Mariano de Castro Silva. Foto Reprodução |
O
médico Mariano de Castro, apontado pela Polícia Federal como operador do
esquema desbaratado pela Operação Pegadores, suicidou-se, na noite de hoje
(12), em Teresina (PI), onde estava em prisão domiciliar, conforme decisão do
TRF-1.
Segundo
as primeiras informações, ele se enforcou no apartamento onde morava na capital
piauiense.
Mariano
foi assessor especial da Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão (SES) a
partir de 2015, e nos últimos dias teve o teor de uma carta escrita de próprio
punho vazado na imprensa.
No
escrito ele revelava várias nuances do esquema desbaratado pela PF e apontava
envolvidos que já estiveram ou ainda estão trabalhando na SES.
Movimentação
Um dos
principais alvos da Operação Pegadores, Mariano de Castro teve moviemtnações
financeiras atípicas que chamaram atenção até do desembargador federal Ney
Bello, da Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1).
Em
despacho ao negar liberdade ao então acusado, o magistrado estranhou um fato
relacionado ao ex-assessor da Secretaria de Estado da Saúde (SES), apontado
como um dos líderes do esquema que desviou, segundo a PF, R$ 18 milhões da
Saúde estadual.
Após
relatar as várias acusações que pesam contra Mariano, Ney Bello fez uma
reflexão sobre o fato de um servidor “do terceiro ou quarto escalão de uma
Secretaria de Estado” ter movimentado somas tão altas de recursos públicos em
contas bancárias de sua titularidade, ou sob seu controle.
“Evidente
que há algo a ser investigado no conjunto fático aqui demonstrado, pois não
é razoável que um servidor do terceiro ou quarto escalão de uma Secretaria
de Estado movimente valores do montante apontado, faça pagamentos vultosos a
sua ‘sogra’ e através de uma empresa que – ao menos em fundada suspeita – é
dele próprio e não de terceira pessoa, mãe de sua esposa. Além de ser, a
priori, injustificável que receba valores de prestadores de serviço conforme
indicado”,
destacou Bello em seu despacho.
Está
claro que não só a PF, como também a Justiça, não acredita que Mariano atuava
sozinho. Parecia ser, antes, o testa de ferro de alguém maior.
Cheques
Foi
num cofre em um dos seus de Mariano de Castro, em Teresina, que os federais
encontraram, por exemplo, 59 cheques da empresa Márcio V. P. Santos – ME,
cada um no valor de R$ 20 mil. A empresa tem um contrato de R$ 1,8 milhão com a
Prefeitura de Coroatá e pertence a um filho do atual secretário de Saúde
daquele Município.
No
mesmo cofre, a PF encontrou, ainda, nada menos que 30 cheques emitidos pela
empresa BrasilHosp, cada um no valor de R$ 10,5 mil.
No
total, são R$ 315 mil em cheques da BrasilHosp que estavam em posse de Mariano
Silva.
Segundo
os federais, a empresa pertence a Luiz Marques Júnior, o que corrobora a
tese de que dois dos principais operadores do esquema de desvios na Saúde
estadual estão em associação criminosa – e reforçam suspeitas que já haviam
sido levantadas quando da descoberta de um manuscrito de Luiz Júnior
descrevendo débitos que a BrasilHosp tinha (ou tem) com Mariano (veja abaixo).
Condenação
Uma
mudança ocorrida em 2012 retirou Luiz Marques Barbosa Júnior do quadro
societário da BrasilHosp num movimento que parece ter sido pensado para evitar
o bloqueio de bens da empresa.
Em
dezembro daquele ano, saíram da sociedade Luiz Júnior e Vanessa Barbosa, e
entraram Silvia Brasil e Marlene Barbosa, respectivamente sogra e mãe do
ex-superintendente da SES.
Dias
depois, ele foi condenado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Maranhão a
devolver mais de R$ 7 milhões aos cofres públicos, além do pagamento de
multa de mais de R$ 700 mil, por causa de irregularidades na sua gestão à
frente da Saúde do Município de Coroatá.
Governo
do MA emite nota de defesa após suicídio de operador de esquema na SES
(Veja abaixo)
(Do
Blog do Gilberto Léda)
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