Ver e rever Zygmunt Bauman causa no espectador, ao mesmo
tempo, sensações de lucidez e de impotência face a realidade que vivemos.
Suas análises são secas e cortantes sobre a atual fase da
sociedade capitalista, onde o cr...édito e o seu corolário, o consumo, deixam
as pessoas com "insegurança e medo".
Você é o que compra e consome, simples assim! Com esta
condição fundamental o futuro está sendo hipotecado para as gerações dos nossos
filhos e dos nossos netos pagarem.
O dever moral de cuidar uns dos outros - seja pais e filhos
ou esposa e esposo - foi substituído por presentes caros, adquiridos no mercado
que tudo tem para vender.
Isso porque há instantânea e massivamente
"tentações" midiáticas para que se consuma sempre mais e novos
objetos.
As relações são líquidas, não permanentes, fluidas.
É membro da comunidade global aquele que conseguir acessar a
internet (p. ex. facebook). Quanto mais tempo no face, mais prolongada essa
sensação de indivíduo inserido no mundo.
Ninguém sabe o que fazer ou com quem contar.
Os governos que antes acumulavam o poder de fazer com o
poder de decidir abriram mão de uma das duas em favor das multinacionais.
Bauman não se acha capaz de fazer prognósticos, mas está
certo tratar-se de uma "sociedade diferente" e que uma
"revolução cultural" está em curso. E, ainda, que vivemos um
"interregno". Sugiro aos meus amigos que veja a entrevista de Bauman,
concedida ao jornalista Silio Boccanera, na Globo News-Milenium (Disponível em: http://globotv.globo.com/globonews/milenio/t/programas/v/n
os-hipotecamos-o-futuro-critica-sociologo-polones/1771422/).
Francinaldo Morais,
professor de História, membro do IHGC e acadêmico de Direito.
Real e profundo... Ricardo Leite Brugni