Isolamento por
falta de estradas, ausência total de incentivos no campo, falta de assistência
técnica rural, conflitos fundiários e educação precária foram os principais
problemas relatados por representantes de municípios com baixo Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), em reunião coordenada pela Secretaria de Estado
de Agricultura Familiar (SAF), nesta segunda-feira (26), na sede da Federação
dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura do Maranhão (Fetaema).
Secretário estadual de Agricultura Familiar, Adelmo Soares
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Os municípios
foram incluídos no Plano de Ações “Mais IDH”, que é a meta do governo do Estado
do Maranhão para melhorar as condições de vida dos moradores de 30 municípios
maranhenses que vivem em situação de pobreza extrema por falta de políticas
públicas do Estado, uma herança da gestão passada.
O secretário de
Agricultura Familiar, Adelmo Soares, reafirmou o compromisso do governador
Flávio Dino de reduzir as desigualdades sociais no estado, com ações
integradas, envolvendo órgãos das áreas de saúde, educação, direitos
humanos, regularização fundiária, abastecimento de água, habitação e
agricultura familiar, que estão empenhados em tirar esses municípios do atraso.
A agricultura
familiar, área que agora tem secretaria específica, criada pelo governador
Flávio Dino, como estratégia no combate à miséria no Maranhão, foi tratada com
descaso pela gestão anterior, segundo o titular da pasta, Adelmo Soares. Ele
disse aos trabalhadores que obteve informações em Brasília de que havia
recursos disponíveis para o Maranhão, mas não foram utilizados pelo Estado.
Além disso, uma grande soma em dinheiro, cerca de R$ 26 milhões, foi devolvida
ao governo federal por falta de aplicação na área.
Para liberar os
recursos bloqueados é preciso investimento do Estado em assistência técnica
rural. Para isso, o governador já autorizou a contratação de 90 técnicos, que
irão atuar nos municípios, contribuindo no êxito do “Mais IDH”. A primeira ação
de investimento na agricultura familiar é a implantação do “Sisteminha”,
projeto em parceria com a Embrapa, que incentiva a produção em quintais,
com o cultivo de frutas e hortaliças, além da criação de peixes, aves e
pequenos animais. “É uma alternativa para combater a fome com ação de curto
prazo”, ressalta o secretário.
Além da SAF,
participaram da reunião, ouvindo as demandas dos trabalhadores, a secretária de
Estado de Educação, Áurea Praseres; o presidente do Instituto de Colonização e
Terras do Maranhão (Iterma), Mauro Jorge; o representante da Agência
Estadual de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural do Maranhão (Agerp), Pedro
Pascoal, e o presidente da Fetaema, Francisco Miguel.
REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA E ESTRADAS - Em Fernando Falcão, cidade que lidera o ranking
das cidades com menor IDH do Maranhão, além da situação de isolamento por falta
de estrada de qualidade, os agricultores estão em risco de perderem suas terras
para grileiros, porque falta regularização fundiária, situação que também gera
outro problema que é a dificuldade para receber investimentos. “Sem o documento
fica difícil conseguir recursos, por isso é importante a legalização das
terras. Já detectamos esses problemas que existem há muitos anos”, disse o
presidente do Iterma, Mauro Jorge, lembrando ainda que a regularização
fundiária também faz parte do plano de metas do “Mais IDH”.
Marajá do Sena é
outra realidade difícil, agravada pela falta de estrada. Os trabalhadores
rurais relataram que a saúde, a educação e a agricultura familiar são
importantes, mas é preciso ter estrada boa para que o desenvolvimento realmente
aconteça. A estrada necessária para desenvolver Marajá do Sena é a que liga os
municípios de Paulo Ramos e Arame, que nunca foi concluída pelo governo
anterior.
EDUCAÇÃO - A
secretária de Educação ouviu os relatos dos representantes dos municípios que
fizeram várias denúncias de descaso do poder público, por várias décadas, como
escolas fechadas, professores sem capacitação, falta de ensino médio e de
recursos para a manutenção de escolas rurais.
A secretária
reafirmou o objetivo do governo de desenvolver políticas voltadas para a
educação rural, destacando o programa Escola Digna, que tem a meta de construir
escolas de boa qualidade e acabar com os espaços precários, de barro e cobertos
de palha, em condições indignas. “Vamos planejar ações para dez anos,
executando também projetos que já existem como os Saberes da Terra e
Pronacampo. É compromisso do governador dar apoio à educação no campo”,
ressaltou a secretária.
Participaram da
reunião representantes de São João do Soter, Arame, Centro Novo, Governador
Newton Belo, Aldeias Altas, Fernando Falcão, Serrano do Maranhão, Marajá do
Sena, Água Doce, Afonso Cunha, Primeira Cruz, Amapá do Maranhão, Cajari,
Itaipava do Grajaú, Conceição do Lago Açu, Jenipapo dos Vieiras, Santana do
Maranhão, Araioses, São Raimundo do Doca Bezerra, São João do Caru e Satubinha.
Questão difícil de ser resolvida, pois a situação dos inúmeros assemtamentos e total abandono.Conheço vários deles no município de Cacias, que provavelmente, terão recursos devolvidos para o Governo Federal. É que no govermo anterior não fizeram nada que se aproveitasse. Nem assistência técnica existia. E os que estavam em atividade não tinham comando, nem autonomia. São inumeros os que tem recursos bloqueados em bancos oficiais e que não podem ser liberados por falta de vontade. Esses órgãos estão abarrotados de funciomários velhos e viciados. A mudança tem que ser estrutural e radical. Sei da boa vontade do novo Secretário, mas não será fácil. Prá resolver tem que fazer a roda andar se movimentar. Tem que ter atitudes severas.