O Plenário da Assembleia
Legislativa aprovou, na tarde desta segunda-feira (9), o Requerimento nº
471/2013, de autoria do deputado Roberto Costa (PMDB), que requer que seja
constituída uma comissão especial, composta por sete deputados, para apurar
denúncia formulada contra o Grupo Infinity Bio-Energy, acusado de suposta
prática de trabalho escravo no Brasil.
De acordo com o Requerimento
aprovado, caberá à Mesa Diretora da Assembleia Legislativa nomear os sete
integrantes da comissão, que irá verificar junto aos seguintes órgãos:
Delegacia do Trabalho, Ministério Público do Trabalho e Ministério da Justiça,
a existência de registros de trabalho escravo de maranhenses, praticados pelo
Grupo Infinity Bio-Energy, empresa do ramo de álcool combustível.
O deputado Roberto Costa explicou
que, com este Requerimento, a Assembleia deverá formalizar uma comissão
especial para apurar o número total de trabalhadores maranhenses escravizados
pelo Grupo Infinity Bio-Energy, que através de uma de suas empresas doou dinheiro
para a campanha eleitoral de Flávio Dino (PCdoB) em 2010.
Roberto Costa frisou que deverá
ser apurada a denúncia de que, em apenas quatro anos, o grupo empresarial
Infinity Bio-Energy escravizou 2.299 trabalhadores. Destes, cerca de 300 eram
maranhenses. Roberto Costa requereu a instalação de uma comissão especial na
Casa para apurar as denúncias referentes ao grupo empresarial e levantar o
total de maranhenses que já foram vítimas.
“Esta comissão especial, que tão logo deverá
ser instalada irá à Comissão Pastoral da Terra [CPT], ao ministro da Justiça e
à Delegacia do Trabalho para verificar quantos são e em que circunstâncias
estão os nossos irmãos maranhenses. Nós também vamos acionar a Comissão dos
Direitos Humanos aqui da Assembleia, presidida pela deputada Eliziane Gama,
para participar deste trabalho”,
afirmou.
Roberto Costa declarou ainda que,
além de explorar mão de obra escrava, o Grupo Infinity Bio-Energy pode ter
influência no Poder Judiciário, o que também precisa ser apurado, por isso a
intenção de buscar apoio no Ministério da Justiça.
“O mais grave de tudo é que esse grupo
empresarial parece ter tentáculos na Justiça, e segundo a CPT e a Procuradoria
do Trabalho, consegue decisões judiciais para suspender operações da Polícia
Federal”, frisou. Roberto Costa também
questionou o fato de Flávio Dino, que integrou a Comissão Nacional de
Erradicação do Trabalho Escravo, ter aceitado R$ 500 mil da empresa que
pertence ao Infinity.
REAÇÃO DA OPOSIÇÃO
Os deputados oposicionistas
Marcelo Tavares (PSB), Rubens Pereira Júnior (PCdoB), Othelino Neto (PCdoB) e
Bira do Pindaré (PSB) reagiram à proposta levada ao Plenário por Roberto Costa,
de formação de uma comissão especial.
O líder da Oposição, Rubens Júnior,
afirmou que se trata de uma denúncia sem fundamento: “É importante deixar registrado
que a empresa que doou para a campanha de Flávio Dino não tem envolvimento com
trabalho escravo; ela tem o CNPJ que a identifica e esta empresa que doou, a
doação é pública, todo mundo acompanha, a gente não está falando que doação é
ilegal, vou repetir não tem denúncia de trabalho escravo”, enfatizou
Rubens Júnior.
Ele explicou que esta mesma
empresa que fez doação para a campanha eleitoral de Flávio Dino, nas eleições
de 2010, também fez doação para a campanha da então candidata Dilma Roussef à
Presidência da República.
“Flávio Dino, como todo mundo sabe, no seu mandato
de deputado federal sempre combateu o trabalho escravo, como jurista tem livro
publicado e como julgador foi o primeiro juiz federal a reconhecer uma área
remanescente de quilombo, aqui no Maranhão, a comunidade Frechal, lá em
Mirinzal. Portanto, esse tipo de acusação, certamente, não alcança o
ex-deputado Flávio Dino”, ressaltou
Rubens Júnior.
O deputado Marcelo Tavares sugeriu
que o Requerimento do deputado Roberto Costa fosse ampliado, com a previsão de
visitas às obras das empresas que fizeram doações para a campanha da
governadora Roseana Sarney e não fizeram as obras contratadas com o governo do
Estado.
“Na campanha de Flavio Dino não houve nenhuma
doação de empregadores de trabalho escravo. Agora, na campanha de Roseana tem
dinheiro público na medida que as doações foram feitas e as empresas meramente
repassaram para campanha da governadora, em uma clara simulação de doação. E as
obras foram abandonadas”, declarou
Marcelo Tavares.
“O Governo do Estado contratou empresas,
passou o dinheiro para essas empresas e essas empresas, poucos dias depois
doaram ao PMDB, ao partido do deputado Roberto. A JNS Canaã é uma dessas
empresas que receberam o dinheiro da Secretaria de Saúde e de acordo com o
relatório da própria Corregedoria do Estado, com licitações fraudadas recebeu
esse dinheiro, passou o dinheiro para o partido do deputado Roberto. E assim
várias outras empresas”, afirmou
Marcelo Tavares.
O deputado Othelino Neto declarou
que a denúncia formulada contra Flávio Dino foi inventada pelo governo, em
razão de ele estar com seu nome à frente nas pesquisas para a sucessão da
governadora Roseana Sarney.
“Nós da Oposição, em particular o presidente
da Embratur, Flávio Dino, não temos nada a temer em relação a esta
investigação, diferentemente do Governo, que dificilmente terá coragem de
aceitar e criar comissão para apurar essa relação estranha entre doadores e
agora prestadores de serviço ao próprio governo. Para nós é até bom que apure,
porque só vai constatar e comprovar o óbvio: que o Flávio Dino não tem nada a
ver com isso”, afirmou Othelino Neto.
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