Os governadores do Nordeste se reúnem
nesta segunda-feira (29) na Bahia. Será a primeira vez que eles se encontram
após terem sido chamados de “governadores de paraíba” pelo presidente Jair
Bolsonaro. Mesmo assim, garantem que a pauta oficial do fórum é mesmo o
Consórcio Nordeste. Principal alvo das críticas do chefe do Executivo, o
governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), explica que será com uma agenda de
trabalho que o Nordeste vai responder ao presidente.
“Enquanto alguns querem criar conflitos
com o Nordeste, nós queremos trabalho, ação e resultados. É isso que vamos
procurar distinguir. Então, a reunião vai ser marcada sobretudo pela agenda do
Consórcio Nordeste”, declarou Flávio Dino.
Para Bolsonaro, Dino é “o pior dos
governadores de Paraíba” e não deveria receber nada por isso. Na última pesquisa
do Painel do Poder, porém, o maranhense foi o governador mais bem avaliado
pelos parlamentares entrevistados pelo Congresso em Foco em parceria com a In
Press Oficina.
Outros governadores endossaram a pauta do
Consórcio Nordeste e explicaram que, apesar de acontecer exatamente dez dias
depois da declaração do presidente, o encontro já estava marcado anteriormente.
O fato de o fórum ser realizado na Bahia, estado em que o governador Rui Costa
(PT) se recusou a participar de uma agenda ao lado do chefe do Executivo por
conta da declaração considerada racista pelos nordestinos, também foi apontada
como uma coincidência. Afinal, Costa recebe a reunião porque foi escolhido para
ser o primeiro presidente do Consórcio Nordeste.
“Uma agenda de trabalho é a principal
resposta que nós podemos dar. É mostrar que nós estamos pensando no Brasil e,
sobretudo, na parte do Brasil que nos cabe, que são os estados que governamos”,
reforçou Flávio Dino, lembrando que os governadores do Nordeste já se
posicionaram contra a declaração do presidente através de uma carta em que
cobraram explicações do Executivo em relação à possível restrição de recursos a
estados nordestinos.
É para resolver problemas financeiros
como esse, por sinal, que os governadores se encontram nesta segunda. A ideia
principal do encontro é lançar oficialmente e definir o plano de trabalho do
Consórcio Nordeste – projeto que estabelece uma parceria entre os nove estados
da região para agilizar, facilitar e baratear processos burocráticos, além de
permitir ações conjuntas em temas como o desenvolvimento social, econômico e
ambiental. Uma das ideias é, por exemplo, realizar licitações conjuntas que
garantam a compra de materiais para todos os estados com preços menores que os
que seriam praticados em licitações individuais, de menor escala.
“Nesta reunião, vamos tomar ações
importantes para o avanço do consórcio. Vamos aprovar a direção administrativa e o primeiro plano de
trabalho, com temas de desenvolvimento econômico como o turismo e as compras
conjuntas”, explicou Dino. Ele lembrou que, apesar de falar-se sobre o
consórcio desde o início do ano, só agora será possível fazer isso porque foi
nas últimas semanas que a criação do consórcio foi aprovada nas assembleias
legislativas dos nove estados nordestinos, o que permitiu estruturar legalmente
e dar CNPJ ao projeto.
Apesar de buscar mais independência
financeira através do Consórcio Nordeste, o governador do Maranhão admitiu, por
sua vez, que seria positivo ver o governo federal estreitando o diálogo com o
Nordeste. “O interesse da nação deve estar acima de preferências políticas ou
eventuais antipatias partidárias. E em uma federação em que as competências
estão divididas entre governo federal, estados e prefeituras, a maior
cooperação possível deve ser buscada”, afirmou Dino, dizendo esperar que a
polêmica criada em torno das últimas declarações do presidente sobre o Nordeste
sirva para que Bolsonaro reveja sua relação com a região.
(Congresso em Foco)
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