Por
Chico Leitoa

Eu cursava Engenharia civil na Universidade
Federal do Piauí e ministrava aulas em escola particular em Teresina e escola
pública em Timon, além de estagiar numa empresa privada na construção de casas
para a classe media da capital Piauiense. Era uma vida atribulada. Sem
transporte e morando em Timon, tinha que percorrer grandes distâncias a pé, de
ônibus e caronas, principalmente em uma moto que o meu irmão João Damasceno me
emprestava. Combinamos, Eu e Beta, que só teríamos filhos após eu terminar o
curso. Porém, com menos de onze meses de casamento, nascia nosso primogênito. .
Um ano depois do nascimento do primogênito,
conclui o curso numa maratona em que passamos 40 alunos e apenas 10 terminamos
na primeira turma. Dois meses depois, nasceu o segundo filho. Um ano depois do
nascimento do segundo, nascia prematuramente, a única filha (Izana), que veio a
falecer com 16 dias de vida.
Foram anos de muitas lutas e adaptações,
iniciando a vida profissional, com dois filhos pequenos e como âncoras de
nossas famílias, eu e Beta fomos nos dividindo entre estruturar nosso lar, ela
cuidando das crianças e da casa, e eu me firmando como Engenheiro na iniciativa
privada. Pouco antes de me formar, conseguimos fazer, no próprio terreno onde
morava toda a família, quatro cômodos onde praticamente nem chegamos a morar.
Ao assumir as atividades de Engenheiro, logo compramos o primeiro carro (uma
Brasília), com um ano o primeiro carro zero e com menos de dois anos, a casa
onde moramos ate hoje, que passou por uma boa reforma. Depois do carro novo,
fizemos inúmeras e felizes viagens à Parnaíba onde meu sogro era o maestro da
banda de música da policia militar e onde a Beta, em função da transferência de
seu pai, morou por dez anos, três dos quais namoramos e noivamos.
Já se vão 42 anos de convivência e trinta e
cinco de casamento sempre pautado na compreensão e companheirismo além, claro,
do sentimento que nos une. Enfrentamos sempre juntos os problemas que são inerentes
à vida de qualquer casal. A partir de um determinado momento, dona Beta
começou a dividir comigo as atividades empresariais, seja na construção de
casas, até a instalação de uma loja de comercializar ferro, em maio de 1987, na
Av. Miguel Rosa, próximo à ponte metálica em Teresina. Começamos com seis e no
final de um ano tínhamos um estoque de 100 toneladas de ferro. Somente eu, Beta
e o amigo (cantor) João Paulo trabalhávamos lá, sendo que dona Beta além de gerenciar
fazia as entregas. O negócio ia de vento em popa, veio a primeira campanha para
prefeito em 1988 e consumiu a loja. Mais ou menos na mesma época e praticamente
do mesmo porte, nascia a hoje gigante Ferronorte.
Nos anos de 89 e 90, praticamente morei em
São Luís, com as crianças pequenas, Beta não podia me acompanhar, porém, nas férias
escolares ela permanecia na capital maranhense com os pequenos.
A minha entrada na política teve seu aval e
sempre esteve à frente em todos os momentos, seja em campanhas, seja em
governos. Ela nunca reclamou da gente ter gasto em campanhas, o que ganhamos trabalhando
empresarialmente, uma grana que poderia ser hoje um grande patrimônio. Não
lamentamos por isso, o que nos faz falta hoje, é a saúde dela. Hå mais de nove
anos, sofre de uma doença neurológica degenerativa, ocasionada por lesão nas
células do neurônio motor (responsável pelo enrijecimento dos músculos e pela
emissão de comandos através do cérebro) denominada ELA (esclerose lateral
amiotrófica). A estatística é de uma para cada cem mil pessoas, que normalmente
duram entre dois e cinco anos. Apesar dos esforços mundo a fora, pouco se
conhece da origem da doença. Faltam investimentos para o aprofundamento mais
rápido para que a cura seja alcançada.
Buscamos todos os meios para tentar melhorar
sua saúde, desde dois anos no Sara em São Luís, dezenas de médicos e clínicas
em vários Estados, milhares de exames até fora do País, há três anos
e meio sendo acompanhada por um neurologista renomado Dr Pedroso, o que
nos impôs mais de dez viagens a São Paulo, e utilização de alguns medicamentos
em fase de testes levados a congressos internacionais tais como:
metilcobalamina e L-Serina, cura religiosa em Santo Amaro (SP) missa da cura
com Padre Eugênio Maria (três vezes) e Abadiânia (GO) casa de cura Santo Inácio
com Seu João de Deus (cinco vezes), remédio caseiro, orações, muitas orações e
uma maratona de médicos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e medicações de uso
contínuo, mesmo assim a doença avança lentamente.

Beta sempre foi da linha de Frente. Também
deve sofrer por não poder usufruir na plenitude, a solidez do nosso casamento,
quando entro no ano de completar 65 e ultrapassamos quatro décadas que estamos
juntos.
Quantos momentos já foram subtraídos em
função do seu estado de saúde. Lembro da última viagem a Barreirinhas, antes da
manifestação da doença, em fevereiro de 2009. A foto abaixo retrata o que foram
aqueles três dias.

Neste sábado 28.07.2018, completamos 39 anos
de casados, parceria absoluta ao longo de todos esses anos.
Chico Leitoa é engenheiro, ex-Prefeito de Timon,
ex-Deputado Federal e Estadual.
Escrito
em janeiro de 2014
Atualizado
em 28.07.2018
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