Da coluna do Mário Assunção, do Portal Noca
Após vários meses paradas, as escolas terão
que se adequar aos novos tempos. Segundo uma pesquisa da Universidade de
Minnesota, nos Estados Unidos, o coronavírus deve continuar circulando pelo
mundo pelos próximos dois anos. Isso significa que, mesmo que a pandemia
retroceda no Brasil, o retorno das aulas presenciais exigirá o máximo de
cautela para que este ambiente não se torne um foco de transmissão da doença.
Assim como tem acontecido em outros países,
por aqui também serão necessárias diversas adaptações na infraestrutura das
escolas para torná-las mais seguras, além do desenvolvimento de ações junto às
famílias dos estudantes para orientar sobre a nova realidade escolar e cuidados
com questões socioemocionais que possam impactar o aprendizado.
O que deve ser feito por parte da direção da escola?
Uma das principais preocupações dos órgãos
educacionais é um possível aumento da evasão escolar, o que se deve ao longo
período de paralisação das aulas presenciais. Ainda que as redes de ensino
estejam oferecendo aulas remotas, esse será um grande desafio a ser enfrentado.
Diante disso, o papel dos diretores escolares
se torna ainda mais importante no pós pandemia, sendo preciso criar
planejamentos focados em diminuir os prejuízos na aprendizagem dos alunos e que
consigam engajá-los mesmo em tempos difíceis.
De acordo com o guia de diretrizes para
diretores escolares, escrito pela Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), o ideal é que as escolas acompanhem e
estimulem os alunos, o que pode ser feito por meio da criação de um sistema de
comunicação para fazer checagens diárias sobre cada estudante.
Além disso, o diretor é responsável por
comandar as adaptações a serem feitas tanto na infraestrutura da escola quanto
na postura a ser adotada por professores e colaboradores daqui para frente.
Outra questão importante é a administração do
rodízio de turmas e dos horários de entrada e saída dos alunos, uma vez que o
retorno das aulas presenciais acontecerá de forma gradual e é preciso evitar
aglomerações nos espaços internos.
Como preparar a comunidade e os colaboradores?
É certo que a escola não vai ser o mesmo
ambiente deixado pelos estudantes no mês de março de 2020. Agora, será
necessário cumprir uma série de regras indispensáveis para a manutenção da
saúde e bem-estar de toda a comunidade escolar.
Por isso, antes mesmo de os estudantes
voltarem para a escola, é importante enviar informativos para as famílias e
colaboradores sobre os novos comportamentos exigidos nesse espaço.
Além disso, é recomendado aplicar uma
avaliação de nivelamento para saber o quanto os alunos aprenderam durante as
aulas remotas. A partir daí, os professores poderão preparar as suas revisões
de conteúdo conforme a necessidade das turmas.
Como planejar a comunicação com os pais?
A pandemia vai deixar muitos impactos
emocionais, que poderão atingir os alunos a curto e longo prazo. Entre os
problemas que podem surgir estão a ansiedade e a falta de concentração.
Levando isso em consideração, as escolas
deverão ter um contato frequente com os pais e alunos, visando compreender
quais são as dificuldades que eles estão enfrentando e, assim, tentar
ajudá-los.
É importante investir em uma comunicação que
seja transparente, verdadeira e continuada com todos os agentes educacionais, o
que pode ser feito por meio de plataformas tecnológicas que aproximem as
famílias das escolas.
Não basta saber como os alunos e seus
familiares estão se sentindo, também é recomendado oferecer suporte psicológico
para que eles possam superar os traumas e não deixem que suas angústias
interfiram no desempenho escolar.
Como preparar a infraestrutura da escola e treinar a
equipe?
Atentar-se para os aspectos relacionados à
infraestrutura da escola é crucial para que o retorno das aulas presenciais
seja mais tranquilo. Algumas das principais ações a serem realizadas são:
• desinfecção
das escolas;
• determinação
do uso de máscaras;
• instalação
de tendas de desinfecção dos estudantes na entrada da escola;
• controle
de temperatura;
• redução
das turmas por meio da adoção de rodízios;
• distribuição
de um número maior de torneiras para a lavagem das mãos;
• disponibilização
de álcool em gel nos ambientes internos;
• afastamento
dos funcionários e professores que pertencem ao grupo de risco;
• reorganização
das carteiras em sala de aula e mesas das áreas de convivência para respeitar o
distanciamento social.
Mais do que fazer as adaptações necessárias
para a segurança dos alunos, também é preciso disponibilizar treinamento para
todos os membros da equipe da escola para que aprendam a lidar com as novas
práticas impostas na realidade atual.
É indicado contar com funcionários que possam
fiscalizar se a infraestrutura vai continuar sendo suficiente para proteger os
alunos ao longo do tempo e para assegurar que todas as pessoas cumpram as
normas internas, evitando comportamentos que tragam risco para o local.
O que os outros países estão fazendo para o retorno das
aulas presenciais?
A pandemia está desacelerando em muitos
países, permitindo que as escolas reabram. Portugal, considerado como um
exemplo no combate à covid-19, criou medidas extras de limpeza, investindo na
distribuição de desinfetantes e equipamentos de proteção e higiene.
Também na Europa, a França orientou as
escolas sobre quais são os produtos de desinfecção mais adequados para esses
locais, assim como a frequência de higienização a ser seguida. Maçanetas,
interruptores e sanitários, por exemplo, precisam ser limpos várias vezes
enquanto o chão pode ser desinfectado uma vez por dia.
Os países da Ásia estabeleceram o uso de
tendas para a desinfecção nas entradas das escolas, além da checagem da
temperatura dos alunos.
Em Pequim, a capital da China, estão sendo
testadas pulseiras inteligentes, que medem a temperatura dos estudantes em
tempo real e os pais podem checá-las por um aplicativo de celular. Caso alguém
esteja com a temperatura acima de 37ºC, o que é um dos sintomas da covid-19, os
professores são alertados e orientados a providenciar a retirada do aluno da
escola imediatamente.
Por outro lado, em Israel, apenas as crianças
a partir da 4ª série devem usar máscara, o que acende um alerta vermelho, pois
o público que está livre dessa obrigação continua sendo um vetor do vírus. Sem
falar que também há um desafio maior em manter os pequeninos afastados —
condição que pode desencadear a transmissão do vírus.
O retorno das aulas presenciais tende a ser
um momento delicado e de insegurança para as famílias. Desenvolver um
planejamento seguro para esta etapa é essencial para que as escolas possam
amenizar a preocupação dos pais e fazer com que os alunos voltem a se sentir
bem neste lugar.
(Por:
Plataforma Eleva)
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