Em principio, são
as boas intenções que movem as ações. Interessado em levantar a autoestima dos
romanos e assim cativar-lhes o apoio, Vespasiano instituiu como política
pública o “Pane et Circense”, uma espécie de bolsa pão e circo.
O Coliseu foi a
grande arena a simbolizar o poderio de Roma. Depois da reforma, bancada com o
dinheiro tomado dos judeus, vítimas já naquele tempo da intolerância religiosa,
passou a ter lugar para quase 100 (cem) mil pessoas.
Por dias e noites,
seguidamente, ao longo de quatro séculos o povão se divertiu com as lutas entre
gladiadores, caçadas a tigres e leões capturados na África, dentre outros
entretenimentos de massas.
Hoje há
controvérsias quanto a provas conclusivas de martírios de cristãos. O Papa
Bento XIV foi quem consagrou o Coliseu à Paixão de Cristo e o declarou lugar
sagrado. Daí ser ali uma das paradas da procissão de toda sexta feira santa.
Atribui-se aos
gregos a invenção das olimpíadas como vacina contra a violência entre os povos.
Queimando mais calorias produz-se mais endorfina , aquele neurotransmissor que
até vicia.
Hoje, a política
pública do pão e circo inventada e testada pelos romanos continua. Agora não é
com dinheiro roubado dos judeus nem com a mão de obra dos escravos em que eram
transformados os vencidos nas guerras romanas.
Agora pense numa
fatura de R$ 8 (oito) bilhões de reais bancada por todos nós brasileiros
insatisfeitos com a saúde pública, com o ensino público, com a segurança
pública, com o transporte coletivo, leia-se mobilidade urbana. Não só isso
causa insatisfações – a falta de infraestrutura e de seriedade na execução do
que foi planejado.
O País carece de
estradas, de hidrovias, de ferrovias, de aeroportos pequenos e médios no
interior. O modelo político vigente está vencido e o Estado não pode se alhear
mais do que tem se mantido alheio às legitimas aspirações sociais.
Por conta de 07
(sete) estádios, que a FIFA prefere chamar de arenas, que os romanos chamavam
de Coliseu, os Estados, por seus atuais governos, tiveram que se endividar com
empréstimos ao BNDES num total de R$ 2, 3 bilhões.
Segundo a ONG
Contas Abertas, só o custo com os estádios, ou arenas, equivale a dois anos de
investimentos federais em saúde ou, se preferirem, à instalação de 2.263
escolas.
O mais grave é que
ninguém consegue fechar a conta real dos gastos com a Copa. Sabe-se que no
Portal da Transparência constam R$ 25,6 bilhões, excluídas as despesas com
publicidade, com as estruturas temporárias, com os centros de treinamento e com
os subsídios à FIFA.
Estimam-se em R$
10 bilhões as receitas da FIFA com a Copa no Brasil. Não obstante, coitadinha,
não pagará impostos calculados em R$ 1, 1 bilhão. Nossos Deputados Federais e
Senadores votaram, a toque de caixa, como se diz, essas isenções todas.
Quanto às vaias,
dizia Carlos Imperial – “só a vaia consagra o artista. Para aplaudir ninguém
precisa de coragem. Aplaude-se por qualquer coisa. A vaia, não. Depende de
consciência, de certeza. Quem aplaude nem sempre sabe porque aplaude. Mas quem
vaia, sim. Sabe porque vaia.”
Guardemo-nos,
irmãs e irmãos, para as urnas. Nesse campeonato é que, pelo voto, valerá a pena
vaiar. E por favor, nada de xingar.
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