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AGRONEGÓCIO CONTRA-ATACA: Vereador Daniel Barros propõe audiência pública para rediscutir lei que ele mesmo aprovou; pulverização aérea em Caxias pode voltar

30.4.24

O poder do agronegócio instalado em Caxias mostrou seus tentáculos na sessão desta segunda-feira, 29, na sessão da Câmara Municipal.

Em matéria publicada nesta página horas antes da sessão (reveja aqui), já abordávamos o assunto e cravamos que estava sendo arquitetada uma forma para revogação da lei que proíbe a pulverização aérea no município.

Não deu outra.

O vereador Daniel Barros, o autointitulado ‘fiscal do povo’, propôs uma audiência pública para discutir a normatização da lei.

Os argumentos do vereador, todos excessivamente simpáticos ao plantio, a fiscalização e forma de como deveria ser feita a pulverização aérea que, de acordo com ele, a lei aprovada (com o seu voto) é muito genérica. “Mas, a lei é muito genérica, fala pulverização. Nós temos pulverização por aviões, nós temos pulverização por drones, que é uma realidade hoje na nossa cidade e também já tão fazendo uma cultura de pulverização por helicóptero”, ensinou o parlamentar.

Barros afirmou ainda que grande parte da culpa é do município, que não fiscaliza. “O município tem uma parcela gigantesca de culpa nisso porque não fiscaliza, não faz os receituários agronômicos, e eu falo pra ti, o pessoal do agronegócio, eu não tenho procuração pra defender eles, não. Porque eu não tenho terra e ninguém ligado a mim que produz, mas eu penso na Caxias do amanhã, do desenvolvimento...”, justificou.

Ressaltando que estava pensando na saúde das pessoas que moram próximo as plantações de soja e sugerindo formas de pulverização “a 500 metros, 200 metros da casa, aos riachos, aos mananciais”, o vereador ainda relatou uma conversa com um produtor de soja, que teria lhe alertado, caso chegasse uma praga de gafanhoto, só seria possível “entrar pra segurar a minha roça se for com a pulverização naquele momento, de avião ou de drone, não tem outra saída”.

Defendendo a necessidade de se rediscutir o assunto sobre o fim da pulverização aérea em Caxias, Barros elencou ainda meios de proteger a saúde financeira da cidade, porque “nós temos a saúde pública daquelas pessoas, mas temos também que ver a saúde financeira da nossa amada Caxias, porque hoje, quer queiramos ou não, é um polo, um epicentro do agronegócio. E o maior problema hoje dos caxienses é a falta de emprego e a falta de oportunidade”.

Vamos lá. O vereador oposicionista, falando das suas boas intenções, e delas o inferno está cheio, trouxe ao palco de discussões uma matéria vencida, ou o pedido do VAR quando o jogo já está encerrado e o time vencedor já está com a taça de campeão.

Propor a discussão de pontos de uma lei que ele mesmo aprovou num assunto tão caro às sofridas comunidades da zona rural de Caxias não foi vista com bons olhos por parte dos vereadores.

Daniel Barros é advogado e como tal ele sabe, ou deveria saber, que para ser aprovada, uma lei passa antes pelo crivo das comissões do parlamento e só vai ao plenário após parecer favorável da Comissão de Constituição e Justiça, que conclui pela constitucionalidade da mesma.

Cumprido todos os ritos legislativos e aprovada por unanimidade, ou seja, com o voto favorável de Barros, a lei caxiense que protege a sofrida população da zona rural de Caxias está sob ataque e toda vigilância se faz necessária.

Sancionada pelo prefeito Fábio Gentil, a lei caxiense é uma avanço da nossa sociedade e um exemplo para o Brasil em como proteger as comunidades da zona rural que ficam próximas as lavouras de soja.

Magno Magalhães foi direto ao ponto no momento que foi votado o pedido de realização de uma audiência pública para debater o tema de uma matéria já vencida. "Essa audiência pública deveria ter sido feita antes, justamente para que não tivesse nenhuma ressalva sobre o tema”, disse manifestando sua contrariedade em rediscutir o assunto. “Aqui ninguém é contra o agronegócio, muito menos eu, mas só que eu acredito que na condição de médico, eu não posso me posicionar a favor de algo que é claramente contra a saúde pública desse município”, continuou o vereador. “A pulverização aérea é algo que é combatido em todo o mundo moderno, na Europa, nos Estados Unidos, e como eu falei, infelizmente como nós estamos num país de 3º mundo, no Maranhão, infelizmente, tá no rabo de cavalo, esse tipo de coisa acontece”, finalizou o parlamentar que votou contra a realização da audiência pública para se debater o assunto.

O vereador Torneirinho também se colocou contra e endossou as palavras do colega Magalhães para justificar o seu voto. “Votar contra a audiência, porque foi justificado pelo nobre colega Magno Magalhães [que] acabou de falar, a audiência deveria ter ocorrido antes da votação da lei”.

Autor da lei, o vereador Neto do Sindicato foi curto e grosso na sua manifestação sobre o tema. “Sou contrário a convocação da audiência pública por ser contra qualquer tipo de alteração na lei”.

O Ceará foi o primeiro estado brasileiro a proibir a pulverização aérea.

A União Europeia probiu a pulverização aérea nos 27 países do bloco desde o ano de 2009.

Lá, nos países considerados de 1º mundo, os argumentos do agronegócio não foram suficientes para continuar produzindo a chuva de veneno que a pulverização aérea proporciona.

Faltou um advogado de alto nível para defender os interesses do agronegócio europeu e debater o tema com os parlamentares da França, Reino Unido, Itália, Alemanha e demais países da Europa.

Embora seja advogado sem escritório, Daniel Barros tá perdendo seu tempo por aqui...

2 comentários:

  1. Anônimo disse...:

    Quero aqui nesse espaço, desde já, parabenizar os vereadores Magno Magalhães e Torneirinho, mesmo sendo aliados de Fábio Gentil, votaram contra esse retrocesso aos caxienses. Quanto ao dito "Fiscal do Povo", prepara-se para mais derrotas que virão.

  1. Sabiá Fantasma disse...:

    Chega a ser um escárnio contra a população essa posicionamento de Daniel Barros, vergonhoso como se propõe a defender os grandes agropecuáristas e deixando de lado a quem teria que subir realmente, lamentável

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