
Quem achou que tendo se portado, desde os
primórdios, como um correligionário exemplar e assim trabalhou, trabalhou, ate
que olhos nus por todos os logradouros e arrabaldes o vissem induvidosamente
como o consenso e se apesar disso, não conta mais com a simpatia do dono do
partido, então desça para Vereador, pensando agora em infernizar a campanha de
quem lhe tomou o lugar na chapa, ou então procure entender melhor que o jogo da
politica, e não é de hoje, isso vem piorando desde a redemocratização, se joga
sem regras preexistentes sob o casuísmo sem logica nas leis e, acima de tudo,
conforme o humor e as conveniências, que não são poucas, dos donos dos
partidos.
A cada dia há menos espaço para as pessoas
serias.
Dá pena ver jovens empanturrados de álcool,
ou se asfixiando com maconha, compondo gangues no serviço da provocação e da
intimidação aos que, nas reuniões partidárias, ousam cobrar dos seus chefões
algo como, por exemplo, democracia interna. Não precisa. Tudo transcorre,
muitas vezes nem transcorre, conforme a vontade dos donos dos partidos e os
livros de atas já chegam com as atas prontas e mais algum espaço para a
conveniência que rolar. Não há mais aquele cidadão que em respeitoso silencio a
tudo assistia e na ultima linha da página da ata apunha a sua assinatura como
Observador da Justiça Eleitoral. A Constituinte acabou com isso. Os partidos
deixaram de ser pessoa jurídica de direito publico para ser pessoa jurídica de
direito privado. Pequenas empresas, muitas até familiares, para grandes
negócios.
Mas imaginando que além do consenso
conseguistes também sobrepairar sobre as mazelas todas, inclusive vencendo a
tua solidão porque conseguindo por outras razões, e elas podem ser tantas,
atrair outros donos de partidos sem nomes consensuais para o desfile das mesmas
variedades, o que levou o chefão da tua legenda a ter que te engolir por
inteiro (remember to Zagalo), agora admitindo que as urnas terão o teu nome,
numero e retrato como alternativa, vai logo te preparando para o ritual da
campanha.
Falando apenas a verdade, dizendo tudo o que
pensas, sem travos nas palavras, de forma cordial, mas direta, recusando ajudas
que depois, mesmo que não sejas eleito, resultarão em uma conta - corrente
infinda. Sempre há um agiota na praça querendo apostar num possível vencedor. O
ganho maior será dele? A perda maior será do candidato? O prejuízo maior será
da população. Esses financiadores, em caso de eleição, só querem as Secretarias
da Saúde e a da Educação, exatamente as que recebem o dinheiro garantido
repassado mensalmente por vinculação constitucional.
Sendo tu a pessoa capacitada, honesta e mui
querida conforme o olhar geral, decerto que terás dificuldades para te assumires
na personagem do candidato convencional. A certa altura, na metade do tempo de
campanha, tu serás assaltado toda noite por preocupações espraiadas sobre teu
sono levadas por um espirito chamado espirito público a te lembrar de valores
como decência, ética, honestidade, trabalho, humildade, clemencia, tolerância,
justiça paz.
Só de pensares que na hipótese de seres
eleito, terás à porta da tua casa em todas as horas cobranças por dividas das
quais não tinhas a mínima noção porque decorrentes dessa desorganização da
nossa sociedade, felizmente, ainda democrática, apesar dos extremistas da
direita e os da esquerda, e ainda apesar dessa ficção chamada Federação e desse
Estado brasileiro quase em frangalhos a depender de corajosas e profundas reformas
institucionais perderás o sono diante da certeza de que assumirás para um
mandato de absoluta contenção de despesas, com pagamentos de juros e tal. Não
poderás nomear nenhum funcionário. Nem mesmo por concurso. O clientelismo
politico te odiará. Quem ficar sem o seu mensalinho quererá te cassar.
A dívida de todos os Municípios só
com o Tesouro e bancos públicos é de 50 bilhões. A dívida dos Estados
e Municípios com a União é de mais de 500 bilhões. Enfim,
a dívida pública cresce em media 2 bilhões de reais por dia. O que fazer?
Tomar mais empréstimos? Aumentar impostos e taxas municipais? Never.
0 comentários:
Postar um comentário