SOCIEDADE MARANHENSE DE DIREITOS HUMANOS
– NOTA DE REPÚDIO
A Sociedade Maranhense de Direitos
Humanos (SMDH) manifesta seu repúdio e sua indignação diante das seguidas
mortes ocorridas no Estado do Maranhão, motivadas por um
modelo de Segurança Pública e de Justiça Criminal profundamente equivocado.
A primeira morte ocorreu no
município de Barra do Corda em 09.10.2017 e teve como vítima Francisco Edinei
Lima Silva, 40 anos, preso provisório, sem antecedentes criminais, morto em
decorrência de péssimas condições prisionais na Unidade Prisional de Barra do
Carda, onde uma de suas celas é conhecida como “gaiolão”, caracterizada como
espaço a céu aberto, sem fornecimento de água e banheiro, destinada a presos
provisórios (ou mais propriamente para infligir castigos). Celas como
a referida também são usadas em outras unidades, como em Pindaré-Mirim,
Grajaú, e Icatu.
A segunda vítima se trata
de Jamilson Machado Pereira, confundido com um criminoso e morto
por um disparo de policial civil, na madrugada do sábado, dia 07 de
outubro, no centro histórico de São Luís.
A terceira vítima foi Ademar
Moreira Gonçalves, 37 anos, servidor público do Ibama, executado na Avenida
Litorânea, em São Luís – MA por um policial civil, cuja identidade não foi
revelada, o qual se apresentou à Superintendência da Delegacia de Homicídios alegando ter
atirado na vítima porque suspeitava que seu carro estava sendo
furtado, no dia 14 de outubro.
A quarta vítima foi Tarcísio Mota
Miranda, executado a tiros em Imperatriz, no dia 15.10.2017, pelo Policial
Militar do 3º Batalhão de Imperatriz, Cândido Neto Vieira, em circunstância
ainda não elucidada.
Em todos os casos, percebe-se a
participação direta de agentes públicos na morte de civis. De acordo com o
levantamento de mortes violentas produzidos pela SMDH o estado do
Maranhão, nos últimos 4 anos, foi responsável por mais de 80 mortes em suas
unidades prisionais, caracterizadas pela superlotação, falta de estrutura
das unidades prisionais, péssimas condições sanitárias e de saúde.
O estado do Maranhão apresenta,
também, elevada taxa de encarceramento, destinada sobretudo aos mais
pobres e aos negros, vitimizados pela espetacularização de suas prisões, mesmo
que de forma provisória.
Ademais, o Estado do
Maranhão é o 7º colocado no Ranking Nacional de Letalidade Policial,
de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2016. É uma das
polícias que mais mata no Brasil.
Diante desses fatos, a SMDH
clama pela rigorosa apuração das três mortes ocorridas e pela
responsabilização dos seus autores, bem como pela imediata interdição, pelo
Governo do Maranhão, de todas as unidades prisionais dotadas de celas tipo
“gaiolão”, por se tratar de gravíssima violação aos direitos humanos das
pessoas privadas de liberdade, numa clara afronta aos ditames estabelecidos
pela Constituição Federal, pela Lei de Execução Penal e pelas normas
internacionais de Direitos Humanos.
A Sociedade Maranhense de Direitos
Humanos defende um modelo de Segurança Pública e Justiça Criminal assentado na
participação democrática, no desencarceramento, no combate ao racismo, no
combate à letalidade e desmilitarização das policias.
São Luís do Maranhão, 17 de
outubro de 2017
Sociedade Maranhense de Direitos Humanos
Sociedade Maranhense de Direitos Humanos
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