Por Edson
Vidigal, Advogado, foi Presidente do Superior Tribunal de Justiça e do
Conselho da Justiça Federal.
Esse esfolar das burras recheadas com o dinheiro
público tem causado em nós tanta revolta, mas ainda não a ponto de decretarmos
o estado de indignação permanente.
É possível que no âmago, em sã consciência,
estejamos todos remoendo essa nossa indignação numa mesma corrente de
pensamento, a qual só tende a crescer por entre mais corações e mentes.
A República foi inventada para afugentar
camarilhas, sejam familiares ou encrustadas em torno de grupamentos
partidários.
A Democracia na República se afirma, por exemplo,
com a alternância dos representantes das maiorias expressas nas urnas nos
cargos públicos.
Essas maiorias eleitorais, no entanto, não podem
resultar de tramoias muitas das quais sob o indecoroso manto consentido pelas
leis que os congressistas engendram em causa própria.
Assim, para a grande maioria deles, a melhor lei
eleitoral é aquela sob a qual eles podem ganhar as eleições. De proposito, digo
ganhar e não vencer porque para ganhar, no caso deles, vale o vale tudo, pois
feio mesmo, para eles, é perder. Vencer, não. Tem a ver com vitória. Com
competição suada sob as mesmas regras valendo para todos.
Ora, como haver equilíbrio numa competição
eleitoral manchada pela dinheirama desviada dos cofres públicos em contratos
superfaturados encobrindo os bilhões em propinas para o partido do poder e seus
aliados.
Agora se sabe quanto custou, e ainda custa, para
nós todos essa captura do Governo da República nesse domínio politico de mais
de doze anos.
Não é só um preço de nos causar náuseas. Causa
também um misto de revolta e de tristeza. Quantas crianças não engrossaram as
estatísticas de mortalidade infantil? Quantas não conheceram a fome pela falta
da merenda escolar?
As filas nas portas dos hospitais em todo o País
parecem não andar. Quem não tiver um poderoso plano de saúde que se prepare
para brigar pelos seus sete palmos de terra, sete em profundidade.
No mais, os rios secando à falta de cuidados. Os
portos sucateados. As ferrovias enferrujando. As estradas atraindo a morte nos
buracos e lamaçais. Os preços dos alimentos subindo e alimentando a ganancia
dos donos dos supermercados e voracidade dos governos por mais impostos.
No mais, o Estado inoperante ante a violência, os
assaltos, as mortes, o poder dos traficantes de armas e de drogas controlando
comunidades. As cidades sem ruas disponíveis e sem calçadas transitáveis porque
o automóvel sendo um grande arrecadador de impostos e multas preponderando
sobre as pessoas e a cidadania.
O Governo não tem nada a ver com a realidade do
País. O Executivo não tem mais cargos para seguir barganhando com os partidos.
E o pior – não tem mais dinheiro em caixa. Logo
mais estará parcelando os salários e atrasando mais do que tem atrasado os
fornecedores e credores das dividas interna e externa.
O Legislativo segue ameaçando com uma pauta bomba
para inviabilizar pra valer essa anêmica governabilidade. Regabofe para tarado
nenhum botar defeito.
E o Judiciário? Os juízes em especial os do
primeiro grau junto com o Ministério Publico Federal e a Policia Federal somam
certezas que nos seguram a fé e estão nos dando, até aqui, grande alento.
Sáo os sinais dos tempos! O Estado e sua mantenedora a Classe, não tem precípuo à ralé mendicante. Esses esqueceram do Criador, amam mais o dinheiro do que a si mesmo e muito menos o próximo. O fumante ainda terá um fim satisfatório pois consumiu de seu algoz, já aqueles morrerão plácidos na ignorância, por não havido ousado seguir a verdade, o amor ao próximo e se afastado da mentira, da vida fácil, dos oportunistas de plantão.