Todo esse debate, se é que se pode chamar de
debate, em torno do “fim” do Programa Mais Médico é a prova cabal que o Brasil
está esquizofrênico, ou melhor dizendo: deixaram o nosso país com um grave
quadro de esquizofrenia.
Do Blog do Robert Lobato
Em 1994, o Governo Federal lançou
o Programa de Saúde da Família (PSF).
O PSF surge como estratégia de reorganização
e reorientação do modelo tecno-assistencial de saúde no país.
Segundo especialistas, a concepção do PSF
visou “substituir o modelo ortodoxo, hospitalocêntrico e curativista, por
um modelo de respeito à integralidade e a universalidade da assistência,
atendendo aos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS).” (Cfe.
Portal da Educação).
Já em 2013, Governo Federal, sob a
presidência de Dilma Rousseff, lança o Programa Mais Médico (PMM), com o
objetivo de ampliar o número de médicos nas regiões de maior vulnerabilidade
social e sanitária, tanto em municípios pequenos ou médios porte, quanto na
periferia dos grandes centros, por meio de uma chamada pública para contratação
desses profissionais para a rede de atenção básica – em verdade, o PMM já nasce
em meio a polêmica de contratar médicos estrangeiros, na sua maioria cubanos.
Polêmicas à parte, o PMM pode ser considerado
um produto bem sucedido do PSF, que tinha o conceito de atendimento de saúde
assistida no modelo justamente de Cuba, cuja humanização médica é uma das
principais características.
Agora é anunciado o fim do Mais Médico, pelo
menos nos moldes do que foi concebido em 2013 com o governo do PT.
O Brasil esquizofrênico
O presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou,
via redes sociais, que: “Condicionamos à continuidade do programa Mais
Médicos a aplicação de teste de capacidade, salário integral aos profissionais
cubanos, hoje maior parte destinados à ditadura, e a liberdade para trazerem
suas famílias. Infelizmente, Cuba não aceitou”.
De uma forma de outra, o Programa Mais Médico
traz no seu DNA uma, digamos, carga ideológica que não pode ser ignorada e vem
desde o Programa de Saúde da Família.
Com o fim do PMM “petista”, algumas questões
fundamentais devem ser colocadas: “Morre” o programa ou o conceito é que será
modificado? Outra: O futuro governo Bolsonaro tem a dimensão exata do que pode
acontecer com a saúde do país se os médicos cubanos resolverem deixar o país
imediatamente? E a última: Quantos desses profissionais cubanos estão dispostos
a desertar da “Ilha” e continuar no Brasil com o PMM sob uma nova realidade?
De qualquer forma, todo esse debate, se é que
se pode chamar de debate, em torno do “fim” do Programa Mais Médico é a prova
cabal que o Brasil está esquizofrênico, ou melhor dizendo: deixaram o nosso
país com um grave quadro de esquizofrenia.
Ninguém se entende mais. Todos são contra a
qualquer coisa que vem do “outro lado”, sem falar nos oportunismos políticos e
no festival de hipocrisia que impera na sociedade.
A impressão é de que o Brasil se transformou
numa espécie de Maranhão onde tudo é resumido em ser “isso” ou “anti-isso”. Não
há mais ponto de equilíbrio!
Nosso país precisa de um divã.
O problema é saber quem seria o terapeuta
ideal…
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