(POR QUE POLÍTICOS QUE NÃO PRESTAM RECEBEM TANTO APOIO?) (ou POR QUE
CERTAS PESSOAS, JORNALISTAS, EMPRESÁRIOS, BLOGUEIROS ETC. AGEM COMO CACHORROS?)

Por Edmilson
Sanches, jornalista
Quando dois cachorros estão brigando e
aparece um terceiro, sabe o que acontece? Este cachorro, o terceiro, vai ajudar
o cão mais forte, aquele que, ao que parece, tem mais condições de ganhar a
briga.

A Ciência já comprovou que, geneticamente, o
ser humano é praticamente igual ao chimpanzé e muito semelhante ao camundongo.
Se no plano físico é assim, quão idêntico no campo moral o homem se
assemelharia ao animal?
Em época de eleições podem-se ver sinais do
comportamento interesseiro do bicho-homem; comportamentos iguaizinhos aos
sinais que já se confirmam no bicho-animal. De repente, como se fosse o
bicho-cigarra, que só dá as caras de 17 em 17 anos, surge candidato tipo
cachorro grande, briga com um ou outro cão menor e, em seu favor, já surge uma
matilha de cães intere$$ados em ajudá-lo. Nessa matilha, bichos profissionais
de diversa estirpe.
É reprovável o comportamento? No campo moral,
na filigrana ética, sim. Mas quem está ligando para moral e ética em tempos
eleitorais? O que interessa à matilha que se encosta no cão maior é defender
não propriamente o cãozarrão, mas a si mesma, matilha de cães, como natural lei
da selva -- onde sobreviver interessa mais que conviver. Se o cão grande ganha
a eleição, a matilha mostra que esteve/estava ao lado dele, e cobra o apoio;
se, por acaso, o grande cão não chega à vitória, não importa, a matilha já
ganhou dele... enquanto pôde tirar dele.
É assim que a nave vai, esta nave humana que,
mesmo decorridos milhões de anos, ainda é tão imperfeita -- por opção (e é isso
que dói). Há a opção de se juntar aos fracos e oprimidos, mas, como são fracos
e oprimidos, vêem no cão grande aquilo de que precisam para também se
fortalecer nesta selva, ao menos por uns tempos.
Seria o hipocampo o culpado desse
comportamento? O hipocampo é uma das estruturas do cérebro mais antigas, em
termos de evolução. Ele é o arquivo, a memória não apenas de um ser humano, mas
da humanidade, da raça toda dentro de um único ser. O que os seres humanos
passaram ao longo das centenas de séculos, dos tempos primitivos à
contemporaneidade, está de alguma forma depositado no hipocampo -- que de vez
em quando faz uns “saques” desse depósito.
No hipocampo está o que temos de fera e anjo.
De divindade e de diabólico. De altruísta e de egoísta. De ternos e de sádicos.
Capazes do mais bravo ato de heroísmo, mas igualmente capazes dos mais sórdidos
gestos de covardia.
Alojado ali no mais profundo do cérebro, o
hipocampo costuma ditar o nosso comportamento apenas baseado nos instintos e
nas emoções. Mesmo as funções de raciocínio e aprendizagem, próprias do córtex
cerebral, têm de passar antes pelo crivo do hipocampo.
Daí, meus leitores, por esses rudimentos de
Neurologia pré-eleitoral, o não se estranhar que apareçam, em favor de
cachorros grandes, tantos espaços em mídia, que vão da notinha do jornal à
proclamação desabrida em televisão. São pequenos emitindo sinais dúbios de
aproximação aos grandes. Organizações comerciais, comunitárias e
não-governamentais são usadas para dar a esses comportamentos o viés, o
“ajeitamento” formal e legal (nunca ético nem moral).
Os pequenos têm dificuldade de reconhecer os
pequenos -- porque não se aceitam pequenos, e podem ser capazes de atos ainda
menores para deixarem de ser o que por enquanto são: pequenos. Mas o que certos
pequenos têm de aprender é que, aproximando-se de ou defendendo um cachorro
grande, não serão grande como ele. Como na história do sapo e do boi, não
adianta beber água demais, que não ficará do tamanho do boi. Explodirá, com
certeza explodirá.
Somos humanos. Somos (ou deveríamos ser)
éticos, morais, culturais, espirituais. Se não fosse assim, Deus não precisava
ter feito o humano -- bastava ter parado a Criação nos porcos. Nos camundongos.
Nos chimpanzés. Nos cachorros.
Somos humanos. Precisamos deixar de agir como
terceiros cães...
Edmilson Sanches
edmilsonsanches@uol.com.br
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