
Para a previsão de Dino se tornar realidade, os
primeiros passos serão dados a partir do dia 1.º, quando ele tomar posse e
assumir o comando do Palácio dos Leões. A solenidade será a parte mais visível
da ruptura política experimentada pelo Estado. O governador eleito – o primeiro
do PC do B no País – será empossado pelo presidente da Assembleia Legislativa,
o deputado Arnaldo Melo (PMDB), que assumiu o governo após a renúncia de
Roseana Sarney (PMDB). A filha do senador deixou o posto no início do mês,
alegando problemas de saúde, e não transmitirá o cargo ao adversário político.
Após impor a
derrota ao grupo Sarney, como o senhor espera que os membros do clã irão se
comportar? Acredita que enfrentará perseguição por parte dos setores da mídia
regional e da bancada maranhense no Congresso?
O poder instituído
pelo grupo Sarney em diferentes setores não acaba com a derrota no pleito para
o Governo do Estado. Muitas estruturas permanecem ligadas a ele. Mas nós
vencemos as eleições mesmo contra todo esse poderio. Sobre a bancada maranhense
no Congresso, o que o povo espera de cada um deles (parlamentares),
independentemente do seu partido, é que eles defendam os interesses do
Maranhão. Quando fui deputado federal, eu me comportei assim, mesmo sendo
oposição ao governo Roseana (Sarney), e eu espero da nossa próxima
representação essa mesma maturidade.
O Maranhão é um
dos Estados com piores indicadores sociais do País. Em sua campanha eleitoral,
o senhor disse que o grupo que lhe antecedeu passou 50 anos no poder e não fez
nada. Qual a transformação que o senhor propõe para o Maranhão nos próximos
quatro anos?
O objetivo
principal do nosso governo é fazer um Maranhão com mais justiça, mais
igualdade. Isso significa melhorar esses indicadores sociais. Isso não se faz
da noite para o dia, sabemos disso, mas, se o governo não priorizar o assunto,
essa situação não vai mudar. Vamos fazer isso com honestidade na aplicação do
dinheiro público, políticas de gestão inovadoras, e com um novo modelo de
desenvolvimento que vai integrar grandes e pequenos.
O PT não lhe apoiou
formalmente na eleição, mas uma ala esteve presente na campanha e membros do
partido vão fazer parte do seu governo. Como será o seu diálogo com a legenda?
Nosso diálogo
permanece aberto para que o PT do Maranhão faça o caminho de volta. Estamos
abertos para dialogar com todas as correntes políticas que queiram nos ajudar.
Tenho feito reuniões com muitos segmentos sociais. Temos um programa moderno e
transformador que foi aprovado nas urnas por 65% (na verdade, 63,5%) dos
maranhenses. Essa é a nossa referência essencial.
O poder exercido
pelos Sarney e, agora, a derrota desse grupo político despertaram atenção
nacional para o Maranhão. Como é viver essa expectativa em torno de seu futuro
governo?
Um ciclo de poder
que dura tanto tempo e que no Brasil só tem longevidade comparada ao reinado de
d. Pedro II chama a atenção do País por si só. Além disso, esse ciclo político
resultou em indicadores sociais muito baixos, que são rotineiramente
noticiados, até internacionalmente. Isso gerou uma forte corrente de simpatia à
nossa luta para virar essa página. Essa energia cívica nos animou durante toda
a caminhada. Estamos bem conscientes da expectativa e da responsabilidade que
isso implica. Faremos um governo bom, honrado e com muitas realizações.
O senhor acredita
que a família Sarney foi derrotada definitivamente?
Nunca mais o nosso
Estado será governado por coronéis. Tenho essa convicção e essa alegria. O
grupo Sarney continuará a existir, mas jamais terá o poder que ostentou durante
meio século. Agora é hora de construir um futuro melhor para a nossa população.
Vamos fazer muitos investimentos públicos. E quero garantir aos investidores
privados: quem acreditar nesse novo momento do Maranhão não vai se arrepender.
Teremos um ambiente institucional que vai impulsionar nosso desenvolvimento.
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