Jean Wyllys foi reeleito para
terceiro mandato e cerimônia de posse dos deputados está marcada para 1º de
fevereiro. Secretaria da Câmara informou que suplente é David Miranda
(PSOL-RJ).
Por
Fernanda Calgaro e Fernanda Vivas, G1 e TV Globo — Brasília
A assessoria
do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) informou nesta quinta-feira (24) que
o parlamentar não tomará posse para o novo mandato.
Ao G1,
a assessoria de Jean Wyllys informou que ele tem recebido ameaças e, por isso,
decidiu não assumir o terceiro mandato parlamentar. A posse dos deputados
federais eleitos está marcada para 1º de fevereiro. Jean Wyllys recebeu 24.295
votos na eleição de outubro.
Em uma
rede social, Jean Wyllys publicou nesta quarta: "Preservar a vida ameaçada
é também uma estratégia da luta por dias melhores. Fizemos muito pelo bem
comum. E faremos muito mais quando chegar o novo tempo, não importa que façamos
por outros meios! Obrigado a todas e todos vocês, de todo coração. Axé!"
Homossexual
assumido, Jean Wyllys tinha como principais bandeiras pautas relacionadas às
causas LGBT e para minorias.
De
acordo com a Secretaria-Geral da Câmara, o suplente de Jean Wyllys é o vereador
carioca David Miranda (PSOL-RJ).
Mais
cedo, nesta quinta, Jean Wyllys concedeu entrevista ao jornal "Folha de
S.Paulo" na qual informou que está no exterior e não pretende voltar ao
Brasil. Na entrevista, o deputado diz que tem sofrido ameaças de morte.
"O
[ex-presidente do Uruguai] Pepe Mujica, quando soube que eu estava ameaçado de
morte, falou para mim: 'Rapaz, se cuide. Os mártires não são heróis'. E é isso:
eu não quero me sacrificar",
disse Jean Wyllys à "Folha".
Ainda
ao jornal, Jean Wyllys disse que o PSOL, partido ao qual é filiado, reconhece
que ele se tornou um "alvo" e apoiou a decisão
dele de não retornar ao Brasil.
Ao G1,
a assessoria de Jean Wyllys afirmou que há uma campanha "muito pesada"
contra o deputado, que dissemina conteúdo falso sobre ele na internet o
associando, por exemplo, à pedofilia, ao casamento de adultos com crianças e à
mudança de sexo de crianças.
Assassinato de Marielle
De
acordo com a assessoria de Jean Wyllys, o volume de ameaças contra o deputado
aumentou após o assassinato
da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), em março do ano passado.
Ainda
segundo a assessoria, desde então, o parlamentar precisava andar de carro
blindado e com escolta de seguranças armados.
"Aumentou
a situação de violência, de seguidores do atual presidente [Jair Bolsonaro] que
fazem todo tipo de xingamento e ameaças nas redes sociais. Isso criou uma
situação cada vez mais difícil. Antes do assassinato da Marielle, ele já vinha
recebendo ameaças muito pesadas, inclusive direcionadas não só a ele, mas
também à família. E-mails falando endereço da mãe, endereço da irmã, da
família",
informou.
De
acordo com a assessoria, Jean Wyllys está no exterior, mas o local não será
informado por questão de segurança.
Situação 'muito grave' do país
À TV
Globo, o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, afirmou que a situação do país é
"muito
grave".
"A
situação do país é realmente muito grave, e a gente tem defendido que a
resistência democrática no país é necessária. O Jean era e ainda é uma nesse
processo de resistência democrática”, afirmou o presidente do PSOL. "A
decisão dele é de caráter pessoal", acrescentou.
Juliano
disse lamentar a decisão de Jean Wyllys porque o partido preferia que ele
continuasse na bancada. Mas ressaltou que o partido compreende e se solidariza
com o deputado.
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