Por Edson
Vidigal, advogado, foi presidente do Superior Tribunal de Justiça e do
Conselho da Justiça Federal.
Na primeira campanha, a Dilma se deleitava com os
seus três porquinhos. Dava esporro, caçoava, fazia piada de mau gosto, era um
bule danado.
Terminada a travessia, ela eleita, o Dutra estava
em frangalhos. Petista histórico, petroleiro, Senador, Presidente da Petrobrás
nunca mais se ouviu falar dele.
O Palocci ainda passou um tempo na casa da
península sul como Chefe da Casa Civil e com direito a caminhadas matinais pela
orla do lago. Não foi só a fritura das intrigas e denuncias. Não aguentou as
grosserias da companheira.
Ficou o terceiro porquinho, o companheiro Cardoso,
estimado do Lula, desde a CPI dos Correios, aquela por onde o Jefferson começou
a gritar árias de ópera nos ouvidos do Dirceu.
O único a ter um poço de paciência, até aqui mais
profundo que as camadas do pre - sal, o Cardoso, única consciência jurídica na
Esplanada, não vê a hora de ir embora.
Depois do ultimo domingo, muita gente humilhada
pela chefona se animou. Alguns como o Nelson, esquentado gaúcho, não esperaram
o fim da primeira hora.
O Mantega foi demitido num debate dela com o Aécio
pela televisão, se é que se pode qualificar aquilo de debate. Ela anunciou que
ele não continuaria no Ministério. Era sua grande chance para sair por cima.
Mas foi ficando.
No dia em que cruzei com o Mantega, Ministro da
Fazenda, boné vermelho complementando o disfarce com um ray-ban bem escuro e
com uma mochila nas costas, eu sem reconhecê-lo no primeiro momento imaginei –
esse cara deve estar indo para um piquenique em algum acampamento. Errei.
Ele estava indo sob o intenso calor daquele solzão para se encontrar com seus
companheiros numa reunião do PT. Ama de coração o partido. Ou amava.
Vendo a primeira posse da Dilma pela televisão
prestei atenção naquele momento da passagem da faixa. O Lula orgulhoso
entregando o País para a Dilma tomar conta até a sua volta dali a quatro anos.
Muita gente pensou que a Dilma seria a Hector
Câmpora do Lula. Câmpora foi a escolha de Perón para presidente da Argentina
que fez tudo direitinho. Perón estava há décadas exilado na Espanha e o regime
militar argentino murchava. Estava certo que o velho caudilho voltaria.
Jogada de mestre, me falou o Tribuzi eufórico.
Eleito por maioria esmagadora, Câmpora, um dentista da classe media, tomou
posse, decretou a anistia de Perón e demais, renunciou ao cargo não sem antes
marcar novas eleições, passou o cargo ao Vice que também renunciou e ante a
dupla vacância Perón foi eleito estrondosamente.
O resto ninguém na Argentina esqueceu. Perón
colocou sua mulher, Isabelita, como Vice e pouco depois um enfisema pulmonar o
levou para a companhia de Evita.
Os milicos derrubaram Isabelita e a ditadura
militar voltou.
Há um grande erro nessa estória de alguém que está
de saída achar que irá prosseguir no mando se eleger o seu sucessor. São
marcantes os dois primeiros momentos. Um, quando pega na caneta e assina as
primeiras nomeações. O outro, quando senta na cadeira e ouve, pela primeira
vez, o vocativo “Presidente!” ou “Governador!” ou “Prefeito”. Aí, amiga, amigo,
adeus.
Agora a Dilma, depois da rasteira no Lula, fica
pedindo apoio para ir ficando porque, diz ela, essas crises todas – a crise
econômica, a crise politica e, sobretudo, a crise moral ou déficit de
cidadania, que estamos vivendo, são apenas parte de uma travessia.
Mas e aí, Dona, quem empurrou o Brasil para esse
rumo de uma travessia tão difícil quanto impossível que já penaliza a quase
todos?
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