Por Edson
Vidigal, advogado, foi Presidente do Superior Tribunal de Justiça e do
Conselho da Justiça Federal.
Quem saberia dizer o que realmente se passou pela
cabeça do Dirceu para ele dar àquele labrador tão simpático e comunicativo com
as crianças, um nome tão vulgar, quase beirando o preconceito de cor?
Ao mudar-se para Asa Norte, eis que reassumia seu
mandato parlamentar, Dirceu deixou com a Dilma, que o sucedera na Casa Civil, o
“Nêgo”.
Nas caminhadas matinais pela orla da península, a
Dilma mantinha sempre discreta distancia do Nêgo, que parecia afeiçoar-se mais
ao segurança que o conduzia.
Àquela altura, brincadeira ou não, corria nos
desvãos do poder em Brasília que o Dirceu, precavidamente, mandara inocular no
Nêgo um micro chip de espionagem.
O que tem de cachorro hoje no Brasil, algo em torno
de 53 milhões, segundo o IBGE, um labrador tão simpático quanto o Nêgo não
poderia ser dispensado numa campanha eleitoral, aliás, milionária e criativa
como foi a da Dilma.
Os marqueteiros acharam que a Dilma poderia fazer
incrível média com as crianças e com o povo em geral se aparecesse na mídia
impressa e televisada, em fotos e filmes, passeando pela aí com o Nêgo.
Quer queiram ou não, o agente secreto do Dirceu fez
um bom trabalho na campanha, inclusive ajudando a dar retoques mais humanos
àquelas feições da Dilma quando ela amanhecia invocada, com aquela cara amuada
de poucos amigos.
Eleita Presidente, ao mudar-se para o Palácio da
Alvorada, o Nêgo foi na bagagem. Não demorou e numa manhã, ela viu uma cena que
lhe pareceu intragável – o Nêgo fingindo avançar, mas recuando e latindo ao
derredor das emas. Era o seu jeito de brincar. Foi o bastante para a Presidenta
deportar o Nêgo para a Granja do Torto.
No exilio o Nêgo se deu bem. Conheceu uma labradora
que lhe deu três lindos filhotes aloirados. Um deles a Dilma deu a Senadora
Hoffman. Não se teve mais noticias do Nêgo e de sua fêmea e de suas outras
crias.
A Rainha Elizabeth 2ª presenteou com uma felpuda
cadelinha o então Presidente Jânio Quadros, que apelidou-a de “Muriçoca”. Jânio
não adotou só o genro de quem, aliás, andou se queixando. Adotou também cães
vira latas que encontrava sem donos pelas ruas do Guarujá. Chamava-os pelo dia
da semana em que os levava pra casa. Assim – segunda feira, quinta feira. E
tal. Era de verdade o carinho com que ele e a Tutu, sua filha, cuidavam dos
cães.
Quando se viu sem saída em seu bunker em Berlim,
Hitler matou “Blondi” sua cadela de estimação dando-lhe uma pastilha de
cianureto e depois um tiro de pistola no céu da boca.
Depois disso desapareceu deixando duas lendas – a
primeira a de que teria, ele também, se matado com um tiro na boca e seu
corpo depois incinerado com gasolina a céu aberto em frente à chancelaria.
Na outra versão o maluco teria fugido num submarino
para a Patagônia Argentina com direito a uma parada técnica em Guimarães, no
Maranhão.
Uma das ultimas ordens que a Dilma deu como
Presidenta antes de ir embora do Palácio da Alvorada foi mandar matar o Nêgo.
Poderia manda-lo de volta ao Dirceu. Ou doa-lo a algum servidor. Mas, não. A
ordem presidencial saiu seca – matem o Nêgo. O motivo? Estava velho e doente.
Imaginas se ela não fosse tirada a tempo e se isso vira precedente...
Imaginas se ela não fosse tirada a tempo e se isso vira precedente...
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