Caxias
figura no cenário político maranhense como a terra das disputas políticas mais
acirradas no estado.
Essa
tradição de “política quente” tem dominado o debate político no Maranhão desde
sempre, mas a avaliação dos últimos 40 anos, onde alguns daqueles que
participaram ativamente das eleições municipais de 1982 ainda estão vivos para
contar a história, merece uma análise desse período.
Na
disputa pela Prefeitura em 1982, os políticos de maior
expressão daquela época, José Castro/Hélio Queiroz numa chapa e
José Gentil/Getúlio Silva noutra, polarizaram aquele
pleito vencido por Castro e
que ficou marcado por toda uma geração de caxienses pelas fortes emoções provocadas
naquela eletrizante eleição.
Em
1988, o então jovem Paulo Marinho trouxe um discurso inovador
e
protagonizou uma inesquecível disputa pelo comando da Prefeitura de Caxias contra
o médico Sebastião Lopes de Sousa, onde sua campanha
pela anulação do voto, para com isso forçar
uma nova eleição que pudesse participar, consagrou a tradição de
disputas políticas na princesa do sertão. O
Maranhão inteiro voltou os olhos para Caxias e fomos destaque em rede nacional
de televisão. Apesar da grande repercussão, Sebastião Lopes foi eleito, mas teve
o mandato marcado por fortes conflitos políticos e veio a ser cassado no último ano do mandato.
Na
eleição seguinte, em 1992, Paulo Marinho já era deputado federal (foi eleito em
1990) e finalmente poderia tentar realizar seu sonho de comandar a Prefeitura
de sua terra natal. Apesar de favorito, PM tinha pela frente o ex-prefeito
Hélio de Sousa Queiroz, o representante do grupo dominante e que tinha entre
seus correligionários as lideranças tradicionais de então. Mesmo assim, Marinho
foi eleito e fez um mandato, embora inovador e com méritos, mantendo uma beligerância
constante contra seus opositores e contra
qualquer um que ousasse contrariá-lo.
O
estilo de enfrentamento contínuo contra os desafetos, adotado durante a
gestão de Paulo Marinho na Prefeitura, motivou a união de
praticamente todas as correntes oposicionistas na sua sucessão, com exceção do
PT ou um ou outro partido considerado radical, que nas eleições anteriores, e
também nas seguintes, não aceitavam compor com agremiações consideradas por
eles como reacionárias ou de direita.
Caxias
teve em 1996 uma eleição histórica pela cadeira principal do Palácio da Cidade.
Novamente o empresário Hélio Queiroz tentava voltar ao comando da Prefeitura,
onde havia sido prefeito após o falecimento do titular, José Castro,
entre 1985/88.
Indicando
o médico Ezíquio Barros como candidato a sua sucessão, era o próprio Paulo
Marinho que se apresentava como o protagonista daquele pleito, levando o seu
candidato, que apresentava chances ínfimas no início da campanha, a tornar-se prefeito em 1996 por uma pequena margem de votos.
Após
um turbulento mandato de
prefeito,
Ezíquio tem o mandato cassado e as intempéries advindas logo em seguida facilitam
a eleição de Márcia Marinho em 2000, cuja vitória foi favorecida pela incapacidade
dos adversários em fazer a leitura exata
daquele
momento político, onde as duas maiores
forças da época, Humberto Coutinho e Júnior Martins, também se
lançaram
candidatos a prefeito.
Mantendo
uma forte ingerência junto a esposa prefeita, Paulo Marinho manteve a mesma política
de enfrentamento aos adversários naquele mandato e com isso favoreceu a união
de praticamente todas as forças oposicionistas em 2004 (exceção do PT) num movimento que
novamente chamou a atenção da classe política do Maranhão.
Unidos
em torno de Humberto Coutinho, as oposições conquistam a Prefeitura e Caxias
assiste ao surgimento de um grande líder. Com seu estilo conciliador, Humberto se
reelege em 2008 sem muita dificuldade contra Márcia Marinho, que tentava
retornar ao comando do município.
Em
2012 novamente um membro da família Marinho, Paulo Marinho Jr, tenta suceder
Humberto Coutinho, que lança o sobrinho, Leonardo, para herdar seu espólio
político. Humberto Coutinho novamente colhe os frutos de sua política de
conciliação e consegue emplacar o sucessor, que também
foi favorecido pela divisão das oposições com a candidatura a prefeito do
médico Helton Mesquita.
Na
última eleição para prefeito em 2016, Caxias viu a polarização entre 2
candidatos, onde Fábio Gentil aliou-se a família Marinho e ao vereador Catulé,
as duas mais importantes forças de oposição, e costurou uma delicada rede de
apoiadores em torno de sua candidatura, que embora fosse desigual do ponto de
vista financeiro, tinha uma identificação muito
forte com os anseios da população.
Fazendo
uma gestão marcada pela inabilidade política
e os conselhos de assessores amadores, que tinham uma ascensão
sobre praticamente todas as suas ações, Leonardo Coutinho, mesmo com um forte
poder econômico e político, perde a eleição para Fábio Gentil.
Com uma administração onde o forte apelo
popular é uma das suas características, Fábio Gentil usou
seu carisma para se tornar uma liderança política de grande influência na
região. Fábio foi de certa forma favorecido após a morte de Humberto Coutinho,
o único líder político que ainda poderia, pelo menos hipoteticamente,
representar alguma ameaça para sua hegemonia na política caxiense.
As
vésperas das eleições 2020, os números aferidos em pesquisas de opinião preveem
uma vitória avassaladora de Fábio Gentil.
Projetando
uma superioridade de 4 vezes a votação para o segundo colocado, as eleições em
Caxias tendem a ser tranquilas e de certa forma apáticas, onde o brilho e a
atenção de outrora não mais chamarão a atenção dos olhos
da classe política do Maranhão.
E
essa passividade nas eleições não orna com a tradição política da princesa do sertão.
O que é uma pena...
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