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A polêmica em torno do “Mais Médico” é a prova de que o Brasil está esquizofrênico

15.11.18

Todo esse debate, se é que se pode chamar de debate, em torno do “fim” do Programa Mais Médico é a prova cabal que o Brasil está esquizofrênico, ou melhor dizendo: deixaram o nosso país com um grave quadro de esquizofrenia.

Do Blog do Robert Lobato

Em 1994, o Governo Federal lançou o Programa de Saúde da Família (PSF).
O PSF surge como estratégia de reorganização e reorientação do modelo tecno-assistencial de saúde no país.

Segundo especialistas, a concepção do PSF visou “substituir o modelo ortodoxo, hospitalocêntrico e curativista, por um modelo de respeito à integralidade e a universalidade da assistência, atendendo aos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS).” (Cfe. Portal da Educação).

Já em 2013, Governo Federal, sob a presidência de Dilma Rousseff, lança o Programa Mais Médico (PMM), com o objetivo de ampliar o número de médicos nas regiões de maior vulnerabilidade social e sanitária, tanto em municípios pequenos ou médios porte, quanto na periferia dos grandes centros, por meio de uma chamada pública para contratação desses profissionais para a rede de atenção básica – em verdade, o PMM já nasce em meio a polêmica de contratar médicos estrangeiros, na sua maioria cubanos.

Polêmicas à parte, o PMM pode ser considerado um produto bem sucedido do PSF, que tinha o conceito de atendimento de saúde assistida no modelo justamente de Cuba, cuja humanização médica é uma das principais características.

Agora é anunciado o fim do Mais Médico, pelo menos nos moldes do que foi concebido em 2013 com o governo do PT.

O Brasil esquizofrênico

O presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou, via redes sociais, que: “Condicionamos à continuidade do programa Mais Médicos a aplicação de teste de capacidade, salário integral aos profissionais cubanos, hoje maior parte destinados à ditadura, e a liberdade para trazerem suas famílias. Infelizmente, Cuba não aceitou”.

De uma forma de outra, o Programa Mais Médico traz no seu DNA uma, digamos, carga ideológica que não pode ser ignorada e vem desde o Programa de Saúde da Família.

Com o fim do PMM “petista”, algumas questões fundamentais devem ser colocadas: “Morre” o programa ou o conceito é que será modificado? Outra: O futuro governo Bolsonaro tem a dimensão exata do que pode acontecer com a saúde do país se os médicos cubanos resolverem deixar o país imediatamente? E a última: Quantos desses profissionais cubanos estão dispostos a desertar da “Ilha” e continuar no Brasil com o PMM sob uma nova realidade?

De qualquer forma, todo esse debate, se é que se pode chamar de debate, em torno do “fim” do Programa Mais Médico é a prova cabal que o Brasil está esquizofrênico, ou melhor dizendo: deixaram o nosso país com um grave quadro de esquizofrenia.

Ninguém se entende mais. Todos são contra a qualquer coisa que vem do “outro lado”, sem falar nos oportunismos políticos e no festival de hipocrisia que impera na sociedade.

A impressão é de que o Brasil se transformou numa espécie de Maranhão onde tudo é resumido em ser “isso” ou “anti-isso”. Não há mais ponto de equilíbrio!

Nosso país precisa de um divã.

O problema é saber quem seria o terapeuta ideal…

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