Do blog do Diego Emir - O senador
Roberto Rocha (PSB), concedeu entrevista a revista Maranhão Hoje, publicada na
edição de julho. O presidente do PSB de São Luís, fala da sua intenção de
ajudar o governador Flávio Dino, eleições 2016, sua atuação no parlamento e
sobre seu partido.
As críticas que lhe são feitas, ele diz ser uma
necessidade de tentarem aplicar uma hegemonia, mas que ele mantém uma postura
coerente de acordo com o seu mandato, respeitando seus eleitores e a população
do Maranhão. Roberto ainda diz que não se movimenta para ser candidato a
prefeito ou governador.
Confira na íntegra a entrevista:
Revista Maranhão Hoje – Por que o senhor pediu para
incluir São Luís entre as cidades que poderão ter candidato a prefeito em 2016?
Roberto Rocha - A decisão de incluir as
capitais foi da executiva nacional, por conta da presença territorial do
partido. Não existe eleição em si mesma. A eleição de 2016 é um preâmbulo da
eleição presidencial de 2018. É nesse ângulo que o PSB, como, aliás, qualquer
partido de dimensão nacional, enxerga a próxima eleição municipal como um
momento de revitalização partidária. O Brasil cansou da polarização PT x PSDB,
e o PSB reúne condições para crescer como uma via alternativa, o que já teria
acontecido não fosse o trágico acidente que vitimou o nosso presidente Eduardo
Campos. O que eu assumi no partido foi o devido reconhecimento da importância
de São Luis, como uma das cidades que, por sua dimensão não pode estar fora
dessa estratégia.
Caso se concretize sua candidatura, isto não seria
um racha no grupo do governador Flávio Dino?
Não me movimento para ser candidato. Apenas, quando
perguntado, afirmei que não descarto a hipótese. É natural da dinâmica política
que assim seja. A questão de racha deve ser vista no ângulo correto. Em 2008
havia uma situação análoga a de hoje, com o governador Jackson Lago liderando a
frente de partidos que derrotaram o grupo Sarney. Isso não impediu que partidos
aliados, como o PSDB e o próprio Flávio Dino, pelo PCdoB, disputassem as eleições
municipais. Só haveria racha se algum partido aliado do governador se unisse a
seus adversários, o que não é o caso. Interessante que dois secretários do
governador já apareceram até em pesquisas como candidatos e ninguém se lembra
de perguntar a eles se querem rachar o Governo. Não podemos esquecer que essa é
uma eleição em dois turnos. É da lógica eleitoral que o primeiro turno sirva
para delimitar a força de cada grupo político, para no segundo turno fazer
confluírem aqueles do mesmo espectro de ideias.
Caso não seja o senhor o candidato,
o PSB teria outras alternativas para disputar a eleição?
Claro, o partido tem excelentes nomes qualificados
para essa e outras disputas.
O senhor teve participação de pelo menos metade do
atual governo municipal, como vice-prefeito. Qual seria sua posição na
campanha, de defesa ou de crítica à atual gestão?
De defesa do que achar positivo e de crítica ao que
entender que merece ser mudado.
Não haverá a menor condição de repetir a coligação
de 2016 entre PTC e PSB?
Claro que sim, desde que as condições políticas
convirjam para isso. O que não irá se repetir é o cenário político que em 2012
construiu essa aliança. Mas outro cenário pode, em tese, conduzir a uma aliança
semelhante. Ninguém comanda as circunstâncias políticas. Cabe-nos fazer as
leituras corretas e essas leituras não são ditadas por afinidades pessoais.
Além de São Luís, em quais outras cidades
maranhenses o PSB poderá disputar a prefeitura?
Naturalmente naquelas onde o partido já está
governando e eventualmente em outras, dependendo da correlação de forças. Não
há como saber, desde agora, quais seriam as cidades que reunirão condições para
tal.
O senhor também confirma as especulações de que tem
planos para disputar a eleição de governador em 2018?
As especulações, é bom que se diga, não são minhas.
Meus planos no momento são de ajudar o governo Flávio Dino e o Maranhão no
Senado, e é o que estou fazendo. Se 2016 ainda é turvo, imagine 2018!
A propósito, como tem sido sua relação com o
governador Flávio Dino?
Tem sido muito boa, mesmo com a demarcação de
diferenças de visão e análise política, o que é natural. O importante é que
trabalhamos para estreitar as convergências. As diferenças não nos impedem de
agir com a responsabilidade que o povo do Maranhão nos delegou nas urnas, para
representá-lo.
E que avaliação o senhor faz do governo?
As críticas que faço ao Governo já tornei públicas.
São pontuais e foram expressas inicialmente ao próprio governador. São, aliás,
críticas construtivas, para mudança de rumos onde eu acho que devem ser
mudados. Existe um pano de fundo que merece uma reflexão. Vejo em algumas
críticas que me fazem, um desejo de construir hegemonias políticas, com
hierarquias e subserviência. A meu ver, devemos caminhar no sentido oposto, da
diversidade, da ampliação da participação política, sem subordinação de
partidos.
Quanto à sua atuação no Senado, o que o senhor
teria a destacar?
São muitas frentes de trabalho. Participo de
diversas comissões com uma pauta extensa de trabalho. Fiz, neste primeiro
semestre, mais de trinta proposições parlamentares, dentre projetos de lei,
projetos de emenda à Constituição, requerimentos de informação ou proposta de
fiscalização e controle. Recentemente apresentei 26 emendas à LDO, Lei de
Diretrizes Orçamentárias, muita acima da média de 6 emendas apresentadas pelo
conjunto de senadores. Mas o que eu gostaria de destacar é o esforço permanente
para dispor de um gabinete capaz de formular e apresentar propostas, acompanhar
projetos e atuar junto ao Governo Federal para ajudar o Maranhão, seja o
Governo estadual, prefeituras ou entidades organizadas da sociedade.
Como tem sido sua convivência com os outros dois
senadores maranhenses?
Cordial, como deve ser. Ainda há poucos dias levei
ao ministro dos transportes um ofício do meu gabinete relativo à realização do
projeto da quarta ponte sobre o Rio Parnaíba. Para dar maior peso político ao
pleito solicitei e tive a alegria de contar com as assinaturas solidárias dos
senadores Lobão e João Alberto. Esse espírito, de cooperação para o que for
melhor para o Maranhão, é recíproco.
Com relação à crise econômica, que avaliação o
senhor faz?
É mais grave do que tem sido alardeado até o
momento e nós estamos apenas vivendo os primeiros efeitos, que devem se
agravar. Levará tempo e muito sacrifício para sairmos da crise. Por isso me
indispus com o ministro Kassab, que veio ao Maranhão anunciar benesses de forma
irresponsável. Será o Governo Federal esquizofrênico a ponto de a presidente
dizer uma coisa e seus ministros agirem de forma completamente diferente? A
única explicação possível é a prevalência da agenda política, do interesse do
partido do ministro, e isso eu denunciei, pois acho inaceitável. Eu atendi ao
pedido do Governo, apoiando o esforço fiscal, ainda que responsabilizando o
Governo pela crise. Isso teve um alto custo político, que eu topei pagar. Aí
vem um ministro na minha terra e diz aos eleitores maranhenses que tá tudo bem
e que o governo vai fazer em três anos muito mais do que fez em nove, quando a
economia ia bem? Deixei claro ao ministro e ao Governo Federal que não somos
uma aldeia de ingênuos
No Maranhão, as medidas tomadas pelo governo
para enfrentá-la estão corretas?
Não conheço em profundidade as medidas tomadas pelo
Governo. Isso envolve um leque amplo de ações. Penso que é papel do Governo
colocar a sociedade a par da extensão da crise, preparando a população para as
medidas duras que será obrigado a tomar.
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