Prefeitura ainda é a principal empregadora; a construção civil,
segundo setor que mais absorve mão de obra, oferece vaga para auxiliares,
pedreiros e mestres de obra; comércio está em queda e não emprega com a
frequência de antes
O Estado - Está difícil conseguir emprego em Caxias. A
Prefeitura continua sendo a principal empregadora, seguida do setor da
construção civil, que ultimamente tem absorvido ajudantes e pedreiros, além de
mestres de obra. Quem não se encaixa em nenhum desses perfis de trabalho, está
desempregado ou precisa recorrer a outros ofícios sem amplitude.
José Marcelo Pereira de Sousa está há oito
meses sem emprego formal. Apenas com ensino médio no currículo, ele trabalhou
durante três anos como balconista em um estabelecimento comercial, mas teve de
sair do emprego por conta de redução do quadro de funcionários. Desde então,
tem tentado encontrar uma nova oportunidade.
"A empresa teve de cortar custos, e quem
estava há mais tempo ‘dançou’ para não ter de pagar nossos direitos. De seis
funcionários, só três ficaram por causa da crise", revelou o agora
desempregado José Marcelo.
Considerado há alguns anos como um dos
setores que mais empregavam em Caxias, hoje o comércio já não apresenta o mesmo
reflexo de crescimento. Pouca mão de obra é gerada no setor e alguns
empreendedores argumentam que estão reduzindo custos para não ter de dispensar
seus funcionários. "Deixamos de comprar produtos novos desde janeiro. A
meta é arrecadar para pagar as contas e manter o que já temos. O comércio está
fraco em termos de venda e isso tem prejudicado muito a gente. Até o Dia das Mães,
quando achávamos que íamos vender bem, não tivemos o faturamento
esperado", reclamou a lojista Rosalinda Gomes.
Sem
vendas - As vagas no setor do comércio estão cada vez mais
escassas. Quem já está empregado tenta se manter. A saída é usar a persuasão
para a clientela comprar. Mas a tarefa não é fácil, como atesta o vendedor
Alfredo José de Oliveira. O comerciário trabalha no comercio varejista há dois
anos, mas já trocou de empregador duas vezes nesse período. Ele argumenta que a
demissão não se deu por justa causa, mas porque um dos empreendimentos onde
trabalhava decretou falência.
"Infelizmente, tenho que estudar. Ainda
não terminei o ensino médio. Preciso ajudar em casa e é aqui no comércio que eu
consegui um emprego para garantir o sustento. Se a gente não se empenhar para
vender, o dono da loja não tem lucro e a gente acaba ficando sem emprego. Já
senti isso na pele. Não quero passar por isso de novo", comentou Alfredo
José.
Lojistas
- Precisando se reinventar para manter os lucros, muitos lojistas estão
apostando em mudança no ramo em que atuam. Vender roupas baratas, compradas em
feiras de Fortaleza e Caruaru, é o grande filão do momento.
Aparecida Goudinho é uma dessas empresárias.
Ela tinha uma loja de artigos de R$ 1,99 e recentemente trocou toda a
mercadoria pela venda de peças com o valor único de R$ 10,00. Sucesso garantido
de vendas, principalmente nos dias de pagamento do funcionalismo público. Ela
não revela o faturamento, mas garante que a troca foi oportuna.
"Não tive que demitir ninguém, o que foi
bom demais, e, principalmente, para eles. Hoje, emprego está difícil e
reconhecemos que precisamos nos adaptar a nova realidade para não fechar as
portas. Se o faturamento não estava bom de um jeito, partimos para outra coisa.
Não abrimos novos postos de trabalho há mais de um ano, mas também não
demitimos ninguém", admitiu a comerciante.
Tradicionais
- Enquanto alguns empreendedores se reinventam e mudam de ramo para não
perderem faturamento, quem abre um novo negócio hoje em Caxias, mesmo pequeno,
ainda investe na rentabilidade garantida, sem ousadia.
São as lojas de confecções baratas, aquelas
peças que não ultrapassam o valor de R$ 30,00, as que mais faturam e que ainda
abrem novas franquias em Caxias. Com um investimento barato, elas têm garantia
fixa de faturamento e, mesmo precisando de poucos funcionários, são elas que
ainda mantêm empregados muitos caxienses.
A maioria não recebe salário mínimo e a
carteira de trabalho nem sempre é assinada. Como não há fiscalização mais
rigorosa do Ministério do Trabalho, muitos trabalham no comércio local sem o
respeito devido aos seus direitos trabalhistas.
Parque Industrial sem função
Inaugurado há mais de três meses, o Parque
Industrial de Caxias levou quase um ano para ficar pronto. O complexo, montado
na saída da cidade, na BR-316, no trecho que liga Caxias a Teresina (PI), tem
setor administrativo, pista asfaltada, iluminação e rede de água própria, além
de estar localizado em uma importante BR recém-reformada, mas, até o momento,
nenhuma empresa sinalizou qualquer intenção de se instalar em Caxias.
Ao contrário de Timon, que inaugurou seu
distrito no mesmo período e já tem três empresas interessadas em se instalar,
em Caxias ainda não há nenhuma. O distrito está fechado, à espera de novos
investidores que poderiam estar gerando emprego e renda para a cidade.
Mesmo sendo uma obra de longo prazo, o
projeto de criação do distrito deverá levar de 3 a 6 anos para seu
funcionamento, período gasto somente com implementações e desenvolvimento.
Preparação -
Durante o período de três a seis anos, a cidade de Caxias prepara mão de obra,
com cursos de graduação e também de cursos técnicos. No município, a mão de
obra está sendo preparada por conta própria, ou seja, quem quer melhorar de
vida ou conseguir um bom emprego se matricula em cursos de qualificação ou
ingressa no ensino superior ou técnico.
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