Do blog do Robert Lobato
Flávio Dino: Embratur volta a ser motivo de críticas |
A crítica aos serviços da Embratur
agora vem do diplomata Marcos Caramuru de Paiva, que também é sócio e
gestor da KEMU Consultoria, com sede em Xangai, e há oito anos vive no Leste
Asiático.
Caramuru expôs suas críticas em um
artigo publicado na Folha de São Paulo,
edição deste sábado, 10. Na avaliação do diplomata a Embratur faz pouco caso
para atrair os chineses a fazerem turismo no Brasil.
Meses atrás, a mesma Embratur foi
alvo de críticas do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que na ocasião
afirmou que a campanha da Embratur é um “horror”, em alusão às campanhas
de publicidade da empresa estatal no exterior para divulgar a Cidade Maravilhosa.
A Embratur, como sabemos, é
presidida pelo maranhense Flávio Dino, pré-candidato a governador pelo PCdoB.
A seguir a íntegra do artigo do
senhor Marcos Caramuru de Paiva. Veja:
Alô, Embratur
“Com a Amazônia, o Pantanal,
Foz do Iguaçu e tantas outras maravilhas, temos tudo para nos tornarmos um
destino preferencial. Só precisaremos nos organizar para que isso aconteça”
Há um debate agitado na China,
inclusive nas redes sociais, sobre o comportamento dos turistas chineses no
exterior.
O Serviço de Viagens fez uma
chamada geral aos bons modos. Uma alta autoridade política declarou que é
preciso supervisionar a civilidade dos cidadãos. A Administração Nacional do
Turismo divulgou uma cartilha para quem sai do país.
Dois ou três vexames recentes
causaram furor entre viajantes bem comportados. Ser turista disciplinado é
obrigação, diz a cartilha.
Em 2012, os chineses fizeram 80
milhões de viagens internacionais. Os gastos correspondentes alcançaram US$ 102
bilhões. O número de viajantes será crescente: fala-se em 100 milhões em 2015.
Uma família de classe média alta
viaja, em média, 2,8 vezes ao ano.
Antes viajava até mais. Agora que
já conhece muita coisa, prefere alongar seu tempo nos lugares.
Os chineses são os turistas que
mais compram artigos de luxo em viagens: € 875 por aquisição isenta de taxas,
70% acima da média global. Um chinês, dizem as pesquisas, identifica 40 marcas
e, quando as encontra, leva algo.
Mas há um bom número de pessoas
que só deseja ver a natureza, encontrar a paz que não existe nas megalópoles.
Na China, o que mais se aprecia
num centro urbano é um lugar calmo. É comum agradar os convidados levando-os a
restaurantes vazios ou alugando uma sala própria, separada do local onde estão
os demais clientes.
Sair de casa à cata de um animal,
uma beleza natural, um prato típico ou uma fruta é costume nos roteiros
internos. Quem vai ao exterior busca frequentemente algo assim. Quer
experimentar sabores novos.
Mas também sente falta da
culinária que conhece. Um amigo certa vez me disse: “Levei meus pais a Roma.
Eles adoraram. Há chineses excelentes por lá”.
A escolha dos roteiros internacionais
não segue padrões. Visitar a África do Sul é uma
febre que não passa, e a América
Latina começa a chamar a atenção.
Recentemente, viajei ao lado de
uma jovem aparentando vinte e muitos anos que regressava da Patagônia. Era a
sua segunda viagem à região. Na primeira, havia ido às ilhas Galápagos. Deixará
a Europa para quando tiver menos pique, disse-me.
A nossa Embratur declara a quem
pergunta que a China não é prioridade. E a propaganda turística brasileira
explora muito as praias, que os chineses não apreciam. Preferem um jardim
botânico.
Mas, com a Amazônia, o Pantanal,
Foz do Iguaçu e tantas outras maravilhas, temos tudo para nos tornarmos um
destino preferencial. Só precisaremos nos organizar para que isso aconteça.
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