Revelação
foi feita em oitiva na 2ª Vara Criminal de São Luís, no último dia 12.
Jornalista foi executado após publicações sobre agiotagem
DO ATUAL 7
O
ex-chefe da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic), Tiago
Bardal, delatou em oitiva na 2ª Vara Criminal de São Luís, no último dia 12,
que o secretário estadual de Segurança Pública, Jefferson Portela, mandou
engavetar investigações relacionadas ao Caso Décio Sá.
A informação foi divulgada com exclusividade pelo blog do Neto
Ferreira, nesta quinta-feira 28, que já havia divulgado ontem outro trecho
do depoimento de Bardal, sobre investigações envolvendo desembargadores do
Tribunal de Justiça do Maranhão.
Blogueiro
e jornalista do jornal O Estado, Décio Sá foi executado com seis tiros de
pistola .40, de uso exclusivo das forças armadas, na noite de 23 de abril de
2012, em um bar na orla da capital, devido a uma série de publicações em seu
blog sobre a máfia da agiotagem no Maranhão.
Dos 12
denunciados pelo crime, apenas dois já foram condenados e ainda estão presos.
Segundo
depoimento de Tiago Bardal, houve um pedido de reabertura do caso pela
Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ), com base numa representação feita pelo
então deputado estadual Raimundo Cutrim (PCdoB). Portela, porém, diz Bardal,
com receio de que Cutrim fosse promovido eleitoralmente com o eventual avanço
das investigações em supostos novos co-autores do crime, determinou a não
instauração de qualquer procedimento investigatório.
“Jefferson
Portela pega a pastinha que veio da Procuradoria [Geral de Justiça] e fala:
isso aqui você vai levar pra Seic e você vai engavetar. Aí eu falei porque
doutor? Porque nós estamos em ano de eleição, vai chegar eleição e Cutrim só
quer isso para se aparecer, se a gente conseguir chegar em nome de outras
pessoas realmente, o nome do Cutrim que vai pra cima e ele vai se reeleger.
Para com a investigação”,
delatou.
O
ex-chefe da Seic, considerado
homem-bomba por aliados do Palácio dos Leões em razão das revelações no
depoimento, disse a ordem não foi obedecida, e a investigação sobre o Caso
Décio Sá avançou, mesmo contra a vontade de Portela.
Empreiteiro
De
fato, como mostrou o ATUAL7 há cerca de duas semanas, depoimentos tomados pelo
Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do
Ministério Público do Maranhão, e pelo Departamento de Combate ao Crime
Organizado (DCCO), que integra a Seic, apontam para o envolvimento de pessoas
da construção civil na execução de Décio Sá.
Segundo
a documentação, diversas pessoas já foram ouvidas pela força-tarefa, dentre
elas o empresário José Raimundo Chaves Júnior, o Júnior Bolinha; o policial
militar Fábio Aurélio Saraiva Silva, o Fábio Capita; e um empreiteiro
maranhense.
Esse
empreiteiro, inclusive, por meio de um habeas corpus, conseguiu acesso à
integra da investigação, após sua defesa perceber que, apesar de inserido na
apuração como testemunha, estava, na verdade, sendo
alvo do Gaeco e DCCO como possível mandante do crime.
Outro lado
O
ATUAL7 enviou e-mail à SSP e à Polícia Civil do Maranhão, solicitando um
posicionamento oficial sobre as revelações feitas por Tiago Bardal em
depoimento, e aguarda as manifestações.
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