Por
Edson Vidigal, advogado, foi presidente
do Superior Tribunal de Justiça e do Conselho da Justiça Federal.
Satisfeito
aí, colega, com essas coisas que a cada dia mais incendeiam a tua indignação?
Quem,
negando a realidade das coisas, se disser satisfeito é mais um dentre as
centenas de milhares de oportunistas e aproveitadores das mazelas do Poder ou
um incurável doente mental.
Nesse
cenário de novas revelações de superfaturamentos em contratos de obras públicas
e desvios bilionários de dinheiros dos contribuintes para quase todos os
partidos políticos e campanhas eleitorais de seus candidatos, eis que desponta
agora das águas paradas de todos os quintais, poças e até jardins, sua
excelência o mosquito conhecido como aedes aegiptis, o inimigo que
faltava.
Todo
Governo em crise de dissenso com a sociedade necessita para reverter a
apatia precisa de um inimigo comum. Quando não o tem, inventa-o. E daí as
zelitis, a mídia golpista e tal.
Por
décadas o inimigo externo foi o imperialismo americano e no campo interno os
tubarões dos preços, culpados pela carestia.
Agora
é o mosquito da dengue que está de volta armado para a sua guerra com os seus
bilhões de mísseis invencíveis chamados zika . Um só desses misseis
pode se apossar do futuro de uma pessoa que ainda está para nascer, infectando
- lhe o cérebro com microcefalia.
Ontem
correu o mundo que a China já registrou o primeiro caso do ataque do mais
temido dos mosquitos. Governos do mundo inteiro examinam estratégias para o
enfrentamento desse poderoso inimigo.
Entre
nós, parece ter chegado em boa hora para o atual Governo que, aproveitando-se
do pânico um tanto natural, tenta conseguir passar para um segundo plano as
outras más noticias do estoque de escândalos governamentais.
A
crise nos faz sofrer todo dia de vergonha e de raiva não se resume a uma
unidade. É como a hidra que se alimenta ao mesmo tempo por seus muitos
tentáculos.
Então,
a crise é politica, é econômica, é fiscal, é tributária, mas é, sobretudo,
moral e essa, sim, a pior de todas porque corrói valores básicos da civilidade,
princípios essenciais à sobrevivência da democracia.
Que
fazer? Tudo desse Estado de coisas seguirá num crescendo para pior se não
mudarmos o Governo. Deixa-lo como está para ver como é que fica, é querer tirar
empurrando com a barriga a vaca atolada no brejo.
Então,
detecta-se que as consequências nefastas são da gestão incompetente, que já se
provou inoperante e incapaz diante de outras questões, e comprovando-se que
ela, a gestora, não está à altura do cargo por ser bem menor que ele, vai se
permitir que o País continue desgovernado ladeira abaixo até afundar-se ainda
mais?
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