Por
Edson Vidigal, advogado, foi
Presidente do Superior Tribunal de Justiça e do Conselho da Justiça Federal
Até
parece que não há mais nada acontecendo no País. É Lava a Jato prá cá, é Lava a
Jato pra lá, mas isso vem durando tanto e dizem que por um mínimo de mais dois
anos ainda vai durar.
É tanta
a sujeira a lavar que a nós, cidadãos plenos nas obrigações tributárias e, não
obstante, desfalcados pelo Estado no tudo a ver com a cidadania, não nos cabe
ficar escamoteando tanta indignação.
Nas
investigações dessa Lava Jato não há indicio que não realce a conexão entre a
promiscuidade entre o poder político e o poder econômico, os dois fazendo o
diabo, como um dia receitou a Dilma, para ludibriando a soberania popular
continuarem dominando o Estado.
Os
romanos até que tentaram moralizar a coisa quando obrigaram os candidatos aos
cargos públicos a se vestirem numa túnica branca e durante um período antes da
eleição a desfilarem assim pela cidade.
Candidato
vem de cândido, aquele que conseguisse atravessar todo o período da campanha
andando pelas ruas, enfiado numa túnica branca, sem que ninguém lhe incomodasse
atirando-lhe um tomate ou ovo podre.
Sabe-se
que por trás das boas intenções dos políticos rolava algum dinheiro como o
verbo mais convincente de muitos eleitores.
Há
registros de que a eleição para o primeiro cargo da carreira politica de César,
o de sacerdote do Templo, custou uma pequena fortuna à família dele, que bancou
tudo.
A soberania
popular, mais que antigamente, tem sido conspurcada para favorecer os donos do
poder politico e os financiadores de suas campanhas eleitorais.
O jogo é
pesado. Rola muito dinheiro numa eleição para Vereador. Imagine para um
Deputado, Senador ou Presidente da República.
Temos
assistido decisões da Justiça Eleitoral cassando mandatos sob a acusação de
abusos do poder politico ou do poder econômico.
O voto
segue sendo comprado sob as mais diversas modalidades que a cada eleição mais
se sofisticam. Mas não nunca se viu a cassação do título de eleitor de quem
vendeu o seu voto em troca de qualquer vantagem.
O
combate à corrupção eleitoral tem que alcançar também a outra ponta do túnel
por onde escorre a podridão do esgoto - o eleitor que dá o voto em troca
de vantagem pessoal.
Mais fácil punir o eleitor(sem saúde,sem educação,sem segurança,sem advogado),a ponta fraca desse novelo, né "Dr."?? A justiça cobrar dos "eleitos" que cumpram com suas obrigações do cargo,não precisa, né??