Por Edson
Vidigal, advogado, foi presidente do Superior Tribunal de Justiça e do
Conselho da Justiça Federal.
Quando a sociedade se vê ameaçada por
prenúncios de desorganização do Estado, as instituições, por seus agentes, em
muitas ocasiões como esta que vivemos se excitam em espasmos de arrogância ou
de indiferença. Ou em ensaios de autoritarismo.
Quem não sabe como lidar com essas coisas e
já se acha no salve-se quem puder, farinha pouca meu pirão primeiro, estufa o
peito e pigarreia todo dono ou dona da autoridade que já não mais lhe resolve,
mas que precisa ostentar.
Aí a compaixão é tangenciada junto com a cidadania.
As leis do direito se desgarram da moral e da ética. O processo civilizatório
não estanca, mas decai. A interpretação das normas só conhece a conclusão
ignóbil – é até certo que o fato não se reveste de moral, mas o que fazer se
não é legal?
E assim as leis do direito, editadas sob
pressupostos morais e éticos, vão sendo desgarradas dos bons costumes que as
inspiraram e servindo à facilidade de julgamentos que dispensam da inteligência
humana o compromisso com a paz social, pois com injustiças, maus exemplos e
impunidades não há sociedade que se segure organizada.
A justiça não pode ser aquela temeridade. Há
que ser preservada como a cidadela em que todos possam depositar confiadamente
as suas esperanças. Sobre ela não pode pairar a mínima suspeita de
desconfiança. É operada por seres humanos e porque somos todos humanos nos
resumimos a uma única meta – a perfeição. Se não a alcançamos conclusivamente,
é nosso dever seguir perseguindo. Só assim nos aprimoramos como criaturas de
Deus.
Se nos descuidamos podemos parecer que somos
maus. Mas não basta parecer. Temos que acreditar na força do bem, praticar o
bem do qual somos aliados porque só com atitudes firmes das pessoas de bem é
possível estancar a enxurrada do mal cujos operadores são incansáveis.
Ora, quem iria imaginar que de um simples
posto de lava jato se tiraria a ponta do enorme novelo dessa novela quase
interminável? Gangues com imensa capilaridade pelo país a furtarem fortunas dos
cofres públicos e a repassarem propinas milionárias a políticos, a candidatos e
a partidos?
E os que embolsaram as propinas comprando
eleições e a se investirem em mandatos sem legitimidade popular nenhuma se
entregando ao desserviço à democracia. Não sabem e nem querem saber o
sacrifício que deu e o trabalho que ainda está dando restabelecer no Brasil a
plenitude democrática.
Os milicos do golpe militar de 64 acharam que
cassando, exilando, enfim, deletando toda a geração dos políticos de então –
gerações formadas sob valores firmes brotados da tradição secular tradição
judaico-cristã, acharam aquelas pessoas que banindo o que ainda tínhamos de
melhor, raras exceções à parte, ensejariam o surgimento de novas gerações de
políticos dotados de mais espirito publico e imantados de firme patriotismo. É
só olharmos os partidos da chamada primeira linha e os seus quadros, raríssimas
exceções à parte.
Toda corrupção com o dinheiro publico no que
temos de mais publico e notório brotou das maquinações dessa gente.
Toda essa onda que desnuda cenários e figuras
insuspeitas até há algum tempo atrás, muitas das quais se igualam nos dias e
noites dos cárceres, dizem as pitonisas do Estadão e da Folha, essa onde não
passará tão cedo.
PS.
A Dilma lê discurso na abertura da Assembleia Geral da ONU. O texto guardado a
sete chaves lhe será entregue pouco antes dela subir à tribuna. Há medos
enormes que ela resolva improvisar em dilmês. Constrangimento maior já se
iguala ao Mercadante, que está inarredável. O Brasil, que ainda se imagina em
cadeira permanente no Conselho de Segurança, deve à ONU a bagatela de 184
milhões de dólares.
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