Complexo Penitenciário de Pedrinhas
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Congresso em Foco – O governo do Maranhão afastou do cargo dois
diretores da Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ), do Complexo de
Pedrinhas, após um preso confessar que gravou, dentro das dependências da
unidade, um vídeo em que acusa o candidato a governador Flávio Dino (PCdoB) de
ser o mandante de um assalto a um carro-forte praticado em fevereiro deste ano.
Ontem, em depoimento à polícia, o presidiário André Escócio de Caldas, admitiu
que recebeu promessa de vantagens para incriminar o candidato. A gravação foi
exibida nas emissoras de rádio e TV da família de Lobão Filho (PMDB), principal
adversário de Flávio Dino na eleição estadual e candidato da governadora
Roseana Sarney (PMDB).
Por meio de nota, a Secretaria de Estado de
Justiça e Administração Penitenciária do Maranhão, informou esta tarde que
Carlos Aguiar, diretor da CCPJ, e Elenilson Araújo, diretor administrativo,
foram afastados até que as investigações sobre o vídeo sejam concluídas. A
governadora também determinou que a Corregedoria da secretaria e a
Superintendência de Investigações Criminais (Seic) – órgão da Secretaria de
Segurança Pública (SSP) – a abrirem sindicância. A Polícia Federal já estava
apurando o caso por solicitação do candidato do PCdoB.
André Escócio admitiu ter recebido promessa
de dinheiro, proteção e um alvará de soltura por parte de Carlos Aguiar para
gravar o vídeo em que acusa Flávio Dino, o deputado e candidato à reeleição
Weverton Rocha (PDT-MA) e uma mulher chamada Patrícia de serem os mandantes do
assalto ao veículo que resultou no roubo de R$ 900 mil. André está preso por
participação no crime, praticado na Universidade Estadual do Maranhão (Uema).
O vídeo, gravado há cerca de dez dias, foi
veiculado em primeira mão pela TV Difusora (retransmissora do SBT), de
propriedade da família Lobão. O áudio também foi reproduzido pela rádio da
família. A pedido de Flávio Dino, as gravações foram retiradas do ar por
determinação judicial. No novo depoimento, o preso contou que as imagens foram
gravadas por um agente penitenciário dentro da sala do diretor da Central de
Custódia de Presos da Justiça. A polícia já ouviu os três envolvidos.
Polícia Federal
O depoimento de André Escócio sobre o uso de agentes e da
estrutura do Estado na fraude foi encaminhado à delegada geral da Polícia Civil,
Maria Cristina Resende. A pedido do candidato, o caso foi encaminhado à Polícia
Federal por envolver disputa eleitoral. A Polícia Civil faz parte da estrutura
do governo de Roseana Sarney (PMDB), aliada de Lobão Filho. O presidente do
PCdoB no Maranhão, Márcio Jerry, defende que as investigações sejam conduzidas
pela PF.
“Temos todo o interesse que a Polícia Federal
se aprofunde no caso para mostrar a armadilha eleitoral criada pelo nosso
adversário. O Flávio nunca esteve envolvido em qualquer ilícito”, disse
Márcio ao Congresso em Foco. A reportagem procurou Lobão Filho, mas não houve
retorno até o momento.
Esta não é a única suspeita de natureza
eleitoral que recai sobre o candidato do PMDB. Reportagem do jornal O Estado de
S. Paulo mostra que a campanha de Lobão Filho usou ônibus escolar com
identificação do programa Caminho da Escola, do governo, para espalhar
propaganda do peemedebista em São Luís. Um vídeo ao qual o jornal teve acesso
flagra o veículo sendo abastecido com cartazes de Lobão Filho no pátio de seu
comitê eleitoral. O Ministério da Educação abriu uma investigação para apurar o
uso eleitoral do ônibus.
Cerca de 150 homens da Força Nacional de
Segurança reforçam a segurança em São Luís em meio a uma onda de atentados
atribuídos a presidiários de Pedrinhas. A governadora Roseana Sarney já pediu o
envio de novo reforço para as eleições. Desde o início do ano, 17 presos
morreram no complexo penitenciário maranhense, segundo levantamento da Agência
Brasil. Só no ano passado, de acordo com o Conselho Nacional de Justiça, 60
presos foram mortos. Só este mês, 46 detentos fugiram do complexo
penitenciário.
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