O ano legislativo na Câmara Municipal de Caxias não poderia ter começado mais animado como visto na manhã desta segunda-feira, 06, na primeira sessão ordinária de 2023. A insatisfação dos vereadores com a concorrência desleal de secretários municipais, que estariam fazendo uma injustificada campanha eleitoral antecipada, foi o cerne de discursos inflamados no parlamento.
Coube a vereadora Ângela Machado puxar o coro dos descontentes com a prática de pessoas que estão em pastas do poder, e que são pré-candidatos nas próximas eleições, que estariam “coagindo funcionários”.
A vereadora asseverou nas suas denúncias e enfatizou que para conquistar o mandato, não teve nenhum cargo para impulsionar sua candidatura. “Não tive nenhum cargo que eu pudesse tá me aparecendo, coagindo, prendendo documento de ninguém pra mim chegar aqui e nem tava lá de parceria com o prefeito pra mim colocar em um local tal pra tá ganhando voto”, protestou.
Bastante incomodada com o assédio praticado contra funcionários do município, a vereadora deixou claro que não se amedronta com isso e que não foge à luta.
“Então, quem quiser passar por cima de mim, sejam homens ou mulheres, vai ter que mostrar mesmo o que fez, vai ter que mostrar sua história, porque eu mostrei a minha, ai eu vou contar a história de qualquer um que tentar”, disse ela deixando um claro recado aos marinheiros de primeira viagem que tentam se aventurar nos mares revoltos da política caxiense. “Não fujo à luta e eu tô aqui pro que der e vier. E se vier pra cima de mim, seja homem ou seja mulher, eu vou pra cima igual um trator desgovernado”.
Fazendo um resgate do seu início na política desde quando apoiava o saudoso deputado Humberto Coutinho, Ângela registrou sua luta para se eleger vereadora. “Eu levei foi lapada em 2012 e 2016. Eu tive vários sonhos frustrados pra chegar alguém aqui colocado, amparado só porque seja mulher ou seja homem, comigo não cola, porque se tiver que passar por cima, eu passo”.
Darlan Almeida, que assim como Ângela faz parte da base de sustentação do prefeito Fábio Gentil na Câmara, se mostrou bastante aborrecido com o assédio eleitoral que estaria sendo praticado por secretários municipais e também com a campanha eleitoral antecipada que já está sendo feita na cidade. “É uma campanha antecipada, já tem até crime eleitoral aqui”, iniciou o parlamentar ressaltando que “é direito de todos votar e ser votado, agora não podemos permitir o que está acontecendo descaradamente, campanhas, reuniões com cadeiras no meio das ruas. Tá errado”, protestou Almeida. “Vamos nos preocupar com a cidade de Caxias”.
“Secretário está mais furado que fundo de peneira”
Para Catulé, o fato de estarem ocupando a chefia de pastas importantes da administração acaba favorecendo os respectivos titulares que fazem assédio aos funcionários. “Esses secretários tem mais força”. “Já pensou o que é uma secretária de Educação fazendo pressão em cima de uma professora tua? Quem ganha? Já pensou o que é uma secretária irresponsável pagando cinegrafista pra fazer motim contra você na porta de uma escola? E o ruim de tudo é quando esse tipo de secretário está mais furado que fundo de peneira”.
Entre as pastas da administração municipal de Caxias, várias delas são ocupadas por políticos profissionais, onde muitos já chegaram a ocupar mandatos eletivos na Câmara. Mas o assédio eleitoral contra servidores que está incomodando os vereadores não parte dessa ala política do secretariado e sim de alguns deslumbrados que confundem o estilo conciliador do prefeito com a liberdade para brincarem num terreno que não conhecem e nem imaginam no que estão pisando.
Se continuar dando pano pra manga para essa turma, o prefeito Fábio Gentil pode colher muita dor de cabeça até as próximas eleições.
Dor de cabeça passa com um bom analgésico, já um infortúnio nas urnas...
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