É
comum se ouvir falar de “fogo amigo” na política, que é quando os próprios
aliados conspiram uns contra os outros na tentativa de conseguir mais espaço
(leia-se benefícios) no grupo onde militam. Mas em Caxias esse “fogo amigo”
acaba de ganhar outro significado, pois o ato de tentar prejudicar um
correligionário partiu da família do mesmo.
No
estranho episódio de tentar ter acesso a pesquisa Escutec que poderia
beneficiar o candidato do PC do B para prefeito de Caxias antes mesmo da sua
publicação, inclusive com a identificação dos entrevistadores, o presidente da
agremiação política (PROS) que acionou a Justiça Eleitoral é um irmão do
pré-candidato a prefeito Adelmo Soares, o odontólogo Alberto de Andrade Soares.
O
benefício para o candidato pecebista nessa nova pesquisa se daria a partir de um entendimento do próprio advogado do PROS, que sustentou
em questionamento da primeira pesquisa que o fato do nome de Adelmo não estar
apresentado no questionário oferecido aos entrevistados obedecendo a ordem
alfabética, poderia lhe trazer prejuízo.
Na
primeira incursão na Justiça Eleitoral o PROS até chegou a obter êxito, mas a
decisão favorável não chegou a ser cumprida devido ao tempo exíguo entre o
cumprimento da decisão judicial e a impressão da edição do jornal O Estado do
Maranhão, contratante da pesquisa Escutec e que a veiculou no domingo.
Em
nova pesquisa Escutec, onde o próprio instituto é o contratante da mesma,
fez-se exatamente o que o Partido Republicano da Ordem Social – PROS, pleiteava
na contestação judicial da sondagem anterior.
As
novas alegações do advogado contratado pelo irmão de Adelmo Soares, o mesmo que
peticionou contra a primeira pesquisa, deixaram vários advogados perplexos
diante dos argumentos. “... serve a presente tutela de urgência
preparatória para requerer o pleno acesso ao sistema de controle interno da
pesquisa ora registrada, inclusive com os registros de datas e localização via
gps das entrevistas”, pede o advogado do PROS, o ex-procurador do
município de Caxias, James Lobo.
A
magistrada que julgou a Ação foi didática ao proferir sua decisão, onde explica
até mesmo qual o procedimento cabível no caso. “Como se verifica o meio
procedimental adequado para o acesso aos dados referentes a uma investigação de
opinião eleitoral dá-se através de mero requerimento, sem que haja a
necessidade de ajuizamento de Representação Eleitoral e menos ainda, pedido de
concessão de tutela de urgência”, ensina ela que faz ainda outra
observação relevante: “Ademais, o partido Representante só poderia
alegar fraude e repetição na pesquisa após ter acesso aos dados definitivos do
levantamento, oportunidade em que teria verdadeiras condições de comparar dados
e resultados e poder concluir que houve manipulação ou irregularidades de outra
ordem”, diz a Juíza da 4ª Zona Eleitoral de Caxias, Marcela Santana
Lobo em outro trecho da sua sentença.
Todos
em Caxias sabem a forma como a família de Adelmo Soares é unida e trabalha em
torno dos mandatos conquistados por ele desde que o mesmo ascendeu na política,
o que até já rendeu um ‘carinhoso’ adjetivo quando a classe política no município
se refere ao clã.
Não
quero crer que haja algum tipo de conflito de interesses na família do
candidato do PC do B a prefeito de Caxias.
Aposto
que o presidente do PROS, que é irmão de Adelmo, foi induzido ao erro na
avaliação de tentar colher alguma intempérie jurídica em relação a nova
pesquisa Escutec, que tem o mano como primeira opção nos diversos cenários
pesquisados, o que pode lhe ser bastante favorável.
Mas
eles são cristãos.
Precisam
renovar a fé.
E
também os argumentos jurídicos...
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