Em 2010, no Maranhão, desenhava-se um quadro
de equilíbrio na disputa pelo governo do Estado, que tinha como candidatos:
Jackson Lago, Flávio Dino e Roseana Sarney, além de outras candidaturas de
menor expressão eleitoral, e pelas duas vagas ao Senado entre oposição, que
tinha como candidatos Zé Reinaldo (PSB ) e Edson Vidigal (PSDB ), além de
outras candidaturas menos competitivas, enquanto pelo governo, João Alberto e
Edson Lobão, disputavam a reeleição. Pela lógica, inclusive matemática, tudo
levava a crer que cada um dos principais grupos levaria uma vaga. Mas eis que,
com as pré-campanhas em andamento, e já se aproximando das convenções, surgiu
um fato novo: a pré-candidatura ao senado, do deputado Roberto Rocha pelo PSDB,
que já tinha em plena campanha o ex-governador Zé Reinaldo e o ex-ministro Edson
Vidigal.
O problema causou muita preocupação para nós
que estávamos na coordenação das duas principais campanhas de oposição: Três
candidatos para duas vagas seria derrota certa para o senado e deixaria de ter
uma maior dinâmica na disputa majoritária. Como Zé Reinaldo era candidato
natural pelo PSB, e Vidigal já em campanha pelo PSDB a convite de seu
Presidente, Roberto Rocha, tentamos no primeiro momento demovê-lo da ideia,
haja vista que as coisas estavam ajustadas para levarmos a eleição de
governador para o segundo turno e vencer as eleições para o Senado, uma vaga na
pior das hipóteses. Não cabendo portanto, um fator de complicação tão grande e
desnecessário que, com certeza, só viria atrapalhar os planos e o projeto de vitória
das oposições. Insistimos com Roberto, que de forma irredutível não cedeu.
Vidigal, que vinha de uma candidatura ao governo do Estado, tinha um forte
argumento, além de ter sido convidado por Roberto para deixar o PSB e filiar-se
ao PSDB para disputar o senado, estava coberto de razão em não abrir mão.
Insistimos com Roberto para aceitar ser o vice
de Jackson que o tinha como o melhor companheiro de chapa. Roberto reagiu de
forma veemente. Por fim, já na reta final das definições, promovemos uma reunião
no comitê de Jackson no olho D'água: Eu, Clodomir, Brandão, Marcelo Tavares,
Deoclides Macedo, Roberto Rocha e Edson Vidigal. Apesar dos argumentos, nenhum
dos dois cedeu. Entramos pela madrugada. Eu e Deoclides sugerimos ajudar para
Deputado Federal quem desistisse da Candidatura de Senador. Nada foi possível.
E saímos de lá com a quase certeza de que perderíamos as duas vagas, pois o
princípio mais elementar da matemática diz que mantendo o numerador e
aumentando o denominador, diminui-se o quociente.
Não deu outra. João Alberto agradeceu. E
perdemos uma vaga praticamente certa, além de contribuir para que perdêssemos a
eleição para Governador logo no primeiro turno por pouco mais de 0,1% dos votos
válidos.
Veio 2014, com a morte de Jackson, Flávio
passou ser candidato dos grupos que em 2010 tinham se divido entre sua
candidatura e a de Jackson. Mas na disputa para o Senado, a história se
repetia: desta vez dois candidatos para uma vaga. Roberto, agora no PSB,
colocava seu nome enquanto Zé Reinaldo mantinha sua postulação. Nenhum dos dois
abria mão.
Foi preciso Eduardo Campos, com sua liderança
e estreita ligação com o Presidente Estadual do Partido, Luciano Leitoa, buscar
a solução. Luciano apoiaria para federal, o que desistisse da candidatura ao
Senado. Zé Reinaldo, em comum acordo com Eduardo e Luciano, e num gesto de
humildade, aceitou a desistência. Roberto, portanto, mesmo com pouco tempo no
partido, foi favorecido. Com os movimentos feitos por Luciano junto a Eduardo e
Zé Reinaldo, com uma única candidatura estava dado o primeiro grande passo para
a oposição vencer a eleição para o Senado.
Coube portanto, ao presidente Estadual do PSB, pacificar o que seria com
certeza um ponto perigoso de estrangulamento, e com certeza a repetição de
2010, com reflexos imprevisíveis ( ou não ? ).
Quando tudo parecia resolvido, eis que João
Castelo se lançou candidato ao senado.(leia: pleito intempestivo ). Mas foi
demovido da ideia e foi eleito Dep. Federal.
O decorrer da campanha todo mundo sabe. Foi
uma força tarefa de todos nós, cada um em cada município se desdobrou para que,
além de ganharmos a eleição para o governo, tivéssemos um representante do
nosso grupo no Senado, para além de ajudar a governar, nesse grave momento de
crise principalmente para os municípios, se contrapor aos dois representantes
do Grupo Sarney com mandatos até 2018.
Eleição dura, pois Gastão se constituía como
candidato favorito. Veio a força tarefa e nesse momento coube a Flávio Dino, já
como favorito, fazer a parte principal. Nas bases, uns mais e outros menos, mas
todo mundo arregaçou as mangas, Luciano Leitoa então, fez como se diz por aqui:
das tripas, coração, para ver Roberto o nosso Senador.
Vencemos, cabelo e "barba" e o PSB
então, sob a liderança e sacrifício de seu presidente Luciano Leitoa, além de
contribuir sobremaneira para a eleição de Flávio, saiu da eleição com um
Deputado Estadual ( Bira do Pindaré ), um Deputado Federal (Zé Reinaldo) e um
Senador (Roberto Rocha), este último, cargo jamais alcançado pelo Partido no
Estado.
Dever de casa cumprido, de todos os partidos
aliados, PCdoB, PSDB, PSB e PDT saíram das urnas como grande força. Claro, ia
depender do desempenho de cada detentor dos mandatos auferidos, com ajuda
inclusive de outros partidos, para dar passos maiores. Cada um sendo fiel à
luta que foi de todos!
Neste capítulo tratamos do antes. Próximo capítulo,
vamos tratar do depois...
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