o então prefeito João Castelo (PSDB),
quando na verdade vários deputados do grupo Sarney declararam apoio a Edivaldo
Holanda Júnior, entre eles Roberto Costa e Pedro Fernandes, para só ficar em
dois exemplos. O energúmeno chamado João Alberto, que é senador, também apoiava
Edivaldo Holanda Júnior, tanto que depois da eleição emplacou uma senhora na
administração de São Luís.
Mais na frente, Flávio Dino diz o seguinte:
“O governo do Estado em nada ajuda São Luís.
Vejamos, por exemplo, a situação da saúde. Se o sistema funcionasse de modo
decente no interior do Estado, os Socorrões não estariam super-lotados (sic)e
teriam um funcionamento adequado. Como não há hospitais regionais com a
qualidade necessária, os dramas das famílias maranhenses chegam até São Luís ou
Teresina.”
A primeira frase é indigna. Assim que eleito, Edivaldo
Holanda Júnior recebeu do Governo do Estado proposta para parcerias, inclusive
na área de saúde. O que se passou até aqui? Justamente, é o PCdoB de Flávio
Dino que faz o possível e o impossível para que a parceria não medre.
Mas Dino comete um grande equívoco quando diz que os “socorrões” não funcionam de forma
adequada por causa do péssimo funcionamento da saúde nos interiores do
Maranhão. Pela primeira vez (e eu estou a me criticar, já que nos arquivos do
blog o leitor poderá encontra minhas críticas ácidas ao projeto de criação dos
hospitais, quando fui finalmente alertado pelo jornalista Walter Rodrigues
(1950-2010) da qualidade e importância do projeto) o Maranhão tem um projeto na
área de saúde.
Vou ficar só num exemplo: como Flávio Dino e alguns
oposicionistas vão se dirigir a quem está a se beneficiar do hospital de
Barreirinhas? As pessoas das cidades de Icatu, Morros, Santo Amaro, Humberto de
Campos, Urbano Santos e da própria Barreirinhas, beneficiárias do hospital, vão
cair na conversa de que os hospitais não existem ou que não prestam? Se o
discurso da oposição, na área de saúde, for esse, bem, será um fiasco.
Poderia seguir a analisar frase por frase, parágrafo por
parágrafo. Mas seria cansativo e inócuo, o núcleo do discurso de Dino já foi
devidamente desmascarado. Mas posso me deter nisto:
“Estou junto com Edivaldo para ele seguir
trabalhando com seriedade e independência, apesar das pressões e da
discriminação da oligarquia contra São Luis.”
“Discriminação da oligarquia contra São Luís”?
Meu Deus! Imaginar que a população de
Imperatriz (segunda maior cidade do Maranhão e minha segunda
paixão) era contra Roseana Sarney por acreditar que o Governo do Estado só
tinha mimos para São Luís! Flávio Dino, na contramão dos fatos, diz justo o
contrário!!
Agora, meus caros, o que me deixa indignado é a farsa.
Vejamos. Cafeteira, único oposicionista a ter voto sem comprá-los, dizia o
diabo de Sarney, era a forma de manter-se na política de maneira vitoriosa. Foi
governador pelas mãos de Sarney. Então, esqueceu que havia “uma oligarquia” no Maranhão. Ao fim do mandato, rompeu com Sarney
e o discurso da oligarquia voltou. Em 2006, foi eleito senador pelas mãos de
Roseana Sarney, desde então esqueceu a palavra oligarquia.
Jackson Lago (PDT) falava em oligarquia até quando dormia.
Em 2000, fez aliança com Roseana Sarney, num projeto que passava por sua
reeleição a prefeito de São Luís e pelo apoio na disputa pelo Governo do
Maranhão em 2002. Surgiu o caso Lunus, a candidatura de Roseana à Presidência
da República caiu no poço, Jackson Lago, que era míope em política, achou que o
grupo de Roseana estava morto no Estado, rompeu o acordo e voltou a falar em
oligarquia.
Flávio Dino é legítimo herdeiro de ambos. Em 2004 pensou em
deixar a toga para ser candidato a prefeito de São Luís pelo PT com o apoio de
Roseana Sarney. Chegou a se encontrar com ela em Brasília. Na minha coluna no
jornal Diário da Manhã falei do acordo que se formava. Gerou-se uma confusão
tremenda, a maioria dos petistas, inclusive os que hoje se abraçam com Roseana
numa boquinha no Governo do Estado, ficou indignada. A candidatura caiu no
poço.
Em 2008, já deputado federal graças à máquina do Governo do
Estado (o governador era o afilhado rompido com Sarney, José Reinaldo Tavares),
Flávio Dino lançou-se candidato a prefeito de São Luís. Queria o apoio de… Sim,
Roseana Sarney. Um encontro foi marcado, mas o deputado Raimundo Cutrim, então
no DEM, sentiu-se com isso abandonado por seu grupo e, no horário eleitoral na
TV, pôs a boca no trombone, contou do encontro de Flávio com Roseana. O
encontro teve de ser abortado. (Entre parênteses, registre-se: Raimundo Cutrim
rompeu com seu grupo de origem e se filiou ao PCdoB, prova da profunda
ideologia de ambos, PCdoB e Cutrim).
Como em 2014 haverá eleição para governador, Flávio Dino
berra contra a oligarquia que quis abraçar em 2004 e 2008.
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