No
caso aqui não há o risco de liminar. Catherine Deneuve mora na França, agora
sob novos oxigênios de liberdades e esperanças reinventadas.
Na
contramão do que vem rolando nos Estados Unidos contra pessoas do mundo das
artes cênicas, acusadas de assédio sexual, celebridades francesas, dentre elas
Deneuve, divulgaram um manifesto em defesa dos direitos à paquera reciproca.
O
tema, aliás, já havia sido abordado num filme de 1994 em que Demi Moore, na
época emparelhando com Vera Fischer, instigavam em Zeca Baleiro inspirações
apaixonadas.
Na
trama, Tom, personagem de Michael Douglas, é preterido por Meredith, personagem
de Moore, que frustrada em suas investidas passa a persegui-lo, ameaçando
destruí-lo no emprego.
As
francesas, em mais de uma centena, incluindo escritoras, atrizes e acadêmicas,
sustentam que nós, os homens, temos de ser “livres para abordar” mulheres.
O
movimento que tem ocupado os noticiários sobre os assédios, principalmente em
Hollywood, a meca do cinema, são definidos pelas francesas como “caça às
bruxas”, uma ameaça à liberdade sexual.
“Seduzir
alguém, ainda que de forma insistente – afirmam – não é crime. Crime é o
estupro”. Elas vêm à frente um novo inimigo – os extremistas religiosos e
reacionários, “inimigos da liberdade sexual.
Deneuve,
hoje com 74 anos, celebrizada por sua personagem em “A Bela da Tarde”, (“La
Belle d´Jour”), de Luis Buñuel (1967), se opõe aos métodos das militantes do
movimento “#MeToo” (eu também) de oposição à onda de assédios. “É excessivo”.
- “Nós
defendemos a liberdade de importunar, indispensável à liberdade sexual”, é o
título do manifesto no qual lamenta-se a onda de repreensões públicas que
vieram à tona após os escândalos envolvendo produtores, atores e diretores nos
Estados Unidos.
O
manifesto foi divulgado menos de 72 horas depois da festa de premiação do Globo
de Ouro onde atrizes famosas e outras celebridades compareceram vestidas de
preto, o que levou a nossa Danuza Leão a dizer que o clima lembrava um velório.
Elas,
as francesas, ressalvam que consideram legitimo e necessário protestar contra o
abuso de poder por parte de alguns homens, mas consideram que as constantes
denúncias saíram do controle.
“Os
homens têm sido punidos sumariamente, forçados a sair de seus empregos, quando
tudo que fizeram foi tocar o joelho de alguém ou tentar roubar um beijo” (...)
“Cavalheirismo não é uma agressão machista”.
As
autoras e signatárias do manifesto francês denunciam o que entendem como um
novo puritanismo no mundo. “Essa febre de enviar porcos ao matadouro, longe de
ajudar as mulheres a serem mais autônomas, serve realmente aos interesses dos
inimigos da liberdade sexual, dos extremistas religiosos, dos piores
reacionários”.
Segundo
elas, a onda de acusações induz à percepção de que as mulheres são impotentes e
eternas vítimas. “Como mulheres, não nos reconhecemos neste feminismo que, além
de denunciar o abuso de poder, incentiva um ódio aos homens e à sexualidade”.
Não
tive acesso à integra do manifesto das mulheres francesas. O que transcrevo
aqui decorre de leituras e anotações tiradas de fontes como a BBC Brasil, a
mais importante e de maior credibilidade. Na minha opinião.
Penso
que em tudo não devemos perder de vista os princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade. Quem levar em conta esses princípios não defere liminar. E
no mérito, nem pensar.
(Edson Vidigal, Advogado, foi
Presidente do Superior Tribunal de Justiça e do Conselho da Justiça Federal)
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