
Um certo
dia, no gabinete 529, do Anexo 4, na Câmara Federal, recebi a visita de Eduardo
Campos. Conversamos muito e no final ele me fez o convite para ingressar no
PSB. Eu estava no PDT naquele momento, partido que respeito muito e que até
hoje tenho vários amigos e uma grande admiração. Ao me filiar, minha ficha foi
abonada pelo saudoso Miguel Arraes, outro grande líder de nosso partido.
Percebi
um homem de muitos talentos, que era admirado por várias pessoas e daquele
momento em diante minha vida política tomou um outro rumo, inspirada na
habilidade política e na humildade de Eduardo Campos. Ele fazia com que todos
ao seu lado se sentissem parte do projeto construído pelo PSB. Sempre muito
companheiro, sabia ouvir atentamente as pessoas e, principalmente, respeitar as
decisões da maioria. Era isso que fazia dele um grande líder para todos nós. Um
dos maiores ensinamentos deixados por Eduardo Campos e que soa como cartilha
para quem deseja fazer política é uma frase que ele sempre repetia: “nunca
perca a razão, a política é muito dinâmica, mas o respeito e o reconhecimento
daqueles que o ajudam são os principais aliados de quem quer fazer a boa
política”.
Foram
muitos os momentos de aprendizado e, graças à proximidade, pude vivenciar o
crescimento político que Eduardo Campos teve em tão pouco tempo, podendo eu
afirmar, sem medo de errar, que tudo foi fruto do respeito aos que o ajudaram a
construir o seu caminho. Pela forma como ele conduzia o partido, com
responsabilidade e respeito aos militantes. Eduardo não esquecia aqueles que
sempre o ajudaram, independentemente do cargo ou mandato que o filiado chegasse
a assumir.
Com a
carreira política em consolidação, Eduardo Campos foi eleito governador de
Pernambuco e, quatro anos depois, foi reeleito com a maior votação já vista no
Brasil pós Ditadura, 82,9% dos votos no estado. Reforçando que tudo foi fruto
do trabalho, diálogo, reconhecimento dos aliados e respeito aos adversários.
Em junho
de 2013, fui conduzido, sob homologação da Executiva Nacional, ao comando do
PSB no Maranhão. Nessa época, o partido já estava sobe intervenção e quem
presidia o partido era o atual presidente nacional, Carlos Siqueira. Em outubro
do mesmo ano fui convidado para fazer parte da Executiva Nacional. Em 2014, fui
eleito presidente da Executiva Estadual e também reconduzido à Executiva
Nacional até novembro de 2017.
Carrego
comigo as características de quem é do Partido Socialista Brasileiro. Um
partido onde quem lidera são as necessidades do povo brasileiro, um partido
cuja as demandas coletivas sobrepõem a necessidade de existência de uma única
voz. O PSB é forjado na luta, na tradição e no debate. Suas decisões são sempre
pautadas no processo democrático e é isso que mantém a nossa referência. Temos
em nossa marca a pomba branca, que simboliza não só a paz, mas também o voo de
quem observa que os passos do presente, são refletidos no futuro.
O PSB tem
várias lideranças nacionais e esse foi um dos grandes legados deixados por
Eduardo Campos e por aqueles que comungam de suas ideias. A compreensão
de socialismo e democracia são coisas difíceis de se aplicar quando não se vive
e não se constrói a unidade em cima do respeito a todos que fazem um partido.
Recentemente, quando veio a proposta de fusão com o PPS, apenas o PSB de
Pernambuco e o do Maranhão, em sua maioria, se posicionaram contra. Respeito
muito o PPS, por ter abraçado a candidatura de Eduardo Campos, mas o partido
precisa de um tempo maior para refletir sobre sua condução depois da morte do
nosso líder e é isso que o partido vem fazendo. Aprovamos em reunião da
Executiva Nacional que a independência deve ser mantida, sendo importante ter a
responsabilidade que o agora exige. Somente quem vivenciou os momentos difíceis
que passamos, pode compreender essa posição do partido. E mesmo assim, em meio
à toda a adversidade e complexidade, temos tido o cuidado de respeitar a
opinião de todos, em todos os lugares.
No
Maranhão, nas eleições de 2014, o PSB, juntamente com outros partidos, foi
fundamental no sucesso da candidatura de Flávio Dino. Lembro-me de uma reunião
que participei em Teresina, a convite do Eduardo Campos, e o ouvi dizer
para uma pessoa que pedia apoio político para as eleições no Maranhão, a
seguinte frase: “Flávio tem sido correto até agora, não tem porque desfazer o
compromisso com ele, apenas desfazemos compromissos com quem não reconhece a
nossa participação no processo e não cumpre o prometido.” Tem uma frase que o
ex-prefeito Chico Leitoa diz sempre: “gratidão é palavra de ordem”. E isso
sempre vi Eduardo Campos fazer na prática, são atitudes que nos ensinaram que o
PSB é maior do que qualquer filiado.
No atual
cenário que vivemos, a crise política e econômica tem forçado a antecipação do
calendário eleitoral. Muitas discussões têm se antecipado ao processo político.
Como gestor sei do momento difícil que os municípios têm passado, como político
e presidente estadual do PSB no Maranhão, tenho tido o cuidado com as situações
que se apresentam e uma das mais complexas é a de São Luís.
Na
capital temos a única cidade com segundo turno no estado e o PSB tem a intenção
de lançar candidaturas em todas as capitais onde tiver um nome viável. Conheço
o prefeito Edivaldo Holanda Júnior, na sua eleição de 2012 participei de
algumas atividades juntamente com Eduardo Campos, sendo o vice de sua chapa
indicado por nosso partido. Após as eleições, o prefeito não teve um diálogo
com o PSB e nas eleições de 2014, o já prefeito Edivaldo, acompanhou a Dilma,
seguindo a orientação nacional do seu partido. Aqui vale reforçar que é a
executiva nacional do partido quem decide sobre as eleições nas capitais, mas
tem uma coisa que a Executiva Nacional do PSB sempre fez: respeitar a decisão
da maioria e a maioria do partido de forma coletiva tem o entendimento e está
trabalhando uma candidatura, dentro de uma discussão coletiva, pois o atual
diretório e a executiva eleita em 2014, com mandato até 2017, tem a
legitimidade e a autoridade, de decidir o que é melhor para o partido. O PSB é
uma legenda forte, não podendo, ou devendo, se apequenar no processo político.
Em São Luís, confirmando a nossa candidatura e nosso partido indo para o
segundo turno, conversaremos com as forças políticas consonantes com nosso
projeto e não indo, discutiremos qual o melhor caminho.
Finalizo
citando Miguel Arraes: “Acho que o personalismo em política é um erro, nós
devemos é lutar para que surjam quadros novos (…). A posição de chefe, em
política, é um grave defeito, um grave erro”. (1979)
Luciano
Leitoa
Presidente estadual do PSB
Presidente estadual do PSB
0 comentários:
Postar um comentário