Para mais de cem mil pessoas, o Programa Água Doce,
do Ministério do Meio Ambiente (MMA), tem sido uma solução para o consumo de
água potável, em mais de 200 municípios brasileiros, que são afetados com a
salinização de suas águas subterrâneas. No Maranhão, por iniciativa do Governo
do Estado, 46 municípios que já foram identificados nessa situação, serão
beneficiados pelo programa federal, que transforma água salgada em água doce
para o consumo humano.
“O governo do Maranhão está de parabéns pela
iniciativa de incluir o estado, nas ações do Água Doce, com a visita do
secretário de Agricultura Familiar, Adelmo Soares, e sua equipe, à coordenação
do programa. Aguardamos agora a minuta do projeto de ações do Água Doce no
Maranhão para análise do Ministério do Meio Ambiente”, disse o
coordenador nacional do Água Doce, Renato Saraiva.
As regiões do Maranhão onde estão os municípios que
apresentam alto teor de sal em suas águas são dos Cocais, do Baixo Parnaíba e
do Sertão Maranhense, mas, segundo o geógrafo da Secretaria de Estado de
Agricultura Familiar (SAF), Rivas Júnior, já há diagnósticos que apontam também
municípios da Baixada Maranhense, com o mesmo problema, devido ao avanço do mar
na região.
Segundo o vereador Pedro Belo, que representa os
municípios dos Cocais na luta pela implantação do Agua Doce no Maranhão, no
povoado Quilômetro 17, município de Codó, mais de mil famílias sofrem com a
presença de sal nas águas dos poços de suas casas. “A alternativa para o consumo de
água potável para essas famílias é o abastecimento com carro-pipa, uma
realidade difícil porque precisam comprar a água ou esperar doações”,
disse Pedro.
Situação igual enfrentam 360 moradores do Projeto
de Assentamento Novo Horizonte, também no município de Codó. Na área, foram
perfurados sete poços e nenhum deles serve para o consumo humano. “Isso
é grave para a saúde dos moradores que, na necessidade, acabam consumindo a
água e por isso há muitos casos de pessoas com problemas renais”,
afirma Pedro Belo.
Além de Codó, outros municípios da região como
Coroatá, Peritoró e Timbiras enfrentam problemas com salinização nas águas. A
situação é mais grave na comunidade Sardinha, em Timbiras.
Como funciona
O programa Água Doce funciona com dois sistemas, um
para poços com vazão de até três mil litros por hora e outro para poços com
vazão maior de até cinco mil litros. Para os menores, o equipamento faz a
separação da água, indo a potável para chafarizes e a salgada, denominada de
rejeito, para um reservatório, onde será evaporada.
No segundo sistema, chamado de unidade
demonstrativa, são instalados em poços com maior vazão, onde o rejeito, em
maior volume, é utilizado para a criação de peixes, que se adaptam facilmente à
água salgada, e para a irrigação de plantios da atriplex, uma planta, rica em
proteínas, que retém o sal e é utilizada para a fabricação de ração para
animais. `”É um ciclo que gera saúde, preserva o meio ambiente e gera renda para
as famílias”, frisou o secretário Adelmo Soares.
Mais IDH
Segundo o secretário Adelmo Soares, que foi a
Brasília pedir a inclusão do estado no programa, a ideia inicial é instalar 150
sistemas de dessalinização no Maranhão. “O programa é fundamental para a meta do
Governo do Estado de promover a melhoria da qualidade de vida de comunidades do
Maranhão, que sempre estiveram à margem, excluídas de políticas públicas, e o
Água Doce é importante ação pública de segurança alimentar e sustentabilidade”,
ressaltou Adelmo.
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Técnicos da SAF e do
MMA na inauguração da unidade demonstrativa de João Câmara (RN)
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Além da reunião com a
coordenação em Brasília, o secretário também esteve este mês, a convite do MMA,
na implantação do primeiro equipamento de dessalinização movido a energia
solar, no município de João Câmara, no Rio Grande do Norte.
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Secretário Adelmo
Soares em visita ao Sistema de Dessalinização de João
Câmara, no Rio Grande do
Norte.
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De acordo com os técnicos da SAF que avaliam os municípios
afetados, dos 30 municípios atendidos pelo Plano de Ações “Mais IDH”, 14 estão
entre os 46 já identificados com problemas de salinização nos poços. Além
disso, 60% dos municípios estão incluídos no Programa Nacional de Crédito
Fundiário (PNCF). “Com ações conjuntas, da política de territórios, com o Água Doce, e do
Crédito Fundiário, podemos beneficiar 1.286 famílias”, explicou o
coordenador da equipe, Rivas Junior.
De acordo com o diagnóstico da equipe da SAF é
necessário instalar 59 sistemas de dessalinização, 89 sistemas de recuperação
de equipamentos já existentes mas não funcionam adequadamente, além de 15
unidades demonstrativas para atender os municípios que possuem maior
concentração de sal e poços com maiores vazões de água. Cada sistema tem um
custo médio de R$ 250 mil e a unidade demonstrativa R$ 347 mil.
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