Por Edson
Vidigal, advogado, foi presidente do Superior Tribunal de Justiça e do
Conselho da Justiça Federal.
Ou a pessoa cuida de honrar o cargo que
passou a ocupar ou o cargo em si nunca irá lhe dignificar em nada.
A pessoa para honrar um cargo não basta
apenas ser pessoalmente honesta. Nem só extravasar aparência disso aos outros,
como César cobrou de Pompéia, sua mulher.
A Presidência da República é indissociável da
Nação e nunca da pessoa do Presidente. A Presidência é instituição permanente
do regime democrático.
Já o Presidente é apenas uma pessoa que para
se empossar no cargo tem que perante o Povo, por seus representantes no
Congresso, erguer a mão direita e jurar cumprir e fazer cumprir a Constituição
da República e as leis do País.
Para exercer com lealdade e firmeza todas as
funções inerentes ao cargo o Presidente da República tem que, no mínimo, ter
lido antes – e seguir lendo todo o dia como num dever religioso de quem lê a
Bíblia – a Constituição da República.
A cada vez que um princípio constitucional é
violado ou uma determinação legal é ignorada pelo Presidente há uma redução no
grau de credibilidade da Presidência repercutindo em corrosão na autoridade do
Presidente.
Daí que incide em absoluta irresponsabilidade
politica um partido apresentar às eleições para a Presidência da República uma
criatura sem o indispensável preparo para enfrentar e vencer tantos desafios.
Não basta ter cursado faculdade, exibir
curriculum alentado.
A Presidência exige do Presidente não só
experiência executiva, mas também espirito público conciliador, capacidade para
ouvir, inteligência e coordenação motora rápida para decidir.
Estar Presidente, enfim, é estar aberto ao
sacrifício sem horas sem direito algum - o que seria crime de lesa Pátria - a
permitir que o Governo imponha o sacrifício menor que o seja a qualquer
parcela, menor que a seja, da população do País.
Na Presidência, o Presidente Sarney
definia-se como um São Sebastião a posar diariamente para a tela que acabou
sendo o retrato único do padroeiro da cidade do Rio de Janeiro – amarrado no
tronco de uma arvore e assim indefeso recebendo flechadas do todos os lados.
O poeta José Chagas ao notar que um dos seus
livros saíra da gráfica com algumas falhas de revisão, evitando encartar
erratas, o que se converteria numa enorme chatice, escreveu apenas numa nota
avulsa que há dois tipos de leitores – o que nota um erro e o corrige
mentalmente e o que nem o percebe.
Assim também a Presidência teve o Presidente
modelo São Sebastião e tem a Presidente que se recebe flechadas talvez nem as
perceba.
Não vale aqui falar nas flechadas que nos
últimos anos os arqueiros do poder deste Governo, tem acertado em sofrimentos a
maioria das brasileiras e dos brasileiros.
O Nêumanne fez as contas ontem e concluiu que
em seis minutos, enquanto eu lia o seu artigo no Estadão, doze brasileiros
teriam perdido o seu emprego a cada dois minutos.
Ontem foi dada a largada para o tira ou não
tira a Dilma via impeachment do Congresso. Até quando a Presidência aguentará
tantos e sucessivos vexames?
O ultimo vexame, de menor importância, foi a
Presidente ter sido barrada pelos seguranças em Paris aonde foi representar o
Brasil na Conferência do Clima. Xingou de bagunça a organização do evento.
Ninguém da sua comitiva ousou lhe dizer que ela seguia para a entrada errada.
Admitindo-se pelo imensurável do estelionato
eleitoral de que resultaram os resultados da ultima eleição presidencial, o
poder que se prorrogou atrelado à Presidência continha eiva de ilegitimidade, o
qual não obstante suposta legalidade, segue desorganizando o Estado e pela
desconfiança geral garantindo incertezas no dia a dia de cada pessoa, é de se
indagar por que não a renúncia da Presidente?
Afinal, Presidência da República e Presidente
são definitivamente, e não é de hoje, duas almas que se devem separar.
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