Presidenciável tem 'preocupante admiração por ditaduras', diz
revista inglesa
Capa da revista 'The Economist' diz que Bolsonaro é 'a última ameaça da América Latina' - Reprodução |
O GLOBO - A "The Economist",
tradicional revista inglesa, endereçou críticas ao presidenciável Jair
Bolsonaro (PSL) em sua capa desta semana. Sob o título "a última ameaça da América Latina", a publicação coloca
Bolsonaro no rol de governantes que considera populistas, como Donald Trump,
presidente dos Estados Unidos; Rodrigo Duterte, líder das Filipinas, e o
esquerdista López Obrador, eleito presidente do México em julho. De acordo com
o texto, a vitória de Bolsonaro seria uma "adição
particularmente desagradável ao clube (populistas)".
Em agosto, Bolsonaro já havia sido criticado
em editorial da "Economist", que avaliou um possível governo do
capitão da reserva como "desastroso"
para o Brasil. Desta vez, a revista afirma que Bolsonaro é uma
"ameaça" para toda a América Latina e diz que o presidenciável tem "uma preocupante admiração por
ditaduras".
Em sua análise, a "Economist"
lembra o elogio de Bolsonaro ao coronel Brilhante Ustra - ex-chefe do DOI-Codi
na ditadura militar e acusado de envolvimento com tortura - em seu voto pelo
impeachment da presidente Dilma Rousseff. A publicação também faz referência ao
general Hamilton Mourão, vice na chapa de Bolsonaro, e o acusa de mostrar
simpatia à ideia de uma intervenção militar.
"Os
brasileiros têm um fatalismo para se referir à corrupção, resumido na frase
'rouba, mas faz'. Eles não devem se render a Bolsonaro, cujo ditado poderia ser
'eles torturaram, mas fizeram'. A América Latina tem toda sorte de opressores,
a maioria deles horríveis. Para ter uma evidência recente, olhem para os
desastres na Venezuela e na Nicarágua", diz a revista.
A "Economist" pondera que Bolsonaro
teria dificuldades para "converter
seu populismo numa ditadura ao estilo Pinochet", em referência ao
governo militar que comandou o Chile nas décadas de 70 e 80. Mas a revista
argumenta que a vitória de Bolsonaro pode "degradar ainda mais" o
sistema político brasileiro, "pavimentando o caminho para alguém
ainda pior".
"A
democracia brasileira ainda é jovem. Até um flerte com o autoritarismo é
preocupante. (...) Os brasileiros deveriam perceber que a tarefa de curar sua
democracia e reformar sua economia não será fácil nem rápida",
alerta a "Economist".
0 comentários:
Postar um comentário