Da Coluna do Sarney
Estamos
diante de uma ameaça sempre temida ao futuro da humanidade: as doenças
desconhecidas. Ao longo da história dos seres vivos que habitaram o nosso
planeta, milhões de espécies já desapareceram. Para citar o episódio mais
fascinante, citemos os dinossauros, que em teoria foi provocada por um meteoro
gigante que caiu no Golfo do México, transformando a atmosfera, devastando todo
o planeta e levando de roldão quase toda a vida, extinguindo muitas espécies,
inclusive as mais bem-sucedidas entre elas, as dos gigantessauros. Mas nada nos
diz que não tenha sido uma doença dessas.
O
gênero “homo” foi o mais bem-sucedido entre os mamíferos, embora seja recente,
três milhões de anos, o que é nada no tempo cósmico.
Já
venceu várias pandemias, resistindo a todos e, há setenta mil anos, se tornou
sapiens sapiens esse a quem Deus escolheu dando-lhe consciência e fala. E ainda
lhe deu capacidade de dominar o saber das coisas, defender-se delas e, através
da ciência, poder salvar-nos.
Estamos
diante de um desafio inédito. O coronavírus não tem remédio, não tem vacina e
pegou a humanidade de surpresa. É um vírus que se transmite numa velocidade que
nenhum outro, de pessoa a pessoa, quase nada sabemos sobre ele e somente agora
todo o saber científico do mundo se mobiliza para cercá-lo e encontrar um meio
de enfrentá-lo.
Nenhum
país do mundo estava preparado para esse desafio, os hospitais jamais pensaram
necessitar dos equipamentos que demanda na quantidade de infectados. Só temos
uma maneira de tentar evitá-lo: o confinamento. Esse procedimento gera muitas
consequências de natureza social, econômica e pessoal. Não podemos avaliar suas
consequências e amplitude.
Pelo
lado humano estamos todos submetidos a um stress muito grande. Testemunhamos as
tragédias pessoais das vítimas – pais, esposos, filhos, avós – e participamos
de sua emoção com nossas lágrimas.
Dentre
essas tragédias que todos vivemos a mais heróica é a dos que estão nas linhas
de frentes, como médicos, enfermeiros e todos que trabalham para salvar vidas e
aliviar o sofrimento dos doentes.
A
parte psicológica é a mais atingida. Li hoje a história de renomado
anestesista, dr. Alexandre Teruya. Acostumado ao risco da intubação dos
pacientes, ele confessa que teve medo quando teve que colocar a sonda na
traqueia do primeiro paciente com a Covid-19. Tendo passado aos filhos a
necessidade do ritual de descontaminação, a volta para casa não era mais o
alívio, mas a exacerbação do risco. A solução foi se mudar para o hospital.
A
escolha de Sofia, expressão que retrata a necessidade de escolher uma de
alternativas insuportáveis – no romance original, escolher um dos filhos para
salvar ou ter os dois mortos pelos nazistas – tornou-se já um desafio real para
os profissionais da saúde. Por isso devemos a eles nossa gratidão e nosso
apoio.
O
terrível dessa virose é que a única coisa que podemos fazer é ficar em casa.
Esse Sarney é a própria cura para a COVID-19...A ciência tem que estudá-lo. Essa raposa é eterna. Resiste a tudo e entrega todos, estando sempre do lado que lhe convém. Se brincar ele foi sobrevivente da era jurássica, onde os dinossauros foram extintos e ele não.