RICARDO BRITO E DÉBORA
ÁLVARES - Agência Estado
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Deputado federal Weverton Rocha e o
presidente do PDT, ex-ministro Carlos Lupi
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No dia em que o presidente do PDT e ex-ministro do Trabalho,
Carlos Lupi, afirmou em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que não há
como "controlar os filiados do partido", o Supremo Tribunal Federal
(STF) decidiu ampliar as investigações contra um deputado federal pedetista
que, como assessor especial de Lupi na pasta, foi acusado de cobrar e receber
propina para liberar o pagamento de organizações não-governamentais (ONGs).
Em despacho publicado nesta sexta-feira, 20, no Diário da
Justiça Eletrônico, o ministro Ricardo Lewandowski determinou uma série de
diligências à Polícia Federal a fim de apurar o envolvimento do deputado Weverton
Rocha (PDT-MA) em denúncias que culminaram na queda do presidente do PDT da
pasta, no início de dezembro de 2011. Lupi foi o sexto "faxinado"
pela presidente Dilma Rousseff.
Na entrevista ao jornal, o presidente do PDT disse que há
uma tentativa de envolvê-lo pessoalmente nas acusações que atingem o atual
ministro, Manoel Dias. "Quando não tem nada que fale do Lupi, aí botam
""são os amigos do Lupi, ligados ao Lupi"", como se eu
fosse o controlador de um esquemão", queixou-se. "Cadê o esquemão?
Onde está o dinheiro do esquemão?"
O inquérito investiga o parlamentar por peculato (desvio de
recursos públicos), corrupção ativa e corrupção passiva na contratação
irregular de ONGs pelo ministério entre 2007 e 2011. O Ministério Público
Federal, citando reportagens publicadas à época pela imprensa, apontou-o como
sendo "um dos responsáveis" por fixar o preço para a manutenção dos
contratos e o restabelecimento dos repasses de recursos" para as
entidades.
Ricardo Lewandowski determinou que o ministério encaminhe
cópia dos convênios com cinco ONGs. Essas entidades firmaram mais de 10
convênios com a pasta para realizar cursos de capacitação profissional, no
valor total de pelo menos R$ 11,6 milhões. Ele também encaminhou ofício à
Controladoria-Geral da União para que o órgão informe se há investigações
feitas para averiguar a existência de irregularidades nesses convênios e, se
sim, enviar cópia integral das investigações.
O ministro determinou que a Polícia Federal tome o
depoimento de Weverton Rocha, outros dois ex-assessores de Lupi e dos
representantes das ONGs. Após a conclusão das apurações, a Procuradoria-Geral
da República pode denunciar o deputado ou pedir o arquivamento do caso por
falta de provas.
Em resposta por email, o deputado negou as denúncias de
recebimento ou pagamento de propina e desvio de dinheiro. Ele disse que sua
função no ministério "era de assessor e não gestor". "Em momento
algum não era minha atribuição liberar convênios, logo as denúncias não
procedem", ressaltou.
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