Elas, as mulheres, todas trabalhadoras, ainda
seguem com muito pouco. Não falo apenas quanto às oportunidades de emprego e
renda. Quero dizer também quanto aos espaços na cidadania.
Já foi bem pior, sabemos. Ainda nos primórdios do
ultimo século as mulheres sequer podiam ser votadas nas eleições para os cargos
públicos. Nem mesmo podiam votar.
As leis que ainda são feitas pela maioria masculina
não reconheciam às mulheres os direitos preferenciais inerentes à sua condição.
Lugar de mulher, dizia-se, era na cozinha. A
cultura popular doutrinava num dos seus clássicos musicais – “Abdon que moda é
essa, deixa a trempe e a colher / Abdon sai da cozinha que é lugar só de
mulher...” Hoje em dia, nem tanto assim.
A violência doméstica ainda corre solta, acobertada
pelo brocardo – em briga de marido e mulher ninguém mete a colher. Isso quer
dizer que se a vizinha é surrada pelo marido, ninguém tem nada a ver. Temos
todos a ver, sim.
Para conter a violência doméstica já temos a Lei
Maria da Penha. Sabe você quem é essa mulher? O marido, um sujeito grosseiro,
no meio de uma briga doméstica, sacou um revólver e a bala alcançando a coluna
vertebral a deixou paralitica.
Pois essa mulher, imobilizada como ainda hoje numa
cadeira de rodas, humilhada ante a omissão das leis que não prescreviam nada
quanto à violência doméstica, desfraldou sua bandeira de luta. A lei pela qual
tanto lutou é conhecida pelo nome de Maria da Penha.
Mas esse é apenas um marco da luta das mulheres
pela igualdade de direitos e de oportunidades de trabalho e renda. Um dado
positivo. Entre as 100 empresas mais bem sucedidas no mundo, as 10 maiores são,
ou foram, presididas por mulheres.
Entre nós, dentre as muitas proteções legais que
ainda faltam em favor das mulheres, em especial, não temos leis contra o
assedio moral, por exemplo.
Milhares de mulheres chegam em casa deprimidas ou
até mesmo perdem o emprego por não resistirem aos maus tratos, às grosserias, à
falta de respeito, aos palavrões e xingamentos com que são tratadas no trabalho
por superiores hierárquicos.
Os chefes que se notabilizam por suas grosserias
não são apenas os homens. Na maioria dos casos, o assedio moral parte de chefes
mulheres.
Na hierarquia dos salários, as mulheres, mesmo as
mais qualificadas profissionalmente, ainda seguem ganhando menos que os homens.
A isonomia salarial nas empresas é um direito que ainda não lhes alcança.
Na politica, a lei obriga os partidos a destinarem
30% das chapas proporcionais para as candidaturas das mulheres. Não obstante,
elas somam apenas 12% nas Câmaras Municipais e 10% nas Assembleias
Legislativas.
A presença feminina no Senado da Republica é de
apenas 10 representantes num total de 81 cadeiras, ou seja, 10%. Na Câmara dos
Deputados, elas são apenas 46 num total de 513, ou seja, 8%.
Menos de 10% dos Municípios do Brasil tem mulheres
na titularidade dos Executivos. Nos Estados, apenas duas Governadoras.
Felizmente, apenas uma delas dá motivos a tantos vexames.
Uma vergonha! Entre 188 países pesquisados, o
Brasil está na 156ª posição em participação feminina nos cargos de direção
politica.
Vamos falar sempre e bem alto, do fundo do coração –
Primeiro, as mulheres! Viva as mulheres, trabalhadoras do Maranhão e do Brasil!
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