Circular encaminhada pelo
Comando de Policiamento do Interior a batalhões da corporação quer dados sobre
adversários por embaraços no pleito eleitoral
De O Estado
O Comando de Policiamento de Área do Interior
da Polícia Militar do Estado determinou o monitoramento de políticos que atuam
na oposição ao governador Flávio Dino, nos municípios que integram o interior
do estado, por suposto “embaraço ao pleito eleitoral”.
O ato, oficializado por meio da Circular
nº08/2018 e que deixa explícito o objetivo de operar sobre o processo eleitoral
deste ano, é acompanhado pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP),
que é quem conduz as ações de segurança pública em todo o território estadual.
O documento, já encaminhado para todas as
unidades da PM no interior do estado subordinadas ao comando, determina o envio
de respostas em caráter de urgência, tendo como referência outro memorando, o
de número 098/2018, que “versa sobre o Levantamento Eleitoral”.
A circular da PM destaca dois principais
pontos aos comandantes da Polícia Militar que atuam no interior. O primeiro,
sobre o monitoramento da oposição nos municípios e o segundo sobre a
atualização de dados do efetivo, nos respectivos municípios de atuação.
O documento cita a verificação de
ex-deputados, ex-prefeitos e ex-vereadores, que “podem causar embaraços”
nas eleições 2018.
“Os comandantes das UPMs deverão informar as
lideranças que fazem oposição ao governo local (ex-prefeito, ex-deputado,
ex-vereador) ou ao Governo do Estado, em cada cidade, que podem causar
embaraços ao pleito eleitoral”, destaca o documento.
“Os comandantes das UPMs deverão em seu banco
de dados atualizado de efetivo, informar a cidade que o policial está lotado”,
completa a ordem.
Escândalo –
O uso da força policial para o monitoramento de adversários políticos do
governador Flávio Dino, ato que faz alusão ao período da Ditadura Militar, pode
se tornar um novo escândalo no seio do Palácio dos Leões. O Executivo, contudo,
já se viu envolvido em ações que sintetizam o suposto uso da máquina.
Em 2016, por exemplo, O Estado revelou que o
promotor de Justiça Paulo Roberto Barbosa Ramos, da 2ª Promotoria de Justiça de
Defesa da Ordem Tributária e Econômica de São Luís, havia formalizado denúncia
contra a ex-governadora Roseana Sarney (MDB) no fatídico Caso Sefaz, com base
em documentos e relatórios de auditorias produzidas pelo próprio Governo
comunista.
Na sua quase totalidade, a denúncia foi
embasada em um relatório preliminar de auditoria da Secretaria de Estado da
Transparência e Controle (STC) – complementado posteriormente pelo relatório
final -; em um relatório de uma comissão formada por membros da Secretaria de
Estado da Fazenda (Sefaz) e da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e em um
processo administrativo aberto também na Sefaz.
Os documentos chegaram às mãos do promotor
Paulo Ramos praticamente um mês antes do oferecimento das denúncias criminal e
de improbidade administrativa contra 10 pessoas, dentre elas a emedebista.
Em novembro do ano passado a 2ª Câmara do
Tribunal de Justiça decidiu, por unanimidade, pelo trancamento da ação em
desfavor da ex-governadora. Os magistrados analisaram e constataram a falta de
provas contra a emedebista. No mês seguinte, a Justiça Estadual rejeitou uma
ação civil, formulada pelo mesmo promotor, contra a ex-governadora.
Saiba Mais
O governador Flávio Dino aparelhou
politicamente a Polícia Militar, ao efetivar o ingresso de capelães, indicados
por lideranças evangélicas da Assembleia de Deus, sem a prerrogativa do
concurso público, em troca de apoio político da igreja para o pleito deste ano.
Além da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, Dino incluiu capelães na
Polícia Civil.
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