Sintrap denunciou irregularidades na aplicação de recursos da Prefeitura de Caxias - Vereadores recebem professores em audiência pública

Carla de Nazaré mostrou a má aplicação dos recursos do município

Depois de muita insistência e muitos protestos, os trabalhadores do município de Caxias, através do Sindicato da categoria, o Sintrap, foram ouvidos no legislativo caxiense. A audiência pública para ouvir o combativo Sintrap aconteceu nesta quarta-feira, 23, e foi bastante esclarecedora.

Com dados e argumentos na ponta da língua, os dois representantes do Sintrap escalados para falarem na Câmara em nome da entidade, explicaram minuciosamente a quantidade de recursos recebidos pelo poder público municipal ao longo dos últimos anos.

Os valores surpreendem e a destinação dos mesmos mais ainda.

Arimatéia Rocha ajudou a esclarecer as dúvidas dos vereadores

Na saúde, por exemplo, os valores recebidos na área de nefrologia tiveram um crescimento fabuloso desde a ascensão da família Coutinho ao poder. Em 2005, o repasse para o custeio desse serviço era de R$ 2.381.085,00, sendo que em 2013 subiu para R$ 9.864.480,00. No mesmo período, os valores para outras áreas caíram sensivelmente. Todo os recursos de nefrologia em Caxias são destinados para a Casa de Saúde e Maternidade de Caxias, de propriedade da família Coutinho.

Arimatéia Rocha e Carla de Nazaré, demonstraram, de maneira didática, os erros na aplicação dos recursos da Educação, tais como transporte escolar e concessão de bolsas para estudantes.

Quanto ao pagamento de 200 bolsistas junto a Fundação Coelho Neto, ao custo de mais de 24 mil reais mensais, caso esses alunos estivessem na rede pública, os recursos do Fundeb, que são baseados no número de alunos matriculados, teriam um aumento de mais de 400 mil reais/ano.

Como previsto, o vereador Jerônimo Ferreira, tentando desqualificar o discurso dos professores, disse que ficou surpreso com a revelação da representante do Sintrap de que os baixos salários pagos pelo governo Léo Coutinho, colaboram para o baixo rendimento escolar.

“Eu não gostaria de ter ouvido que baixo salário representasse baixo rendimento escolar”, argumentou o vereador ultra-governista. Em resposta, Arimatéia Rocha disse que também estava surpreso com a declaração do vereador, que, infelizmente, “nunca viveu de salário de professor, porque não está na sala de aula”. Jerônimo baixou a cabeça e esboçou um sorriso irônico com a intervenção de Arimatéia.

Embora bastante esclarecedora, a audiência pública não teve o objetivo principal atingido. A ausência do prefeito Léo Coutinho, secretária Silvia Carvalho e o gestor da saúde, Vinicius Araújo, impediu que algum tipo de acordo, com vistas a solucionar os problemas que mais afligem os trabalhadores públicos, fosse feito. Essas autoridades nem sequer enviaram representantes para acompanhar a audiência pública. 

A presidente da Câmara, Ana Lúcia Ximenes quase perde as estribeiras quando o advogado do Sindicato, Agostinho Neto, tentou passar algumas explicações para a representante do Sintrap na sala de acesso ao plenário. Ana de X chegou a levantar-se e esbravejou com Carla de Nazaré pela tentativa da mesma falar com o advogado.

Ao final, a intervenção de um popular na fala do vereador Ronaldo Chaves levou o público ao delírio.

Ronaldo falava das obras feitas pelo prefeito Léo Coutinho e deu início a nominar as escolas construídas. Quando dizia escola A, escola B e parou por um instante para tomar fôlego, o popular fez o seguinte complemento: “... A Facema...”. O público caiu na gargalhada.