* Por Francinaldo Morais
O general Golbery do Couto e Silva (1911-1987) morreu
dizendo que nunca pronunciou a frase que inspirou o título deste texto.
Jornalistas atuantes no período em que o “bruxo” orientava o governo, ao
contrário, afirmam ser ele o autor da aludida frase. Embora para mim seja
importante identificar a autoria das ideias que utilizo para inspirar minhas
reflexões, neste caso vou mitigar esta orientação metodológica. Mais que identificar
o autor e dar-lhe os devidos créditos, privilegio aqui os sentidos práticos da
enunciação, tendo em vista verificá-los em dois exemplos próximos e concretos.
Analisá-los-ei de forma comparativa.
O primeiro exemplo é o de um amigo muito próximo e dileto.
Esse amigo é músico em Caxias-MA. É líder no seu meio e coordena os seus
liderados institucionalmente em nível municipal. Já estive algumas vezes com
esse amigo, conversando, em praças públicas. Nessas oportunidades pude
verificar como ele é uma pessoa querida, reconhecida popularmente. Não obstante
o seu reconhecimento público, já se candidatou a
vereador três vezes (1988, 1992 e 2012) mas não conseguiu nem ao
menos chegar próximo de ser eleito em nenhum dos pleitos. No último certame
eleitoral, obteve quase trezentos votos e, afirmou-me, que gastou soma próxima
de 10 mil reais. O eleito, menos votado do seu partido, conseguiu mais de 1200
votos. Como cidadão e cientista social não sinto a menor motivação para vis
itar o Parlamento caxiense, mas caso esse amigo fosse vereador,
embora com ideologias distintas, teria ânimo para visitá-lo naquela Casa
Legislativa.
O segundo exemplo é o da atual primeira dama do
município. Uma “ilustre desconhecida” do povo caxiense até assumir a direção da
chamada Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres
(consultas: Lattes e Google). Antes disto, a futura primeira dama, além de
obter registro como cirurgiã-dentista em 2008, não dirigiu nada e não se
candidatou igualmente a cousa alguma. Circula entre os servidores da
saúde municipal que somente agora, em Caxias, com a eleição do marido, começou
a exercer a profissão de odontóloga, em uma nova clínica particular, erguida
próximo do nosocômio do ex-prefeito.
Essa mesma Secretaria da Mulher serviu de principal “trincheira”
a partir da qual, a atual presidente da Câmara
Municipal, lutou por sua eleição. Da mesma forma que a
vereadora-presidenta, a primeira dama, cercada de um staff que
aprendeu a fazer política através do social (mas diferentemente da vereadora-presidente,
comenta-se que a primeira-dama-secretária-da-mulher dispõe de cheque assinado
“em branco”), vem movimentando a Secretaria rumo ao(s) Parlamento(s)
ou, quiçá, ao Executivo Municipal (Vice?).
A última campanha da Secretaria da Mulher, finalizada dia 25
(11 a 25.10.13), com estrutura e ares de campanha eleitoral, afastou as últimas
dúvidas quanto a primeira dama ser o mais novo “quadro” político
disponível da família Coutinho (Vide ACP- MPxPMC, “100 dias com você”). Ou
alguém pensa que toda aquela movimentação foi simples integração à campanha
internacional “Outubro Rosa”(www.outubrorosa.org.br/historia.htm),
importantíssima na luta contra o câncer de mama? Pueril desconhecimento do jogo
político caxiense se se considera que os Coutinhos, fora da
Prefeitura, engrossaram o coro dos que acusaram os Marinhos de
desviarem verbas (mais de 1 milhão de reais) do Hospital
do Cânce r de Caxias e, agora, os Marinhos, na “oposição”, acusam os Coutinhos
de desviarem dinheiro destinado a criação de um Núcleo de Câncer no Hospital
Geral (mais de 700 mil reais).
Do exposto, não interessa muito quem é o autor da frase:
“Fora do governo não há solução!”. O que importa mesmo é que caso estas
reflexões estejam corretas, ficará mais uma vez demonstrado que os que estão no
governo, expresso no comando da máquina governamental, ou seja, no controle dos
órgãos públicos, sua funções, seus servidores e, principalmente, seus recursos
materiais e financeiros, podem inventar “soluções” para qualquer dificuldade,
inclusive elegerem “ilustres desconhecidos”.
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